Dia 03 de junho
FESTA
DA SANTÍSSIMA TRINDADE
Introdução
Então aquela aluna da oitava série perguntou. Como isso é
possível? Um Deus em três pessoas?
Pode sim, minha jovem! Sabe por que? Porque para Deus nada,
absolutamente nada é impossível. O dogma
da Santíssima Trindade é um mistério. O maior mistério de nossa fé. Ele existe
para que a nossa fé seja testada, como Deus testou a fé de Abraão, exigindo o
seu filho amado em sacrifício na fogueira. Se não aceito este mistério, não
posso dizer que creio e Deus Pai todo poderosos criador do Céu e da Terra, do
Universo, de todas as coisas visíveis e invisíveis.
A festa da Santíssima Trindade que celebramos neste domingo, não
tem como pretensão principal, decifrar este mistério da nossa fé. O mistério de
um Deus ao mesmo tempo uno e trino. Isso certamente não cabe nas cabeças dos
cientistas, e dos descrentes, aqueles que vivem buscando um argumento, uma
desculpa para combater e derrubar os mistérios defendidos pela Igreja de Jesus
Cristo. A solenidade de hoje é um convite para se contemplar o amor do Pai, do
Filho e do Espírito Santo, essa família, essa comunidade santa, que criou o
universo e o ser humano, e idealizou para ele um plano de salvação.
Caríssimos. O dogma da Santíssima Trindade é o centro da nossa
fé. Não se admite um cristão que duvide desse mistério, assim como duvidar do
mistério da transformação do pão e do vinho em o corpo e sangue de Cristo. Ou
você acredita, ou não acredita. Ou você é
por mim, ou contra mim. Disse Jesus.
Jesus ao enviar o discípulos ao mundo para anunciar o Evangelho
e batizar os pagãos, mandou que fizessem isso
em nome do Pai, do Filho e Espírito Santo. E nós quando fazemos o sinal
da cruz, estamos invocando a presença da Santíssima Trindade. Estamos entrando em sintonia com esse Deus
uno e ao mesmo tempo trino.
Começamos a santa missa com a saudação inicial: “A graça de
Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus-Pai e a comunhão do Espírito Santo
estejam convosco”. E unidos em assembléia, pedimos ou respondemos: Bendito seja
Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
Resta-nos agora entender quem é um e quem é o
outro...
O PAI é aquele que é todo poderoso, e
que criou tudo o que existe... E como Ele amou tudo que criou, enviou ao mundo
seu próprio Filho para nos salvar.
O FILHO é um pedaço do Pai, aquele que
veio ao mundo, foi Ele que
realizou essa obra de salvação, ensinando-nos o que deveríamos e o que
não deveríamos fazer para ter uma vida terrena tranqüila, e merecer um dia a
vida eterna;
O ESPÍRITO SANTO, é aquele que
foi prometido por Jesus Cristo aos apóstolos, para iluminá-los, encorajá-los,
transformá-los de medrosos aos gigantes iniciadores da Igreja humana. É Ele que nos dá coragem, sabedoria, para
evangelizar, e nos defende nos momentos
de perseguições, e também diante do Pai.
Irmãos. Jesus nos mostrou um Deus que salva. (Jo 3,16-18). Deus não é um
ser solitário e mudo, fechado num eterno silêncio, mas Deus é uma comunidade
santíssima em perfeita harmonia com o
Filho e o Espírito Santo.
- "Deus amou
de tal forma o mundo que lhe deu o seu Filho unigênito para que todos que
crerem nele sejam salvos.”
- "Deus não o
enviou ao mundo para julgar, mas para salvar".
Porém, aqueles que
não crêem nos mistérios de Deus, cuidado! Busquem a fé, pela oração, pela ajuda
dos sacerdotes, pois...
- "Quem não
crê, já está condenado".
Amém, Sal
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03 de Junho -
Festa da Santíssima Trindade
Diac. José da Cruz
Evangelho
Mateus 28, 16 - 20
"TRINDADE,
NOSSA FAMÍLIA."
Chacrinha,
o velho Guerreiro dos anos 70/80, revolucionou a TV com a sua comunicação
irreverente nos programas de auditório ao vivo, foi um grande comunicador e há
até uma frase sua que marcou o público “eu não vim para explicar, vim para
confundir”. Há muita gente que pensa que Deus quis nos confundir ao revelar-se
um Deus Trino, uma verdade ilógica, uma aberração matemática, segundo o
raciocínio humano, pois 1 nunca será igual a 3, entretanto, é o contrário do
que dizem, porque o homem jamais teria condições de penetrar no mistério de
Deus e as leituras desse domingo, da Festa da Santíssima Trindade, mostra-nos
como Deus se revela, permitindo ao homem contemplar toda a beleza desse amor.
Então
penso que o maior e verdadeiro comunicador de todos os tempos é o Espírito
Santo, chamado por Jesus neste evangelho, de Espírito de Verdade, que nos
comunica não só quem é Deus, mas também quem somos, pois o mistério da vida do
homem está em Deus Criador e fora dele, ou sem ele, não haverá compreensão que
dê algum sentido ao ser humano, na sua caminhada terrena.
A
pedagogia de Deus é perfeita, sem queimar nenhuma etapa, respeitando os limites
do homem na sua dificuldade de compreender, ele se revela aos poucos, na medida
em que o homem amadurece em sua fé, é, portanto, uma revelação pessoal, pois um
comunicador de massa nos moldes que a mídia nos coloca, não sabe na verdade
quem são as pessoas com quem se comunicam, seu jeito de ser, suas dores e
angústias, suas dificuldades, além do que, nem sempre o que a mídia nos comunica
é verdadeiro, aliás, na maioria das vezes são “verdades” inventadas para se
vender uma idéia, um conceito ou um produto. Mas Deus nos dá um tratamento
personalizado, pois o Espírito Santo nos conduz à Verdade que é ele próprio.
O homem
é muito especial, estando sempre no centro do projeto de Deus, basta ver a obra
da criação em seus detalhes, feita com grande sabedoria, tudo foi preparado
para que o homem fosse feliz, a sabedoria aqui mencionada em Provérbios, é como
o amor de uma mãe que prepara com todo carinho o enxoval e o quarto onde o seu
filho irá viver após o nascimento, amor que acolhe e que se alegra em ficar
junto e a sabedoria de Deus tinha prazer de ficar junto com os filhos dos
homens, o belo e perfeito, se apaixonando pelo feio e imperfeito. Nenhum Deus é
assim, só o Pai de Jesus! O nosso Deus nunca foi um enigma que desafia os
homens a decifrá-lo, ao contrário, torna-se acessível em Jesus Cristo, no qual
pela fé somos justificados, isso não significa que alcançaremos à salvação de maneira
passiva, pois a segunda leitura da carta de Paulo aos Romanos, nos propõe o
desafio de testemunharmos nossa esperança, que é Jesus Cristo, em meio às
tribulações deste mundo.
As
palavras de Jesus aos discípulos são consoladoras nesse sentido, porque na
verdade eles estão tomados pela tristeza, por causa da idéia de que o senhor
irá deixá-los, não havia se dado conta de que a volta de Jesus ao Pai, iria
perpetuar a sua presença junto a eles, através do Espírito Santo. Os pecados e
as misérias humanas não conseguem impedir essa comunicação de Deus aos homens,
aberta a partir de Jesus Cristo, poderia se dizer que o emissor se comunica
perfeitamente bem, mesmo que o receptor não seja muito eficiente, pois Deus
nunca desiste do homem e o seu amor é eterno, comprovado em Jesus Cristo, ápice
da revelação desse amor, que nos insere na vida de Deus através da comunhão.
Celebrar
a Santíssima Trindade não é celebrar um mistério insondável, mas é sentir uma
grande alegria, ao saber o quanto Deus nos ama, e se desdobra para nos alcançar
e nos manter sempre junto a si. Uma Galinha que abre suas asas para proteger e
abrigar os pintinhos, uma Águia que carrega sobre as asas seus filhotes para
que apreendam a voar, são alegorias que aparecem na Bíblia e que facilitam à
nossa compreensão a respeito de Deus. Enfim, embora não merecedores, somos
todos membros desta Família Do PAI, do FILHO e do ESPÍRITO SANTO. (Festa da
Santíssima Trindade)
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DOMINGO DIA 03/06/2012
Mt 28,16-20
Batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Hoje nós celebramos, com alegria, a solenidade da Santíssima Trindade.
Com ela termina o Tempo Pascal e começa o Tempo Comum. Na Páscoa, a luz venceu
as trevas, a paz venceu a violência, o bem venceu o mal, a verdade venceu a
mentira, o amor venceu o ódio e a vida venceu a morte. No Tempo Comum, a nossa
missão é ser portadores da Luz, levando-a ao mundo, mesmo sabendo que as trevas
perseguem a luz.
O Evangelho narra as últimas palavras de Jesus aos discípulos, antes de
subir para o céu: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos”. A nossa missão
é continuar o trabalho de Jesus na terra. “Irmãos, tende em vós o mesmo
sentimento de Cristo Jesus... Ele despojou-se, assumindo a forma de escravo...”
(Fl 2,5.7). Tudo isso para nos salvar.
“Batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” É em nome de
SS. Trindade que fomos batizados. Ela é o maior mistério que temos. Deus não é
uma pessoa só, mas é uma família: O Pai, o Filho e o Espírito Santo; família
ligada pelo amor, não pela uniformidade. É um mistério de inclusão. Na Trindade
não há exclusões. Isso transparece na natureza criada por Deus, na relação de
uma obra com a outra, que nós chamamos de ecossistema. Tudo tem valor, tudo tem
sentido, unidade na diversidade. Transparece especialmente na pessoa humana,
imagem de Deus. A nossa missão é recuperar esse plano de Deus em nós e na
criação.
Havia, certa vez, um casal de namorados que se amava loucamente. Só que
ele tinha um probleminha: chulé. Quando tirava os sapatos, ninguém agüentava
ficar perto. Por isso, antes de se encontrar com ela, lavava os pés com soda
cáustica. Ela, por sua vez, tinha também um probleminha: mau hálito. Quando
respirava no quarto, até as baratas caíam das paredes. Antes de se encontrar
com ele, ela escovava os dentes com creolina e tomava meio vidro de perfume.
Assim, conseguiram levar o namoro.
Casaram-se e foram para a lua de mel. No outro dia cedo, ele acordou e
logo se lembrou do problema. Sentiu que as meias não estavam nos seus pés.
Virou-se para ela e perguntou: “Bem, você viu minhas meias?” Ela acordou e
disse, bem na direção do nariz dele: “O quê?” Ele disse na hora: “Você engoliu
minhas meias!”
É isso que dá não ter diálogo aberto no namoro. O namoro deve caminhar
para a vida em família, a qual é uma imagem da SS. Trindade, até nos nomes:
pai, filho e a mãe que une todos no amor, e por isso representa o Espírito
Santo.
Que Maria Santíssima, a Filha de Deus Pai, a Mãe de Deus Filho e a
esposa de Deus Espírito Santo, nos ajude a amar mais a Deus e a imitar, em
nossos relacionamos com as pessoas, a SS. Trindade.
Batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Padre Queiroz
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Mt 28,16-20
"Onde nós estivermos não
podemos esquecer de que Jesus espera de nós o cumprimento da Sua Palavra."
– Maria Regina
Ide e fazei discípulos
meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!” Esta é também a nossa
missão, HOJE!
É a missão mais sublime da nossa existência e também a nossa obrigação diante
da Palavra de Deus. “Toda autoridade me foi dada no céu e sobre a terra.” Se
prestássemos mais atenção nas palavras de Jesus, nós não colocaríamos nenhuma
outra missão em primeiro lugar na nossa vida.
Nem o
trabalho, nem a família, nem o lazer deveriam ter primazia na nossa vida se
realmente nós estivéssemos sob a autoridade de Jesus, o Senhor do céu e da
terra. Conscientes disso, nós precisamos repensar a nossa vida para que não
sejamos devedores ante a Palavra de Deus! O próprio Jesus nos diz em João 12,
47.48b: ”Se alguém ouvir as minhas palavras e não as observar, eu não o julgo,
porque eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo … a palavra que eu
falei o julgará no último dia” Às vezes, nós condicionamos a Palavra de Deus de
acordo com os nossos próprios interesses e nos esquecemos de que estamos em
débito com o mandato de Jesus.
Para
nós, criaturas vulneráveis e inconstantes, é sempre muito difícil conciliar as
nossas obrigações humanas vivenciais com a Palavra de Deus, no entanto, o mesmo
Jesus nos garante: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do
mundo”. A certeza de que Ele está conosco todos os dias até o fim do mundo,
isto é, enquanto estivermos aqui na terra, nos dá a motivação e a força para
sermos fiéis às Suas ordens. Por onde nós andarmos e onde nós estivermos não
podemos esquecer de que Jesus espera de nós o cumprimento da Sua Palavra.
Fazer discípulo de
Jesus é levar as pessoas a imitá-Lo; é dar testemunho da Sua ação salvífica; é
exalar no mundo o perfume do amor de Deus que se expressa no coração daquele que é batizado em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
É expressar com a vida os ensinamentos do Mestre que veio ao mundo revelar aos
homens o plano de amor do Pai que o ressuscitou dos mortos.
Porém, foi pelo
Seu próprio poder que Jesus subiu aos céus onde está sentado à direita do Pai,
participando da glória e nos inserindo também com Ele no mistério da Sua
Igreja. Reflita – Você tem cumprido com o mandato de Jesus? – Você tem
evangelizado a sua família dentro da sua casa? – Você tem dado testemunho de
verdadeiro cristão ? – Há alguma diferença entre o seu comportamento dentro da
Igreja e fora dela? – Você é coerente nas suas atitudes?
amém
abraço carinhoso
Maria Regina
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Evangelhos Dominicais
Comentados
03/junho/2012 - Santíssima Trindade
Evangelho: (Mt 28, 16-20)
Hoje, de modo especial,
comemoramos o Nosso Deus Uno e Trino. Celebramos a grande festa da Santíssima
Trindade. Vamos irradiar a felicidade que este dia nos traz, mostrando ao mundo
a alegria de ser batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
O texto de hoje apresenta
o último trecho do evangelho de Mateus. Jesus, a única autoridade entre Deus e
os homens, dá aos discípulos esta ordem: "Vão e façam com que todos os
povos se tornem meus discípulos".
Veja se você consegue
entender: os discípulos foram ao local combinado; eles viram Jesus,
ajoelharam-se diante dele e, mesmo assim, alguns duvidaram. Como demoraram para
entender... como nós também demoramos para perceber a presença de Jesus nos
intimando a dar continuidade à sua obra.
"Eis que estarei com
vocês todos os dias, até o fim do mundo". Estas palavras devem nos
estimular, devem servir de alavanca para nos levar a assumir a evangelização.
Assumir a nossa herança batismal de levar aos povos a Boa Nova da presença de
Deus entre nós.
Jesus continua presente
entre nós, presente em nossos lares e na comunidade. É uma presença invisível,
mas real, concreta. Jesus está presente na sua Palavra e na Eucaristia.
Jesus está sempre presente
em nossas vidas, no nosso trabalho, em nossos momentos de oração, nos momentos
felizes e, principalmente, nas horas de angústia. Sempre ao nosso lado, assim
ele prometeu, assim ele cumpre.
Jesus é uma presença
constante, está sempre ao lado de sua Igreja. É importante lembrar que Jesus
está presente no nosso próximo. Presente, sobretudo, naqueles que sofrem. Sua
presença é marcante nos pobres, nos humildes e nos pequenos. Quem quer de fato
encontrar Jesus, deve procurá-lo entre os fracos e pequeninos.
“Ele está no meio de nós!”
Com muita convicção recitamos estas palavras nas nossas celebrações. Jesus
continua presente em nossa vida, na história e nos acontecimentos do nosso
dia-a-dia. O Senhor da história e da vida deixou-nos a missão de anunciar aos
povos a boa nova da salvação, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo.
O Sacramento do Batismo
nos incorpora à Cristo e à sua Igreja. O batismo nos confere a missão de
propagar o evangelho e testemunhar o amor do Pai que está manifestado em Seu Filho Jesus.
É o Espírito Santo quem
nos sustenta nessa missão, é quem nos dá forças, esperança e alegria. Com muita
fibra, com perseverança, vamos viver e ensinar ao mundo tudo aquilo que Jesus
ordenou. O mundo precisa aprender a praticar a justiça e a caridade em favor
dos pobres e marginalizados. O mundo precisa de amor.
(1285)
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“A
Santíssima Trindade” - Claudinei M Oliveira.
Domingo, 03 de Junho de 2012.
Evangelho: Mt 28,16-20
Neste domingo Santo do Senhor elevemos nossos corações para o alto a fim
de festejarmos a Santíssima Trindade. Nós, como cristãos a celebramos
confiantes os ensinamentos da Igreja que possui a plenitude das verdades
reveladas por Cristo. Este dogma da fé estabelecido perdura a essência de um só
Deus em Três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. É um mistério de
difícil interpretação,impossível, de ser assimilado pelas limitações
humanas, mas ao calor da fé e da animação do Espírito Santo, desobscurece as
dúvidas para aplainar o mistério divino. Nós fazemos parte da criação divina e
por ela somos vivificados na essência do Deus Poderosos, entretanto, somente a
crença nos liga na esfera maior junto ao Pai Celestial que encerra em Si a
graça e a benevolência do Filho e do Espírito Santo.
Todavia, o
teólogo medieval e doutor da Igreja, Santo Agostinho, tentou compreender
este inexprimível mistério. Certa vez, passeava ele pela praia, completamente
compenetrado, pediu a Deus luz para que pudesse desvendar o enigma. Até que se
deparou com uma criança brincando na areia. Fazia ela um trajeto curto, mas
repetitivo. Corria com um copo na mão até um pequeno buraco feito na areia, e
ali despejava a água do mar; continuamente voltava, enchia o copo e o despejava
novamente. Curioso, perguntou à criança o que ela pretendia fazer. A criança
lhe disse que queria colocar toda a água do mar dentro daquele buraquinho. Note
que o Santo lhe explicou ser impossível realizar esta tarefa. Aí a criança lhe
disse: “É muito mais fácil o oceano todo ser transferido para este buraco, do
que compreender-se o mistério da Santíssima Trindade”. E a criança, que era um
anjo, desapareceu... Então o Nobre Santo concluiu que a mente humana é extremante limitada para poder assimilar a dimensão de
Deus e, por mais que se esforce, jamais poderá entender esta grandeza por suas
próprias forças ou por seu raciocínio. Só o compreenderemos plenamente, na
eternidade, quando nos encontrarmos no céu com o Pai, o Filho e o Espírito
Santo.
Diante desta situação devemo-nos alegrar por mensurar
no feitio da Criação. Estamos neste mundo corroído pelo poder e pelo pecado,
mas teremos a certeza de que somos parte integrante deste Deus maravilhoso.
Tanto que Moisés exaltou ao Senhor pelas graças recebidas e pelas
benevolências concedidas ao povo desde a criação. Em nenhum momento o Senhor
abandonou suas criaturas ou fez escolha dentre grupos, o Senhor colocou toda a
sua graça para atender aos pedidos e sanar as dificuldades inseridas no seio do
povo, como aconteceu com os escravos do Egito ao abrir o mar vermelho para a
busca da terra prometida. O Senhor Deus almeja aos seus
descendentes a libertação, para isso encorajou muitos cristãos compromissados a
levar a luta avante. Para que a libertação acontecesse seria necessário abrir
mãos de muitas coisas mundanas e algumas pessoas são modelos a serem
seguidas. Veja o exemplo de Moisés: jovem criado numa família rica e tinha de tudo
para ser um explorador do trabalho alheio, mas sentiu chamado a ser exemplo e
guia de um povo sofredor. Aceitou o convite, abraçou a causa e lutou pela
liberdade de uma legião de explorada. Claro que passou por sérias dificuldades, escutou lamentos de muitos desolados, sentiu na
pela a humilhação. Contudo, assegurou no Senhor e acreditou que fazia parte deste Reino ou mistério que seria estabelecido
com tenacidade e vigor, não esmoreceu e ajudou a rumar nova vida para seu povo.
Isto denota para nós a crença de Moisés na pessoa Santa do Senhor.
Colocou em si a vontade e o desejo de unir a solicitude do povo com o chamado
de Deus na intenção de completar um ciclo de paz, prosperidade e bem-fazer.
Moisés marcou a presença espiritual de nosso Senhor quando emanou junto com os
desalojados para um lugar distante, mas que poderia render frutos do amor.
Como o salmista canta com voracidade no perfil de ser atendido por
acreditar que o Senhor é forte e poderoso, clama pela sua guarda: “reta é a palavra do Senhor, e tudo o que Ele faz merece fé. Deus ama o
direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça” (sal. 32). Hoje também devemos cantar ao Senhor pela sua coragem de enviar seu
Filho para ser condenado pelo mundo por não ouvir suas palavras na construção
de um Novo Reino. O Senhor que ama a justiça e o direito ainda continua
presente procurando intensificar na consciência de cada um o dom do amor, da
fraternidade, da caridade e igualdade. Este Deus que cremos continua vivo em
nosso meio em todas as instâncias, seja na família, no trabalho, no grupo, na
comunidade, ou seja, ele esta presente onde quer que ousem olhar. Mas,
para tanto, precisamos do Espírito Santo para ajudar a interpretar os sinais de
sua presença. Quantas vezes, através de um convite ou de algo inesperado no
dia-a-dia, Deus nos chamou para o serviço na messe, mas por descuido ou por
despreparo, não certificamos do seu chamado! Olha que a Santíssima Trindade é
uma linda família que não cansa de nós procurar.
Ainda na crença da divindade na Carta de São Paulo aos Romanos, Paulo
aplica a máxima aos cristãos ao afirmar que “todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos
de Deus”. Esta afirmação foi para chamar atenção dos romanos que ainda estavam
presos aos ideais dos imperadores. Paulo quer dizer que somente há um Deus e um
Pai que merece atenção, mas para fazer parte deste Deus é preciso deixar ser
conduzido pelo Espírito Santo, isto é, o cristão deve acreditar na Santa
Família de Deus para estar perto da sua graça. Podemos ir um pouco mais longe,
não somente deixar ser levando pelo Espírito Santo, mas vivê-lo na intensidade,
mensurar na totalidade e praticar a justiça. Ou seja, o cristão deve ser um
agente de transformação que não se acomoda com as práticas levianas e soberbas
do mundo, mas reage com vigor a partir da denúncia e da tomada de postura.
Vamos encontra está força motivadora no Santo Evangelho. Quando Jesus
dirigiu para os discípulos e disse: “ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai
e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo que o que vos
ordenei!”, está enviando aqueles que aceitaram a mística da Trindade para a missão.
Entretanto, qual o sentido do batismo? Por que os discípulos devem continuar o
batismo para anunciar a Boa Nova? Sabemos que ao ser batizado passa a fazer parte da família feliz da
Trindade. O batismo é a porta de entrada dos demais sacramentos e sela o
compromisso do Cristão com o Criador. Ao ser batizado o cristão passa e ser
protegido pelo Espírito Santo de Deus e portanto, no batismo, a Igreja reunida celebra essa experiência de sermos
dependentes, filhos de Deus e participamos da vida de Cristo. Jesus Cristo é o grande sinal de
que Deus cuida de nós.
Enfim, caros irmãos e irmãos em Cristo ressuscitado, somos filhos de
Deus e temos a cumplicidade da criação, pois somos filhos do Criador. Devemos
ser participantes ativos das boas ações para aumentar o limbo no amor do Pai.
Assumamos o compromisso de missionário a partir do batismo e façamos crescer em
nós o desejo ardente de fazer parte da Santíssima Trindade. Amém.
Claudinei M. Oliveira.
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Dia 03 Junho de 2012
Evangelho de Mt 28,16-20
No mesmo Espírito da quinta-feira Santa, dia em que
Jesus instituiu Eucaristia, nós nos reunimos, em
comunidade, para celebrarmos o mistério Pascal de Jesus.
É a festa do amor, quando a Igreja nos convida a contemplar o
mistério da Santíssima Trindade! Mistério este, que jamais será
desvendado, pois o mistério da Santíssima Trindade é insondável, continuará
sendo sempre um mistério.
O momento nos leva a refletir com mais intensidade sobre a
imensidão do amor de Deus!
O nosso Deus é puro amor, para relacionar-se conosco, quis se
fazer família!
Como Pai, Ele nos criou, como Filho, nos resgatou e no seu
Espírito, nos santifica.
Como resposta a este amor sem medida, comunguemos neste mistério de
amor, que é o próprio Deus!
Professar a nossa fé na Santíssima Trindade, não significa
somente reconhecê-la, mas tomá-la como modelo para nossa vida pessoal e
comunitária.
Viver a vida trinitária é fazer a mesma trajetória de Jesus,
priorizando sempre os valores do Reino.
Quando traçamos sobre nós, o sinal da cruz, invocamos a presença da
Santíssima Trindade, mas sem meditar a profundidade destas
palavras, não absorvemos a intensidade deste mistério.
Aproximemo-nos um pouco mais do mistério do amor do Pai do Filho e
do Espírito Santo, e façamos parte desta família de amor!
O evangelho deste domingo narra o encontro de Jesus com os
discípulos na Galiléia, local escolhido por Ele, logo após a sua ressurreição.
Podemos nos perguntar: porque Jesus indicou aquele local para o
encontro com os discípulos e não em Jerusalém? Certamente, por ser ali, o local
onde tudo começou, onde Ele iniciou a sua trajetória rumo a Jerusalém, trajetória
que tinha como único objetivo: colocar em ação o Plano de Deus:implantar o
seu Reino aqui na terra, o que lhe custou a própria vida.
Galiléia era o lugar do testemunho, ali, muitos testemunharam as
obras realizadas por Jesus e acreditaram Nele. Jesus sabia que
estes, que acreditaram Nele, tornariam também seus seguidores, somando ao
grupo dos discípulos, fazendo crescer aquela pequena comunidade, que
tinha o compromisso de dar continuidade, a missão iniciada por Jesus,
fazer acontecer aqui na terra, o Reino de Deus.
Movidos pelo Espírito Santo, muitos se fizeram discípulos de Jesus,
refazendo a sua mesma trajetória.
Hoje também, Jesus marca um encontro com cada um de nós, não
precisamente na Galiléia, mas dentro do nosso próprio coração, é a partir deste
encontro que nos tornamos seus discípulos, na certeza de que nunca
estaremos sós, pois Ele Próprio nos garante: Eis que estarei convosco todos os
dias, até o fim dos tempos”.
Como Discípulos de Jesus, batizados na Trindade Santa, temos a missão
de levar a boa nova da salvação a todos os povos. Como portadores e
anunciadores desta boa notícia, não podemos deixar que nenhum de nossos irmãos,
sejam privados da alegria de fazer parte da família amorosa de Deus.
Batizados na trindade Santa nos tornamos responsáveis pela
continuidade do projeto de Deus a se realizar no mundo, projeto que tem como
prioridade, a felicidade do homem!
Nenhum de nossos irmãos poderá ficar sem conhecer
a verdade do Pai, revelada em Jesus!
O Sacramento do Batismo nos incorpora a Cristo e a sua Igreja.
O batismo legitima a nossa missão de propagadores do
evangelho.
FIQUE NA PAZ DE JESUS - Olívia
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O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO – O AMANTE, O AMADO E O AMOR
Pe. Erivaldo
Gomes de Almeida
Eri_gomesseminarista@yahoo.com.br
Neste domingo 03 de junho a liturgia nos oferece uma oportunidade
ímpar de celebrar o maior mistério de nossa fé: o mistério da Santíssima
Trindade. Um Deus em três pessoas. Mistério não é para ser colocado na cabeça,
mas para ser contemplado.
Santo Agostinho, tentou compreender este inexprimível mistério.
Certa vez, passeava ele pela praia, completamente compenetrado, pediu a Deus
luz para que pudesse desvendar o enigma. Até que se deparou com uma criança
brincando na areia. Fazia ela um trajeto curto, mas repetitivo. Corria com um
copo na mão até um pequeno buraco feito na areia, e ali despejava a água do
mar; continuamente voltava, enchia o copo e o despejava novamente. Curioso,
perguntou à criança o que ela pretendia fazer. A criança lhe disse que queria
colocar toda a água do mar dentro daquele buraquinho. Note que o Santo lhe
explicou ser impossível realizar esta tarefa. Aí a criança lhe disse: “É muito
mais fácil o oceano todo ser transferido para este buraco, do que
compreender-se o mistério da Santíssima Trindade”. E a criança, que era um
anjo, desapareceu... Então o Nobre Santo concluiu que a mente humana é
extremante limitada para poder assimilar a dimensão de Deus e, por mais que se
esforce, jamais poderá entender esta grandeza por suas próprias forças ou por seu
raciocínio. Só o compreenderemos plenamente, na eternidade, quando nos
encontrarmos no céu com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Resta-nos agora entender quem é um e quem é o outro para podermos,
pelo menos de longe, contemplar a beleza do Deus Uno e Trino.
·
O PAI: não foi criado por ninguém nem gerado. É aquele que é todo
poderoso, e que criou tudo o que existe... E como Ele amou tudo que criou,
enviou ao mundo seu próprio Filho para nos salvar.
·
O FILHO: é filho só do Pai, não foi criado por ninguém, mas gerado.
É o enviado do Pai, aquele que veio ao mundo, foi Ele que realizou essa
obra de salvação, ensinando-nos o que deveríamos e o que não deveríamos fazer
para ter uma vida terrena tranqüila, e merecer um dia a vida eterna;
·
O ESPÍRITO SANTO: não foi criado por ninguém, é do Pai e do Filho,
procede de um e de outro. É aquele que foi prometido por Jesus Cristo aos
apóstolos, para iluminá-los, encorajá-los, transformá-los de medrosos aos
gigantes iniciadores da Igreja humana. É Ele que nos dá coragem, sabedoria,
para evangelizar, e nos defende nos momentos de perseguições, e também diante
do Pai.
A criação é obra da trindade:
·
Gn 1,2: O Espírito de Deus pairava sobre as águas. Aqui está um
indício de que a Trindade sempre existiu.
No AT Deus fala de si no plural:
·
Gn 1,26: façamos o homem à
nossa imagem e semelhança
·
Gn 3,22: se tornou como um de
nós.
·
Gn 11,7: desçamos e
confundamos sua língua.
É no Novo Testamento que a Trindade é revelada plenamente, porém no
AT temos um texto que antecipa esta revelação:
·
Is 48,16 “Agora o Senhor Deus
(PAI) me enviou a mim (FILHO) com seu espírito(Espírito Santo)”.
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Lc 1,35: “O Espírito Santo
(ESPIRÍTO SANTO) virá sobre você e a força do Altíssimo (PAI) a cobrirá com sua
sombra. Por isso o Filho (JESUS CRISTO) que vai nascer de você será chamado
Filho de Deus”.
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Jo 14,16: “E eu (O FILHO)
rogarei ao PAI e ele vos dará outro Consolador (ESPÍRITO SANTO) para que fique
convosco para sempre.
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Mt 28, 19: Ide e batizai em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
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2Cor 13,13: Que a graça de
nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo
estejam com todos vocês.
Não são três deuses, não somos politeístas. É um só Deus em três
pessoas. Um não é o outro, mas cada um é Deus por inteiro. Este é o mistério.
Somos batizados em nome da Santíssima Trindade. Em nome do Pai que nos
criou, do Filho que nos salvou e do Espírito que nos amou.
O batismo nos insere na dinâmica da Santíssima Trindade e nos
compromete com o Reino de Deus. Todo batizado tem a missão de cuidar do que
Deus criou, de lutar pela salvação da humanidade e de ser presença do amor de
Deus no mundo.
O Deus que seguimos é um Deus que é comunidade. Que mora em comunidade,
que vive em comunidade. Ensina a viver em comunidade e que nos salva em e com a
comunidade.
Caríssimos, sendo comunidade Deus nos ensina a lutar contra o
individualismo que impera hoje. Quer nos ensinar que ninguém vive só, nenhuma
das pessoas vive para si mesmo. Nós também devemos viver assim.
A Trindade é comunhão de amor onde cada um é quem é sem anular o
outro. O amor que une cada uma das pessoas também as distingue. O verdadeiro
amor não sacrifica o outro em favor de si, mas sacrifica-se em função do outro.
Ah se nossos casais entendessem isso.
A Trindade é a mais perfeita comunidade, nela todas as comunidades
e grupos humanos devem se espelhar.
Hoje ouvimos o apelo de Cristo: Ide
e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei (Mt
28,19-20). Isso não é uma opção, é uma obrigação de quem se sente amado por
Deus. Ai de mim se não evangelizar. Que este seja o nosso principal objetivo e
não outro.
O que é mesmo ser discípulo de Jesus? É somente batizar? Doto de
outra forma: será que batizar sem critério nenhum é suficiente para tornar
alguém discípulo de Jesus? O discípulo de Jesus é aquele que observa tudo o que
ele ordenou. O discípulo não é aquele que aprende uma doutrina, mas um modo de
vida.
A Trindade é puro amor e por isso é missionária. Deus não ficou
fechado em si, veio ao encontro da humanidade comunicar seu amor. Quanto mais
intenso é o amor, mais forte será o impulso missionário em nosso coração. Vamos
lutar para crescer nesta dimensão. Lutemos para crescer na dimensão
missionária. Abramos nossas portas e saiamos em missão
Quando parecer difícil, lembremos que Ele está conosco todos os
dias até a consumação do mundo. Ele é nossa força, é Ele quem aquece nossos
corações e nos faz missionários. Jesus não nos abandonou, continua presente em
entre nós. É uma presença invisível, porém real e concreta.
Jesus está presente em nossa vida, seja nos momentos de angustia,
seja nos momentos de felicidade. Ele é presença constante, está na liturgia da
palavra e na Eucaristia. Está no outro, principalmente nos pobres, humilhados e
pequenos. O que fizerdes a um desses pequeninos
foi a mim que o fizestes (Mt 25,40).
A Trindade armou sua tenda entre nós. Sua tenda é a comunidade! É o
outro! É o pobre! Ajudai-nos Senhor a perceber a sua presença em meio a esta
cultura que tenta anular-Te. Que nos momentos de angustia e fracasso possamos o
caloroso abraço do Deus Uno e Trino. Amém!
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Terminado o tempo pascal com a solenidade de
Pentecostes, a liturgia celebra a santíssima Trindade. Após proclamar nos
santos mistérios que o Pai entregou o Filho por amor ao mundo na potência do
Espírito Santo e, no mesmo Espírito Eterno, o ressuscitou dos mortos para nossa
salvação, a Solenidade de agora é um modo que a Igreja encontra para louvar,
engrandecer e adorar na proclamação exultante, o amor sem fim da Trindade
Santa.
Estejamos atentos: por confessar a fé na Trindade,
os cristãos têm um modo absolutamente original de compreender Deus. Os judeus
sabem que Deus é um só; aquele que os arrancou da terra do Egisto, da casa da
servidão. Ouvimos falar dele na primeira leitura: Reconhece hoje e grava em teu
coração, que o Senhor é o Deus lá em cima no céu e cá embaixo na terra, e que
não há outro além dele". Os muçulmanos afirmam que não há outro Deus a não
ser o único Deus de Abraão. Neste sentido, esta é também a nossa fé. Deus é um
só, uma Essência eterna, infinita, onipotente, imutável. Deus é absolutamente
um, que não pode ser multiplicado nem dividido: ele é Amor todo inteiro,
inteiro na Beleza, inteiro na infinitude, inteiro na Onipotência e na
Onipresença. Pois bem, como os judeus e como os muçulmanos nós confessamos
firmemente que só há um Deus, absolutamente uno, Senhor do céu e da terra,
diferente e para além de tudo quanto existe, de tudo quanto possamos
compreender e imaginar.
No entanto, contemplando Jesus ressuscitado, todo
glorificado, todo divinizado na sua natureza humana por obra do Espírito de
Deus, nós proclamamos com o Novo Testamento e todas as gerações cristãs, que o
nosso Salvador, o nosso Jesus amado, é Deus bendito pelos séculos, enviado pelo
Pai, que é Deus, para nossa salvação; enviado na potência do Espírito que é
também divino e divinizante, Paráclito que não é algo de Deus, mas Alguém de
Deus, uma Pessoa, na qual o Pai ressuscitou o Filho Jesus e, habitando em nós,
dá testemunho da divindade do Pai e do Filho, enche-nos de vida divina,
guia-nos, sustenta-nos, ilumina-nos. Ouviram, amados, as palavras de são Paulo
na segunda leitura? Davam testemunho das Três divinas pessoas: do Pai que
enviando em nós o Espírito do Filho nos faz filhos no bendito e único filho
Jesus. Eis o que dizia o Apóstolo: "O próprio Espírito se une ao nosso espírito
para nos atestar que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos também
herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo"... Então, eis a nossa fé, que
transborda a humana lógica, transcende o balbuciar de nossa pobre linguagem,
ultrapassa nossos limitados e tateantes paradigmas: Deus é um só,
absolutamente. Enquanto a natureza humana, apesar de genericamente uma só, se
multiplica nos indivíduos humanos, a natureza divina é absolutamente una,
indivisível e imultiplicável, una não só genérica, mas também numericamente; e,
no entanto, essa natureza é, ao mesmo tempo e perfeitamente, Pai, Filho e Santo
Espírito. A natureza divina está todinha no Pai e, incompreensivelmente,
todinha no Filho e, ainda, todinha no Espírito Santo. A unidade em Deus é incompreensível,
absolutamente perfeita e eterna. Assim sendo, em Deus não há três vontades
iguais, mas uma só vontade; não há três poderes iguais, mas um só poder, não
três consciências iguais, mas uma só consciência. Mais uma vez: Deus é
absolutamente Um! E, no entanto, os três divinos são absolutamente diversos: só
o Pai gera, só o Filho é gerado, só o Espírito é a própria Geração; só o Pai é
o Amante, só o Filho é o Amado, só o Espírito é o Amor.
E neste amor que circula de modo eterno, perfeito e
feliz, o Pai, eterno Amante, tudo criou através do Filho, eterno Amado, na
potência do Espírito Santo, eterno Amor. E, por isso, o mundo existe, as
estrelas brilham, a vida brota e, sobretudo, nós existimos. Vimos do Pai, pelo
Filho, no Espírito; vivemos no Pai pelo Filho no Espírito; vamos para o Pai,
através do Filho no Espírito, Trindade Santa, nossa vida e plenitude eterna. É
assim que os cristãos confessam o seu Deus como eterno amor, amor vivo e
circulante que, gratuita e livremente, se derrama sobre o mundo e sobre a nossa
vida. De fato, nós conhecemos o amor de Deus e sua vida íntima porque o Pai
amou tanto o mundo, a ponto de enviar o seu Filho e, pelo Filho, derramou no
nosso coração o Espírito do Filho que, em nós, clama Abbá, Pai. Por isso,
podemos dizer que Deus é amor e, quem não ama, não conhece a Deus! E toda esta
vida divina, amados, nos é dada desde o Batismo, quando fomos mergulhados no
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; e cresce em nós a cada dia, nos
sacramentos e na vida cristã, preparando-nos para nosso destino eterno: plenos
do Espírito, sermos totalmente inseridos no Cristo e nele configurados, para
contemplar eternamente o Pai!
Eis um pouquinho, um balbuciar do mistério da
santa, consubstancial e eterna Trindade, a quem a glória e o louvor pelos
séculos dos séculos.
dom Henrique Soares da Costa
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Glória ao Pai! poder ao Filho! louvor ao dinamismo
do Espírito!
Ao celebrarmos hoje, na festa da Santíssima
Trindade, a nossa fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, recordemos,
primeiramente, o longo processo vivido pela Igreja na solidificação da fé na
Trindade. Primeiramente, vale recordar os testemunhos de santos mártires, que
morreram comprovando a fé na Trindade. Um deles ficou famoso, o de santa
Cecília, a padroeira da música, martirizada em Roma por volta do ano 230. Na
catacumba de são Calisto, em Roma, onde foram encontrados seus restos mortais
em 1599, pode-se ver a cópia de uma estátua da santa, do escultor Stefano
Maderno, que estava presente no momento da abertura do túmulo. O escultor
retratou o corte da espada no pescoço e a posição dos seus dedos: três abertos
na mão direita e um na esquerda, o que demonstrava a sua fé na Unidade e na
Trindade de Deus.
Na verdade, Tertuliano, padre da Igreja, morto em
222, foi quem usou primeiro a expressão Trindade. Para ele, Deus é três em
grau, não em condição; em forma, não em substância; em aspecto, não em poder
(Contra Praxeias, n. 2). Em 318, Ário, um presbítero de Alexandria, propôs a
tese trinitária do subordinacionismo do Verbo, Filho, ao Pai. Ário negava a
preexistência de Cristo como Deus. Em 333, o imperador Constantino mandou
queimar todos os escritos de Ário, mas a sua ideia permaneceu em seus adeptos e
foi propagada por eles à revelia da Igreja, que se tornava hegemônica. Já no
Concílio Ecumênico de Niceia, em 325, com a presença e convocação do imperador
Constantino, são estabelecidas as normas de fé para o cristianismo, em oposição
a Ário, que fora exilado. Posteriormente, surgem movimentos antinicenos. Em 350
surge outra tese trinitária, a de que o Filho (Verbo) é diferente do Pai.
Assim, em Niceia ficou estabelecido que: há um só Deus, Pai criador; um só Senhor,
Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, gerado desde a eternidade, gerado e não
criado, nascido por obra do Espírito Santo no seio da virgem Maria. Ele morreu,
ressuscitou, voltou para Deus e retornará para julgar vivos e mortos. Há o
Espírito Santo, Senhor e fonte da vida que procede do Pai; com o Filho é
adorado e glorificado. A Igreja é una, santa, católica e apostólica. Há um só
batismo que redime pecados. Os cristãos devem manter-se firmes na fé na
ressurreição dos mortos.
Mais tarde, em 381, no I Concílio de
Constantinopla, ficou definida a divindade do Espírito Santo: “Uma substância,
três pessoas”. Nesse momento, consolida-se a teologia trinitária do
cristianismo. No entanto, foi mesmo em 451, no Concílio de Calcedônia, que a
Igreja proclamou as duas naturezas na única pessoa de Cristo: “Cristo é uma
substância conosco no tocante à sua humanidade; ele é como nós em todos os
aspectos, menos no pecado; no tocante à sua divindade, ele foi gerado pelo Pai
antes dos tempos, mas mesmo assim gerado, quanto à sua humanidade, por Maria, a
Virgem, a portadora de Deus; ele é um e o mesmo Cristo, Filho, Senhor, apenas
gerado, reconhecido em duas naturezas sem confusão, sem mudança, sem divisão e
sem separação”.
Vale ressaltar ainda que, na numerologia judaica, o
número três representa o divino: firmamento, céu e Xeol – morada dos mortos. A
estrela de Davi, que aparece na bandeira de Israel, é composta de dois
triângulos equiláteros – de três partes cada um. Nos evangelhos, várias vezes
aparece o número três. Pedro nega Jesus três vezes, e Jesus lhe pergunta outras
três vezes se ele o ama; Jesus morre às três horas e ressuscita ao terceiro
dia. Diante dessas evidências, será que não poderíamos afirmar que a base da fé
cristã na Trindade tem relação direta com esse modo de pensar? Bases bíblicas é
que não faltam. É o que ouvimos nas leituras de hoje, que passamos a
comentar.
1ª leitura (Dt. 4,32-34.39-40)
Deus é Pai criador de tudo e de todos
Partindo da fé vivida por nossos irmãos judeus,
desde tempos antigos, a leitura que ouvimos do livro do Deuteronômio nos mostra
que Deus é criador de tudo e de todos. Ele escolheu Israel dentre outros povos,
falou diretamente com esse povo, libertou-o do Egito e, por fim, pediu-lhe o
cumprimento da aliança estabelecida. A Deus a glória por seu ato criador!
Nessa breve exortação, o autor de Dt estabelece o
princípio criador de Deus e sua essência, o de ser Um – isto é, não existem
outros deuses. Ele não é único, pois não está em relação a outro deus. Ele é
um, indivisível e forte. Somente a esse Deus Israel deve servir e amar. Os
profetas bíblicos se encarregaram de firmar a fé monoteísta.
A tradição cristã transmitiu a fé trinitária. E
somente assim se deve compreender o ato criador de Deus. A diferença e a
unidade de Deus em três pessoas, já no seu ato criador, revelam-se como
comunidade que cria o ser humano à sua imagem – o ser humano é como Deus – e à
sua semelhança – o ser é um vir a ser como Deus, por meio de suas
atitudes.
As primeiras palavras da Bíblia afirmam que, “no
princípio, Deuses criou” (Gn 1,1). O sujeito está no plural, e o verbo, no
singular. O ser humano, na sua singular diferença, é chamado a ser como Deus
trinitário, na comunhão e no respeito ao diferente que nos une. Israel, como sociedade
de povo escolhido, é chamado a ser imagem e semelhança de Deus, Pai e
libertador dos oprimidos. Para que isso acontecesse, bastaria uma coisa: seguir
a Torá, de modo que a fome e a injustiça não se estabelecessem no meio do
povo.
Evangelho (Mt. 28,16-20)
Jesus é o Filho Deus que pede o batismo trinitário
para seus seguidores
O término do mais judeu dos evangelhos, Mateus,
apresenta-nos a missão dos seguidores da primeira hora de Jesus: “Ir pelo mundo
afora, converter as nações e batizá-las em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo”. Jesus aparece aos onze discípulos na Galileia, conforme ele mesmo havia
prometido. O evangelho afirma que Jesus tem autoridade sobre o céu e a terra,
recordando o ato criador de Deus Pai, da primeira leitura. Além disso, Jesus
pede aos discípulos que batizem as nações em nome da Trindade. Anunciar o reino
pregado por Jesus é estar em comunhão com o Pai e o Espírito Santo. Jesus
também fora batizado no Espírito (Mt. 3,16), e ele mesmo dizia: “Quem me vê, vê
o Pai. Eu e o Pai somos um!” (Jo. 14,9-10). Ele tinha consciência de que fazia
a obra do seu Pai (Jo 10,37), por isso pede aos seus discípulos que perpetuem a
sua obra, tornando-se missionários da salvação, criando comunidades parecidas
com aquela de onde ele veio, a da Trindade, a melhor comunidade. Ao Filho, o
poder que vem de Deus! Ao batizado, expressão da fé sacramental na Trindade, o
poder e a missão de levar a salvação, o reino, a todos.
2ª leitura (Rm. 8,14-17)
O Espírito de Deus é santo e nos põe na condição de
filiação adotiva de Deus
Na experiência trinitária, Paulo nos recorda com
mestria que “todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de
Deus” (v. 14). Nós nos tornamos filhos de Deus graças ao Espírito. Recebemos um
Espírito de filhos adotivos, herdeiros de Deus e cordeiros de Cristo. O
Espírito nos torna livres, como disse Paulo. O Espírito é cheio de dinamismo e
nos impulsiona a viver na liberdade criativa da Trindade.
Pistas para reflexão
– Demonstrar à comunidade a importância de nunca
nos acomodar na glória do Pai, no poder do Filho, mas sempre nos inserir no
dinamismo do Espírito que tudo vivifica e cria. A união dos diferentes é que
nos faz cristãos.
– A Trindade tem sua essência na experiência
comunitária de solidariedade dos diferentes, no amor e na comunhão. Tudo isso
deve suscitar em nós o desejo de construir a sociedade justa e igualitária,
espelho da Trindade, a melhor comunidade.
– O Espírito Santo não pode ficar aprisionado em
instituições e comunidades que se julgam detentoras do poder divino.
padre Jacir de Freitas Faria, ofm
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Santa é a terra que pisamos
Arde dentro dos corações retos e sinceros uma
misteriosa busca de plenitude. Assim sempre nos foi dito que somos feitos
para o Infinito. O Senhor colocou em nosso interior uma “insatisfação”
tal que não pode ser satisfeita de qualquer modo. Saímos desse Deus
grande e belo, e ficou dentro de nós uma saudade da casa do Senhor.
Fechamos os olhos, percorremos os abismos de nossa interioridade, olhamos o
firmamento, as flores, o sorriso de uma criança e o olhar doce de uma anciã e
tudo isso parece apontar para um alguém do qual saímos e para o qual nos
encaminhamos.
Vamos fazendo nossas experiências. Por vezes
tudo parece vazio. Temos a impressão que esse Alguém não existe,
que tudo é imaginação e fabricação de uma humanidade ainda pouco
evoluída. De outro lado, vamos nos aproximando de outras
pessoas que foram fazendo experiências da proximidade do Senhor
e nos sentimos encorajados a continuar buscando. Por vezes estamos
muito próximos de Moisés que no alto do monte viu um arbusto que queimava
e nunca acabava de arder. Ele foi convidado
a tirar a sandália
dos pés e prostrar-se porque tocava, por assim dizer, o mistério de Deus, fogo
que arde. Quando lemos o profeta Isaías Deus nos aparece como o Santo,
sentado no trono, rodeado de serafins. Temos vontade que um serafim venha até
nós trazendo uma brasa que queimasse a impureza que há em nós. Murmuramos
ou cantamos: Santo, santo, santo. Outras vezes entramos com Elias
na caverna e temos certeza que o Senhor não estava no terremoto, nem no vento
forte, nem no fogaréu, mas na brisa suave. E temos vontade cobrir nosso
rosto.
Mas foi Jesus, esse Jesus que é sentido de nossos
dias que levantou um pouco o véu do mistério. Ele, igual ao Pai, veio do
mistério do Pai para mostrar por palavras e por gestos o amor que esse Pai
tinha pelos homens. Ele dizia que o Pai e ele eram um. Um dia
ele e o Pai depois de todos os acontecimentos de sua vida terrena haveriam de
enviar o Espírito para levar à plenitude a obra que ele havia começado a
pedido Pai. Pai, Filho e Espírito…. Como diz o Prefácio nos
dirigimos ao Pai: “Com vosso Filho único e o Espírito Santo, sois um só
Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três Pessoas num só Deus”.
Tiramos as sandálias de nossos pés porque pisamos uma terra santa….
Desde toda a eternidade, desde sempre e para
sempre, o Altíssimo, Deus é. Simplesmente é. Eternamente o
Pai gera o Verbo. Eternamente o Verbo é amado pelo Pai. Há
uma “explosão” de dom entre o Pai e o Verbo e entre o Verbo e Pai,
desde toda eternidade. Entre o Pai e Verbo, um eterno laço de amor
que é o Espirito. Quando chegou a plenitude dos tempos esse
Verbo, a Palavra, a Comunicação do Pai se tornou carne, visibilidade, homem.
O Verbo se aninhou no seio de Maria de Nazaré. A Palavra se tornou carne,
história, tempo, possibilidade de rir, olhar, conviver e morrer. Deus se
torna gente através da encarnação do Verbo que armou sua tenda entre nós.
O Filho encarnado sentou-se à nossa mesa, olhou nos olhos de Zaqueu, comeu em
nossas mesas e morreu de amor, na mais ignominiosa das mortes. Já
no alto da cruz e de modo especial na manhã do vento e do fogo Jesus nos
deu o Espírito. Este não tem rosto, nem fala, nem sente, mas age discreta
e invisivelmente. O Espirito teve sua missão para for da Trindade.
E esse amor da Trindade é derramado em nossos
corações de tal sorte que somos filhos no Filho, o Espírito geme em nós e
somos templos, morada, casa do Deus que é Pai, que é Filho e que é
Espírito.
frei Almir Ribeiro Guimarães
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União com Cristo e o Pai no Espírito
Nos domingos anteriores, as leituras tomadas
do evangelho de João nos ensinaram que a comunhão do Pai e do Filho,
da qual nós participamos no amor, significa também missão: missão do
Filho ao mundo, missão dos fiéis para “completar” o amor de Deus
pelo amor fraterno, presente na comunidade e, através dela, levado ao
mundo todo. Este quadro joanino serve muito bem para interpretar os
textos da liturgia de hoje, embora sejam tomados de outros escritos. A
visão joanina nos revela a profundidade escondida naquilo que Mateus e
Paulo nos dizem hoje.
Mt narra que, depois de sua ressurreição, o
Pastor escatológico reuniu (“precedeu”) seu rebanho na Galiléia
(evangelho; cf. Mc 14,26-27; 16,7). Os onze encontram Jesus na Galiléia,
na “montanha” (a do início de sua missão: cf. Mt 5, lss). Alguns nem o
reconhecem. Aí, Jesus se revela como o Filho do Homem, a quem é “dado todo o
poder no céu e na terra” (cf. Dn 7). Não é um Filho do Homem militaresco, mas
profético; seu poder é ensinar. Este poder, confia-o aos discípulos, que devem
ir a todos os povos e torná-los discípulos de Jesus, o que implica: 1)
batizá-los em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; e, 2) ensinar-lhes a
observar tudo quanto lhes ordenou. O batizar significa a acolhida na
comunidade, sem a qual é impossível tomar alguém discípulo de Jesus, pois seu
mandamento, o amor fraterno, só se aprende na prática mútua; aprender o
mandamento do amor sozinho seria como jogar xadrez consigo mesmo …
Ora, esse acolhimento na comunidade deve ser “em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Temos, no N.T., vestígios de outras
fórmulas batismais, mencionado só o Cristo, ou Cristo e o Pai. Mas Mt prefere a
fórmula trinitária, porque o acolhimento na comunidade é a entrada na comunhão
do Cristo, e esta é de per si comunhão com o Pai, no Espírito que impeliu Jesus
para sua missão (Mt 4, 1; cf. 3,17) e que é dado a seus seguidores (cf. Mt
3,11).
O Espírito que recebemos é o mesmo Espírito que
Cristo recebeu no seu batismo e com o qual ele nos batiza. A 2ª leitura explica
isso de modo comovente. Paulo parte da realidade batismal: o ser impelido pelo
Espírito de Deus (Rm 8,14). Isso não é apenas entusiasmo carismático, mas
filiação divina (cf. o batismo de Jesus, Mt 3,17). Recebemos um Espírito de
filhos adotivos (o filho legítimo é Jesus) – de filhos e co-herdeiros! O
Espírito de Cristo clama “em nosso espírito” (jogo de palavras):
“Abbá, Pai!” Paulo insiste em que este Espírito é de liberdade, não de
escravidão. O que é de Deus e foi confiado a Cristo, é nosso também. Nada nos é
imposto contra nossa vontade. Assumimos livremente, porque amamos, como filhos
a seu Pai.
Na realidade, a prática da Igreja nem sempre
realiza as características da missão evangelizadora descrita nestes textos. Muitas
vezes, pertencer à comunidade cristã é experimentado como um peso, um dever,
não como o espírito da filiação divina que nos impele e que nos une intimamente
com o Pai e os irmãos. Em vez de nos sentirmos “com Cristo”, na comunidade dos
que são seus discípulos e irmãos, sentimo-nos oprimidos por uma pirâmide de
convenções. As gerações de discípulos, em vez de serem irmãos unidos num mesmo
Espírito libertador, parecem ter acumulado leis e leizinhas, instituições e
instituiçõezinhas, impelindo os novos membros a entrar, não pelo impulso do
Espírito, mas por tradição e conveniência. Não seria bom “ventilar” um pouco de
Espírito na Igreja, para que, livres com Cristo, observemos sua palavra e com
ele amemos a Deus e os irmãos, impelidos por seu Espírito?
Johan Konings "Liturgia
dominical"
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São onze os discípulos que foram para a Galiléia,
pois Judas Iscariotes não estava mais com eles para completar os doze
escolhidos por Jesus. A montanha e a Galiléia são lugares importantes da
revelação de Jesus e é por isso que eles se encontram ali.
Esta passagem do Evangelho supõe que Jesus já tenha
subido aos céus e aparece aos discípulos como já havia lhes dito antes, que
sempre estaria na presença deles. Eles reconhecem Jesus, ajoelham-se em
adoração ao Senhor, mas alguns ainda duvidam. Essa dúvida, embora passageira,
demonstra a falta de entendimento do que Jesus havia ensinado e avisado que
iria acontecer. Porém, a fé deles nasce desta experiência direta que eles têm
com o próprio Jesus Ressuscitado quando aparece no meio deles e lhes fala pessoalmente.
Jesus não se preocupa com essa dúvida e dá a eles
uma missão. Ele ordena aos seus discípulos que façam novos discípulos,
batizando-os.
O batismo é um sacramento realizado por um
sacerdote, e Jesus dá a eles, naquele momento, a autoridade para exercerem tal
ministério. É o próprio Jesus que age pelo Espírito Santo nos Sacramentos e
essa missão é confiada aos Apóstolos e seus sucessores que recebem o Espírito
de Jesus para agir em seu nome e em sua pessoa.
Sendo assim, os discípulos devem levar a todos os
batizados a consciência dessa relação específica com cada uma das três pessoas
da Santíssima Trindade que agem na vida de cada um de um modo diferente.
Deus é Pai e Criador, nos dá a vida, assume e a
sustenta. Jesus, modelo que Deus deu ao homem como verdadeiro ser Humano que dá
sua vida por amor aos homens, em fidelidade à obra de Deus até o fim. E o
Espírito Santo que animou Jesus, é enviado para que o cristão possa viver a Sua
vida Divina em todo tempo e lugar.
A missão que Jesus dá aos discípulos declara a
autoridade que lhe foi dada por seu Pai, ordena que devem partilhar o
discipulado com todos, judeus e pagãos, batizando-os, e promete estar sempre
com eles, confirmando o nome dado a Ele na sua concepção: Emanuel (Deus
conosco).
Quando Maria Madalena e a outra Maria foram ao
túmulo de Jesus, ao raiar do primeiro dia da semana, um anjo lhes anunciou que
Jesus ressuscitara e que precedia os discípulos na Galiléia, para onde eles
deviam se dirigir. A seguir, o próprio Jesus vai ao encontro delas e também
lhes comunica que devem anunciar aos discípulos que se dirijam para a Galiléia
(Mt. 28,1-10). Isto indica que, após a crucifixão de Jesus em Jerusalém, a
missão iniciada por ele foi retomada na Galiléia. Dessa maneira, os onze discípulos
voltam para lá e se encontram com Jesus ressuscitado, sendo por ele enviados em
missão. Apenas no Evangelho de Lucas é que Jesus declara aos discípulos que
devem permanecer em Jerusalém; com isto Lucas coloca como centro de irradiação
da missão Jerusalém, e não a Galiléia.
O credo da tradição de Israel se fundamenta em uma
divindade que elege um povo e, por meio de "sinais e prodígios, por meio
de combates, com mão forte e braço estendido, por meio de grandes
terrores", extermina os demais povos, que são considerados inimigos
(primeira leitura). Contudo, Jesus vem revelar o Deus de amor e misericórdia,
na humildade, na mansidão e na paz, que acolhe todos os povos do mundo. Jesus
se comunica não com terrores e poder, mas com palavras dirigidas aos seus discípulos
de irmão para irmão, de amigo para amigo. São palavras de vida que seduzem e
conquistam. Os discípulos são enviados de modo a eles próprios fazerem novos
discípulos entre todas as nações. Não há nenhuma eleição particular; todos são
chamados ao seguimento de Jesus, na observância de sua palavra e na adesão à
vontade do Pai. O ministério de Jesus iniciou-se com o batismo de João. É o
batismo da conversão à justiça, à fraternidade e à compaixão. Agora, os
discípulos são enviados para batizar, em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Jesus assumiu o batismo de João revelando que este batismo da conversão
é do agrado de Deus e, pela prática da justiça que promove a vida, somos
inseridos na própria vida divina, na unidade da Trindade, Pai, Filho e Espírito
Santo. A justiça que promove a vida, na misericórdia e na compaixão, é a forma
concreta do amor que une os filhos de Deus. Pela fidelidade a Jesus, movidos
pelo Espírito, podemos chamar Deus de Pai (segunda leitura) e temos a presença
de Jesus por toda a eternidade.
padre Jaldemir Vitório
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Missão dos discípulos de Jesus
Nos evangelhos de Marcos e de Mateus, quando as
mulheres, após a crucifixão de Jesus, vão visitar seu túmulo na madrugada do
primeiro dia da semana, um anjo lhes diz: "Ide contar aos discípulos que
ele ressuscitou dos mortos e que vos precede na Galileia. Lá o vereis"
(Mc. 16,7; Mt. 28,7). No evangelho de Marcos, Jesus já havia dito aos
discípulos: "Depois que eu ressurgir, eu vos precederei na Galileia"
(Mc 14,28). Em Mateus, após as palavras do anjo, o próprio Jesus, vindo ao
encontro das mulheres, lhes repete: "Ide anunciar a meus irmãos que se
dirijam para a Galileia; lá me verão" (Mt. 28,10).
Em continuidade a este anúncio, Mateus registra o
encontro dos discípulos com Jesus em uma montanha da Galileia. Durante seu
ministério na Galileia, Jesus já havia enviado os apóstolos em missão. Agora,
permanecendo vivo entre eles, reenvia-os para fazer discípulos entre todas as
nações. Não há nenhuma eleição particular, todos são chamados ao seguimento de
Jesus, na adesão à vontade do Pai, que é que todos tenham vida, em comunhão
plena de amor.
Os discípulos são enviados para batizar, em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus assumiu o batismo de João revelando
que este batismo da conversão é do agrado de Deus, e pela prática da justiça
que promove a vida, removendo o pecado do mundo, somos inseridos na própria
vida divina, na comunhão de amor entre o Pai e o Filho. Deixando-nos conduzir
pelo Espírito de Amor, na fraternidade e na compaixão, tornamo-nos filhos de
Deus (segunda leitura), ao qual chamamos de "Pai Nosso".
Em contraste com os evangelhos de Marcos e Mateus,
Lucas não narra o retorno à Galileia. Na sua narrativa, com sua teologia
particular, o ressuscitado ordena aos discípulos: "Permanecei em Jerusalém
até serdes revestido da força do Alto" (Lc. 24,49). E Lucas conclui seu
evangelho com a observação: "Eles voltarem a Jerusalém com grande alegria
e estavam continuamente no Templo, louvando a Deus" (Lc. 24,52s). O
empenho de Lucas é apresentar Jerusalém como sendo o centro de irradiação do
cristianismo, após a morte de Jesus, relegando a Galileia à obscuridade.
O credo da tradição de Israel, bem desenvolvido no
livro do Deuteronômio (primeira leitura), se fundamenta em uma divindade que
elege um povo e o conduz à "terra prometida", por meio de
"sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço
estendido, por meio de grandes terrores", exterminando os demais povos,
que são considerados inimigos. É o deus do terror: "Hoje começarei a
espalhar o terror e o medo de ti aos povos debaixo do céu. Ao ouvirem falar de
ti, ficarão perturbados e tremerão de angústia à tua frente" (Dt. 2,25).
Esta crença, como foi destacado pelo Sínodo para o Oriente Médio, em 2010, tem
sido o fundamento das violências perpetradas contra o povo da Palestina, em
nossos dias. Removendo esta imagem de Deus, Jesus vem revelar o Deus de amor e
misericórdia, na humildade, na mansidão e na paz, que acolhe todos os povos do
mundo. Jesus se comunica não com terror e poder, mas com seu amor e suas
palavras dirigidas aos seus discípulos, de irmão para irmão, de amigo para
amigo. É a presença carinhosa, com palavras de vida que seduzem e conquistam.
José Raimundo Oliva
============================
A solenidade que hoje celebramos não é um convite a
decifrar o mistério que se esconde por detrás de "um Deus em três
pessoas"; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família,
que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de
amor.
Na primeira leitura, Jahwéh revela-se como o Deus
da relação, empenhado em estabelecer comunhão e familiaridade com o seu Povo. É
um Deus que vem ao encontro dos homens, que lhes fala, que lhes indica caminhos
seguros de liberdade e de vida, que está permanentemente atento aos problemas
dos homens, que intervém no mundo para nos libertar de tudo aquilo que nos
oprime e para nos oferecer perspectivas de vida plena e verdadeira.
A segunda leitura confirma a mensagem da primeira:
o Deus em quem acreditamos não é um Deus distante e inacessível, que se demitiu
do seu papel de Criador e que assiste com indiferença e impassibilidade aos
dramas dos homens; mas é um Deus que acompanha com paixão a caminhada da
humanidade e que não desiste de oferecer aos homens a vida plena e definitiva.
No Evangelho, Jesus dá a entender que ser seu
discípulo é aceitar o convite para se vincular com a comunidade do Pai, do
Filho e do Espírito Santo. Os discípulos de Jesus recebem a missão de
testemunhar a sua proposta de vida no meio do mundo e são enviados a
apresentar, a todos os homens e mulheres, sem excepção, o convite de Deus para
integrar a comunidade trinitária.
1 leitura – Dt. 4,32-34.39-40 - AMBIENTE
O livro do Deuteronômio é aquele "livro da
Lei" ou "livro da Aliança" descoberto no Templo de Jerusalém no
18° ano do reinado de Josias (622 a.C., cf. 2Re. 22). Neste livro, os teólogos
deuteronomistas - originários do Norte (Israel) mas, entretanto, refugiados no
sul (Judá) após as derrotas dos reis do norte frente aos assírios - apresentam
os dados fundamentais da sua teologia: há um só Deus, que deve ser adorado por
todo o Povo num único local de culto (Jerusalém); esse Deus amou e elegeu
Israel e fez com Ele uma aliança eterna; e o Povo de Deus deve ser um único
Povo, a propriedade pessoal de Jahwéh (portanto, não têm qualquer sentido as
questões históricas que levaram o Povo de Deus à divisão política e religiosa,
após a morte do rei Salomão).
Literariamente, o livro apresenta-se como um
conjunto de três discursos de Moisés, pronunciados nas planícies de Moab.
Pressentindo a proximidade da sua morte, Moisés deixa ao Povo uma espécie de
"testamento espiritual": lembra aos hebreus os compromissos assumidos
para com Deus e convida-os a renovar a sua aliança com Jahwéh.
O texto que hoje nos é proposto apresenta-se como
parte do primeiro discurso de Moisés (cf. Dt. 1,6-4,43). Na primeira parte
desse discurso (cf. Dt. 1,6-3,29), em estilo narrativo, o autor deuteronomista
põe na boca de Moisés um resumo da história do Povo, desde a estadia no
Horeb/Sinai, até à chegada ao monte Pisga, na Transjordânia; na parte final
desse discurso (cf. Dt. 4,1-43), o autor apresenta, em estilo exortativo, um
pequeno resumo da Aliança e das suas exigências. Esta secção final do primeiro
discurso de Moisés começa com a expressão "e agora, Israel 0, que enlaça
esta secção com a precedente: mostra-se que o compromisso que agora se pede a
Israel se apóia nos acontecimentos históricos anteriormente expostos. A ação de
Deus ao longo da caminhada do Povo pelo deserto deve conduzir ao compromisso.
O capítulo 4 do livro do Deuteronômio é um texto
redigido, muito provavelmente, na fase final do Exílio do Povo de Deus na
Babilônia. Perdido numa terra estrangeira e mergulhado numa cultura estranha,
hostilizado quando tentava afirmar a sua fé em Jahwéh e celebrá-Ia através do
culto, impressionado com o esplendor ritual e as solenidades do culto
babilônico, o Povo bíblico corria o risco de trocar Jahwéh pelos deuses
babilônicos. É neste contexto que os teólogos da escola deuteronomista vão
convidar o Povo a olhar para a sua história, a redescobrir nela a presença
salvadora e amorosa de Jahwéh e a comprometer-se de novo com Deus e com a
Aliança.
MENSAGEM
No trecho que nos é proposto, o autor deuteronomista
começa por convidar Israel a contemplar a história "desde o dia em que
Deus criou o homem sobre a terra "o resultado dessa contemplação é a
constatação do contínuo empenho de Jahwéh no sentido de oferecer ao seu Povo a
vida e a salvação.
Toda a história da relação entre Deus e Israel é
uma extraordinária história de relação, na qual se manifesta o amor de um Deus
empenhado em estabelecer comunhão e familiaridade com o seu Povo. Jahwéh
escolheu Israel de entre todos os povos da terra, veio ao seu encontro,
falou-lhe ao coração e realizou gestos destinados a trazer ao Povo ao encontro
da vida. De mil formas, Deus fez ouvir a sua voz, indicou caminhos, conduziu o
seu Povo da escravidão para a liberdade.
Como é que Israel se deve situar diante deste Deus?
Como é que o Povo deve responder aos apelos de Deus?
Na perspectiva do teólogo deuteronomista, Israel
deve, em primeiro lugar, reconhecer que "só o Senhor é Deus e que não há
outro". D'Ele e só d'Ele brotam a vida, a salvação, a felicidade, a
liberdade. Esta constatação convida o Povo a não colocar a sua esperança e a
sua realização noutros deuses, noutras propostas ilusórias e enganadoras.
Israel deve, em segundo lugar, cumprir as leis e os mandamentos de Deus, pois
essas leis e mandamentos são o caminho seguro para a felicidade.
Este "caminho" aqui apontado aos crentes
de Israel (e aos crentes de todas as épocas e lugares) não é um caminho de
dependência e de servidão; mas é um caminho de felicidade. Deus não se imiscui
na vida dos homens para os tornar dependentes, mas para os libertar e para os
levar à vida verdadeira, à felicidade plena.
ATUALIZAÇÃO
+ Quem é Deus? Como é Ele? Qual a sua relação com
os homens? O Deus em quem acreditamos é um Deus sensível aos problemas dos
homens e que Se preocupa em percorrer com eles um caminho de amor e de relação,
ou é um Deus insensível e distante, que olha com enfado e indiferença o caminho
que percorremos e que Se recusa a sujar as mãos com a nossa humanidade?
Trata-se de um Deus capaz de amar os homens e de aceitar, com misericórdia, as
nossas falhas, ou de um Deus intolerante, duro e insensível, que castiga sem
piedade qualquer deslize do homem? A Solenidade da Santíssima Trindade é, antes
de mais, um convite a descobrir o verdadeiro rosto de Deus. A primeira leitura
deste domingo dá-nos algumas pistas para perceber Deus e para reconhecer o seu
verdadeiro rosto.
+ Nesta catequese do livro do Deuteronômio, Jahwéh
revela-Se como o Deus da relação, empenhado em estabelecer comunhão e
familiaridade com o seu Povo. É um Deus que vem ao encontro dos homens, que
lhes fala, que lhes indica caminhos seguros de liberdade e de vida, que está
permanentemente atento aos problemas dos homens, que intervém no mundo para nos
libertar de tudo aquilo que nos oprime e para nos oferecer perspectivas de vida
plena e verdadeira. Por vezes, ao longo da nossa caminhada pela vida,
sentimo-nos sós e perdidos, afogados nas nossas dúvidas, misérias e dramas,
assustados e inquietos face ao rumo que a história segue. Mas a certeza da
presença amorosa, salvadora e reconfortante de Deus deve ser uma luz de
esperança que ilumina o nosso caminho e que nos permite encarar cada passo da
nossa existência com alegria e serenidade.
+ O catequista deuteronomista garante que Jahwéh é
o único Deus capaz de realizar estas obras em favor do homem e que só n'Ele o
homem encontra a verdadeira vida e a verdadeira liberdade. Esta afirmação
convida-nos a refletir sobre o papel que outros "deuses" (bem mais
falíveis, bem menos dignos de confiança) desempenham na nossa existência. Em
quem é que pomos a nossa esperança? Esses "deuses" que tantas vezes
nos seduzem (o dinheiro, o poder, a fama, o sucesso, o reconhecimento social,
os valores da moda) que tantas vezes atraem a nossa atenção e condicionam as
nossas opções, são verdadeiramente garantia de vida e de felicidade? Esses
"deuses" trazem-nos liberdade e esperança ou escravidão e alienação?
+ O autor do texto que nos é proposto convida o
Povo a cumprir as leis e os mandamentos que Deus propõe; e garante que as
propostas de Deus são o caminho seguro para a felicidade e para a realização
plena do homem. Os mandamentos não são propostas destinadas a limitar a nossa
liberdade e a prender-nos a um deus ciumento e castrador; mas são sugestões de
um Deus que nos ama, que quer a nossa felicidade e realização plena e que, no
respeito absoluto pela nossa liberdade, não desiste de nos indicar o caminho
para a verdadeira vida.
2ª leitura- Romanos 8,14-17 - AMBIENTE
A carta aos Romanos é um texto sereno e
amadurecido, escrito por Paulo por volta do ano 57/58 e no qual o apóstolo
apresenta uma síntese da sua mensagem e da sua pregação. O pretexto para a
carta é um projeto de passagem por Roma, a caminho de Espanha (cf. Rm.
16,23-24): Paulo sente que terminou a sua missão no oriente e quer anunciar o
Evangelho de Jesus no ocidente.
Na verdade, esse projeto de passagem por Roma
parece ser, sobretudo, um pretexto para Paulo se dirigir aos Romanos e para
lhes expor as suas ideias acerca da salvação. Na comunidade cristã de Roma -
como, aliás, em quase todas as comunidades cristãs de então - havia
divergências entre cristãos vindos do judaísmo e cristãos vindos do paganismo
acerca do caminho cristão. Para os judeo-cristãos, a salvação dependia, além da
fé em Cristo, da prática da Lei de Moisés; para os pagano-cristãos, a adesão a
Cristo bastava. A uns e a outros, Paulo vai apresentar o essencial da mensagem
cristã. O apóstolo insiste, sobretudo, no fato de a salvação não ser uma
conquista do homem (que resulta dos atos ou dos méritos do homem), mas um dom
do amor de Deus. Na verdade, todos os homens vivem mergulhados no pecado, pois
o pecado é uma realidade universal (cf. Rm. 1,18-3,20); mas Deus, na sua
bondade, a todos "justifica" e salva (cf. Rm. 3,1-5,11); e essa
salvação é oferecida por Deus ao homem através de Jesus Cristo; ao homem, resta
aderir a essa proposta de salvação, na fé (cf. Rm. 5,12-8,39).
O texto que hoje nos é proposto faz parte de um
capítulo em que Paulo reflete sobre a vida nova que Deus oferece ao batizado e
que Paulo chama "a vida no Espírito". O pensamento teológico de Paulo
atinge, neste capítulo, um dos seus pontos culminantes, pois todos os grandes
temas paulinos (o projeto salvador de Deus em favor dos homens; a ação
libertadora de Cristo, através da sua vida de doação, da sua morte e da sua
ressurreição; a nova vida que faz dos crentes Homens Novos e os torna filhos de
Deus) se cruzam aqui.
Paulo procura, de forma especial, mostrar que os
cristãos, libertos da Lei, do pecado e da morte por Jesus Cristo, deixaram a
vida velha da "carne" (que é viver em oposição a Deus, numa vida da
egoísmo, de auto-suficiência, de orgulho, de fechamento) para viverem a vida
nova do Espírito (que é viver em relação com Deus, escutando as suas propostas
e sugestões, na obediência aos projetos de Deus e na doação da própria vida aos
irmãos).
MENSAGEM
O crente que acolhe a proposta de salvação que Deus
faz em Jesus vive "no Espírito". Aceitar essa proposta de vida é
aceitar uma vida de relação e de comunhão com Deus. Nessa relação, o crente é
alimentado com a vida de Deus.
Os que aceitam receber a vida de Deus e vivem
"no Espírito" são "filhos de Deus": Deus é, para eles, um
Pai que continuamente os cria e lhes dá vida. A partir de então, os crentes
integram a "família de Deus". Não são escravos que vivem no medo de
um patrão ciumento e exigente (como era a Lei de Moisés); mas são
"filhos" queridos, que Deus ama com amor infinito. Ao dirigirem-se a
Deus, os crentes podem usar, com propriedade, a palavra "abba" (a
palavra com que, familiarmente, as crianças se dirigem ao pai e que pode
traduzir-se como "papá") - expressão de intimidade filial, que define
uma relação marcada pelo amor, pela familiaridade, pela confiança, pela
ternura.
A condição de "filhos" equipara os
crentes com Cristo. Eles tornam-se, assim, "herdeiros de Deus e herdeiros
com Cristo". Qual é essa "herança" que lhes está reservada? É a
vida plena e definitiva, que Deus oferece àqueles que aceitaram a proposta de
Cristo e percorreram com Ele o caminho do amor, da doação, da entrega da vida.
O nosso Deus é, de acordo com a catequese de Paulo,
o Deus da relação, apostado em vir ao encontro dos homens, em oferecer-lhes
vida, em integrá-los na sua família, em amá-los com amor de Pai, em torná-los
herdeiros da vida plena e definitiva.
ATUALIZAÇÃO
+ Mais uma vez a Palavra que nos é proposta reafirma
esta realidade: o Deus em quem acreditamos não é um Deus distante e
inacessível, que Se demitiu do seu papel de criador e que assiste com
indiferença e impassibilidade aos dramas dos homens; mas é um Deus que
acompanha com paixão a caminhada da humanidade e que não desiste de oferecer
aos homens a vida plena e verdadeira. Há, ao longo da nossa caminhada pela
vida, momentos de solidão e de desespero, em que procuramos Deus e não
conseguimos descortinar a sua presença; mas, sobretudo nesses momentos dramáticos,
é preciso não esquecer que Deus nunca desiste dos seus filhos e que nenhum de
nós Lhe é indiferente.
+ À oferta de vida que Deus faz, o homem pode
responder positiva ou negativamente. Se o homem preferir recusar a vida que
Deus oferece e trilhar caminhos de egoísmo, de orgulho e de auto-suficiência,
está a rejeitar a possibilidade de aceder à vida plena e verdadeira; se o homem
estiver disponível para acolher a salvação que Deus oferece em Jesus, torna-se
herdeiro da vida eterna. Em que situação é que eu me coloco, diante dos dons de
Deus?
+ Os membros da comunidade cristã, que pelo batismo
aderiram ao projeto de salvação que Deus apresentou aos homens em Jesus e cuja
caminhada é animada pelo Espírito, integram a família de Deus. O fim último da
nossa caminhada é a pertença à família trinitária.
+ Esta "vocação" deve expressar-se na
nossa vida comunitária. A nossa relação com os irmãos deve refletir o amor, a
ternura, a misericórdia, a bondade, o perdão, o serviço, que são as
consequências práticas do nosso compromisso com a comunidade trinitária. É isso
que acontece? As nossas relações comunitárias refletem esse amor que é a marca
da "família de Deus"?
Evangelho - Mt. 28,16-20 - AMBIENTE
O texto situa-nos na Galileia, após a ressurreição
de Jesus (embora não se diga se é muito ou pouco tempo após a descoberta do
túmulo vazio - cf. Mt. 28,1-15). De acordo com Mateus, Jesus, pouco antes de
ser preso, havia marcado encontro com os discípulos na Galileia (cf. Mt.
26,32); na manhã da Páscoa, os anjos que apareceram às mulheres no sepulcro
(cf. Mt. 28,7) e o próprio Jesus, vivo e ressuscitado (cf. Mt. 28,10), renovam
o convite para que os discípulos se dirijam à Galileia, a fim de lá encontrar o
Senhor.
A Galileia - região setentrional da Palestina - era
uma região próspera e bem povoada, de solo fértil e bem cultivado. A sua
situação geográfica fazia desta região o ponto de encontro de muitos povos; por
isso, um número importante de pagãos fazia parte da sua população. A coabitação
de populações pagãs e judias fazia, certamente, com que os judeus da Galileia
vivessem a religião de uma maneira diferente dos judeus de Jerusalém e da
Judeia: a presença diária dos pagãos conduzia, provavelmente, os galileus a
suavizar a sua prática da Lei e a interpretar mais amplamente as regras que se
referiam, por exemplo, às impurezas rituais contraídas pelo contacto com os não
judeus. No entanto, isto fazia com que os judeus de Jerusalém desprezassem os
judeus da Galileia e considerassem que da Galileia "não podia sair nada de
bom".
No entanto, foi na Galileia que Jesus viveu quase
toda a sua vida. Foi também na Galileia que Ele começou a anunciar o Evangelho
do "Reino" e que começou a reunir à sua volta um grupo de discípulos
(cf. Mt. 4,12-22). Para Mateus, esse fato sugere que a o anúncio libertador de
Jesus tem uma dimensão universal: destina-se a judeus e pagãos.
Mateus situa este encontro final entre Jesus
ressuscitado e os discípulos, num "monte que Jesus lhes indicara".
Trata-se, no entanto, de uma montanha da Galileia que é impossível identificar
geograficamente, mas que talvez Mateus ligue com a montanha da tentação (cf. Mt
4,8) e com a montanha da transfiguração (cf. Mt. 17,1). De qualquer forma, o
"monte" é sempre, no Antigo Testamento, o lugar onde Deus se revela
aos homens.
MENSAGEM
O texto que descreve o encontro final entre Jesus e
os discípulos divide-se em duas partes.
Na primeira (vs. 16-18), descreve-se o encontro.
Jesus, vivo e ressuscitado, revela-se aos discípulos; e os discípulos
reconhecem-n'O como "o Senhor" e adoram-n'O. Depois de descrever a
adoração, Mateus acrescenta uma expressão que alguns traduzem como "alguns
ainda duvidaram" e outros como "eles que tinham duvidado"
(gramaticalmente, ambas as traduções são possíveis). No primeiro caso, a
expressão significaria que a fé não é uma certeza científica e que não exclui a
dúvida; no segundo caso, a expressão aludiria a essa dúvida constante dos
discípulos - expressa em vários momentos, ao longo da caminhada para Jerusalém
- e que aqui perde qualquer razão de ser.
Ao reconhecimento e à adoração dos discípulos,
segue-se uma manifestação do mistério de Jesus, que reflete a fé da comunidade
de Mateus: Jesus é o "Kyrios", que possui todo o poder sobre o mundo
e sobre a história; Jesus é "o mestre", cujo ensinamento será sempre
uma referência para os discípulos; Jesus é o "Deus conosco", que
acompanhará, a par e passo, a caminhada dos discípulos pela história.
Na segunda (vs. 19-20), Mateus descreve o envio dos
discípulos em missão pelo mundo. A Igreja de Jesus é, essencialmente, uma
comunidade missionária, cuja missão é testemunhar no mundo a proposta de
salvação e de libertação que Jesus veio trazer aos homens e que deixou nas mãos
e no coração dos discípulos. A primeira nota do envio e do mandato que Jesus dá
aos discípulos é a da universalidade da missão dos discípulos destina-se a
"todas as nações".
A segunda nota dá conta das duas fases da iniciação
cristã, conhecidas da comunidade de Mateus: o ensino e o batismo. Começava-se
pela catequese, cujo conteúdo eram as palavras e os gestos de Jesus (o
discípulo começava sempre pelo catecumenato, que lhe dava as bases da proposta
de Jesus). Quando os discípulos estavam informados da proposta de Jesus, vinha
o batismo - que selava a íntima vinculação do discípulo com o Pai, o Filho e o
Espírito Santo (era a adesão à proposta anteriormente feita).
Uma última nota: Jesus estará sempre com os
discípulos, "até ao fim dos tempos". Esta afirmação expressa a
convicção - que todos os crentes da comunidade mateana possuíam - que Jesus
ressuscitado estará sempre com a sua Igreja, acompanhando a comunidade dos
discípulos na sua marcha pela história, ajudando-a a superar as crises e as
dificuldades da caminhada.
ATUALIZAÇÃO
+ Este texto evangélico foi escolhido para o dia da
Santíssima Trindade, pois nele aparece uma fórmula trinitária usada no batismo
cristão ("em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo"). O nosso
texto sugere, antes de mais, que ser batizado é estabelecer uma relação pessoal
com a comunidade trinitária… No dia em que fomos batizados,
comprometemo-nos com Jesus e vinculamo-nos com a comunidade do Pai, do Filho e
do Espírito Santo. A minha vida tem sido coerente com esse compromisso?
+ Quem acolheu o convite de Deus (apresentado em
Jesus) para integrar a comunidade trinitária, torna-se testemunha, no meio dos
homens, dessa vida nova que Deus oferece. O papel dos discípulos é continuar a
missão de Jesus, testemunhar o amor de Deus pelos homens e convidar os homens a
integrar a família de Deus. Os irmãos com quem nos cruzamos pelos caminhos da
vida recebem essa mensagem? As nossas palavras e os nossos gestos testemunham
esse amor com que Deus ama todos os homens? As nossas comunidades são a imagem
viva da família de Deus e apresentam um convite credível e convincente aos
homens para que integrem a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo?
+ A missão que Jesus confiou aos discípulos -
introduzir todos os homens na família de Deus - é uma missão universal: as
fronteiras, as raças, a diversidade de culturas, não podem ser obstáculo para a
presença da proposta libertadora de Jesus no mundo. Todos os homens e mulheres,
sem exceção, têm lugar na família de Deus. Tenho consciência de que Jesus me
envia a todos os homens - sem distinção de raças, de etnias, de diferenças religiosas,
sociais ou econômicas - a anunciar-lhes o amor de Deus e a convocá-los para
integrar a comunidade trinitária? Tenho consciência de que sou chamado a
apresentar a todos os homens - mesmo àqueles que habitam no outro lado do mundo
- o convite para integrar a família de Deus?
+ Num mundo onde Deus nem sempre faz parte dos
planos e das preocupações dos homens, testemunhar o amor de Deus e apresentar
aos homens o convite para integrar a família de Deus é um enorme desafio. O
confronto com o mundo gera muitas vezes, nos discípulos, desilusão, sofrimento,
frustração… Nos momentos de decepção e de desilusão convém, no entanto,
recordar as palavras de Jesus:
"Eu estarei convosco até ao fim dos
tempos". Esta certeza deve alimentar a coragem com que testemunhamos
aquilo em que acreditamos.
+ A celebração da solenidade da Trindade não pode
ser a tentativa de compreender e decifrar essa estranha charada de "um em três".
Mas deve ser, sobretudo, a contemplação de um Deus que é amor e que é,
portanto, comunidade. Dizer que há três pessoas em Deus, como há três pessoas
numa família - pai, mãe e filho - é afirmar três deuses e é negar a fé;
inversamente, dizer que o Pai, o Filho e o Espírito são três formas diferentes
de apresentar o mesmo Deus, como três fotografias do mesmo rosto, é negar a
distinção das três pessoas e é também negar a fé. A natureza divina de um Deus
amor, de um Deus família, de um Deus comunidade, expressa-se na nossa linguagem
imperfeita das três pessoas. O Deus família torna-Se trindade de pessoas
distintas, porém unidas. Chegados aqui, temos de parar, porque a nossa
linguagem finita e humana não consegue "dizer" o indizível, não
consegue definir cabalmente o mistério de Deus.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa,
P. José Ornelas Carvalho
============================
Santíssima Trindade – um só Deus em três pessoas
Após cinqüenta dias de reflexões sobre o “Tempo
Pascal” estamos retomando o Calendário Litúrgico com a segunda parte do “Tempo
Comum”. Vivenciamos momentos catequéticos importantes passando pela Semana
Santa, Paixão, Morte e Ressurreição, Ascensão e Pentecostes. Na solenidade de
hoje ao contemplar o mistério da Santíssima Trindade, novamente nossos joelhos
se dobram diante de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Celebramos hoje
o mistério insondável de Deus – a Trindade Santa. Mistério este que tem
desafiado a inteligência de muitos pensadores considerando que o ser humano
vive sonhando e buscando descobrir o sentido da vida e de tudo o que existe (a
natureza). Como expressar em palavras a natureza do Deus em que acreditamos? A
Igreja chegou à expressão profunda do “Credo Niceno-Constantinopolitano” onde
celebra o Pai “criador de todas as coisas”, o Filho “Deus de Deus, Luz da Luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial com o
Pai”, e o Espírito que “dá a vida e procede do Pai e do Filho”. Vejamos: Até
mesmo essas expressões tão profundas não conseguem explicar a Santíssima
Trindade, pois se Deus fosse compreensível à mente humana não seria Deus! Não
se trata de um mistério matemático – como pode três em um? Estamos diante do
mistério do amor de Deus que nos criou para que vivêssemos comunitariamente (em
comunhão) na sua imagem e semelhança. Infelizmente o individualismo social,
econômico e religioso ainda está presente no mundo. A doutrina da perfeita
unidade da Santíssima Trindade nos desafia para mudar o nosso jeito de viver.
“Deus é amor e comunhão”. Viver em comunhão na família, na Igreja e na
sociedade foi o pedido do Mestre Jesus. No Evangelho de hoje, Jesus promete aos
discípulos a sua assistência e presença contínua para que tenham ânimo de levar
a cabo a missão. Qual foi a missão confiada aos primeiros e hoje a nós? “Ide e
ensinai a todos os povos, batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo” (Mt 28,16-20). Você sabe o que é ser discípulo? De origem grega a
palavra “discípulo” significa “seguir - seguidor”. Nem todos aqueles que um dia
foram batizados são fiéis seguidores de Jesus! Então, surge um novo desafio na
Igreja – evangelizar os batizados para que venham a responder de forma positiva
ao chamado de Deus, tornando-se “discípulo-missionário”. O Apóstolo Paulo,
discípulo-missionário de Jesus disse: “Combati o bom combate, terminei a
carreira, guardei a fé” (2 Tm 4). Com serenidade, no final de sua vida percebe
que “combater o bom combate” não foi em vão. Qual a missão da Igreja? É fazer
discípulos de Jesus todos os povos batizando-os em nome da Santíssima Trindade.
Então, digamos com fé: Gloria ao Pai que nos criou, gloria ao Filho que nos
salvou, gloria ao Espírito Santo que nos santificou.
Pedro Scherer
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Santíssima trindade grandeza infinita
de Deus
O mundo está cheio
de vestígios da grandeza e da sabedoria de Deus. A imensidão do mar, a
majestade do firmamento, a beleza das estrelas e das flores, a multiplicidade
da vida das plantas e dos animais, e sobretudo a inteligência do homem, que se
manifesta nas ciências e nas artes, fazendo dele um vivo reflexo da divindade.
Mas houve quem
observasse como, nesse universo uno e múltiplo, há uma particular insistência
no ritmo ternário, que deve ter algum misterioso nexo com o próprio mistério de
Deus.
Assim é que há três
dimensões do espaço: comprimento, largura e altura.
Há três reinos na
natureza: mineral, vegetal e animal.
Há três estados dos
corpos: sólido, líquido e gasoso.
Há três ambientes
em que vivem os seres vivos: terra, água e ar.
Há três etapas do
tempo: presente, passado e futuro.
Há três cores
fundamentais: vermelho, azul e amarelo.
O mais perfeito dos
polígonos é o triângulo eqüilátero, que tem três ângulos iguais e três lados
iguais. Há três pessoas do discurso: eu, tu, ele.
Há três grandes
áreas do trabalho humano: agricultura, indústria e serviços.
Há os três poderes
no governo democrático: legislativo, executivo e judiciário.
Sem falar na
tendência irresistível de dividir uma obra em três volumes e uma conferência em
três partes.
Para o homem que
observa tudo isso e que tem fé, vem espontânea a pergunta: Deus não estará
querendo chamar a atenção para algo de seu próprio mistério?
E, depois que
sabemos pela doutrina da Revelação que Deus é uno em três pessoas, não temos
dúvida em concluir: Deus deixou no mundo vestígios também da Trindade.
O universo é um
canto infinito ao Deus Uno e Trino.
E esse canto se
torna hoje mais vivo e mais fervoroso pela voz de toda a Igreja, quando o giro
do ano litúrgico nos traz a celebração da festa da Santíssima Trindade.
Como que se
intensifica esse louvor que milhões de vozes fazem subir ao céu todos os dias:
"Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo".
Esses nomes divinos
nos quais fomos batizados um dia.
Um só Deus em três
pessoas: é o mistério fundamental de nossa fé.
Somos visceralmente
monoteístas, como os israelitas e os muçulmanos: acreditamos que Deus é um só.
Mas nós cristãos
temos um privilégio que eles não têm: sabemos e cremos pela palavra da
Escritura, que em Deus há três pessoas.
Há o Pai, princípio
sem princípio; há o Verbo (o Filho), nascido do Pai antes de todos os séculos,
no esplendor da eternidade; há o Espírito Santo, que, também desde toda a
eternidade, procede do Pai e do Filho.
Um pouco como no
homem - eis aqui um novo vestígio da Trindade - há o pensamento que procede da
inteligência, e o amor que procede do coração.
Santo Tomás de
Aquino e Bossuet, seguindo os passos de Santo Agostinho, chamam a atenção para
esse maravilhoso vestígio da Trindade.
Mas, diante do
mistério, o que nos cabe é adorar.
A Igreja, desde os
primeiros séculos, na voz de seus Concílios, na reflexão de seus teólogos e na
oração de seus místicos - particularmente Santa Teresa - vem ajudando o povo de
Deus a se aproximar com reverência do grande mistério, seguindo uma luminosa
norma de Santo Agostinho, que, aliás, escreveu um precioso tratado sobre a
Trindade: "perscrutar é temeridade; crer é piedade; conhecer será um dia
nossa eterna felicidade".
Dante Alighieri,
depois de ter criado com a riqueza de sua fantasia as mais esplêndidas imagens
para descrever o Reino dos bem-aventurados, na terceira parte de sua
"Divina Comédia", quando chega à contemplação poética da Santíssima
Trindade, tem vôos simplesmente sublimes, como o deste terceto: "O luz que
vives de teu próprio ardor, - que em ti te sentes e és por ti sentida, - que em
ti, e só por ti, és graça e amor" (Paraíso, XXXIII, 124-126. Trad. de
Cristiano Martins).
Mas não consegue ir
muito adiante.
E acaba depondo a
pena e exclamando: "Da fantasia a força me fugiu" (Ibid. 142).
O bom é exclamarmos
com São Pauto: "0 abismo da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus!
" (Rm. 11,33). Senhor, nós te adoramos!
padre
Lucas de Paula Almeida, CM
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A Trindade
A festa da TRINDADE
nos convida a refletir sobre o Mistério da vida íntima de Deus e conhecer
melhor quem é nosso Deus.
Ele se revela como
Pai, Filho e Espírito Santo.
A 1ª Leitura
apresenta o Deus da ALIANÇA.
Deus é o PAI que
com sabedoria criou e dirige o universo. (Dt. 4, 32-34.39-40)
É parte de um
discurso de Moisés, no final de sua vida, em que resume a Aliança e suas
exigências.
Convida Israel a
contemplar a sua história e a ação de Deus na sua vida e na libertação do
Egito.
Dá pistas para
reconhecer o verdadeiro rosto de Deus.
É um Deus que
estabelece COMUNHÃO e familiaridade com seu Povo.
Ele vai ao
encontro, fala com eles e está sempre atento aos seus problemas.
É um Deus fiel,
apesar da infidelidade de Israel.
É um Deus próximo
do Povo, embora esse se afaste dele.
- E conclui
convidando o Povo a cumprir os mandamentos do Senhor, pois são sugestões de um
Deus que nos ama e quer a nossa felicidade e a nossa plena realização.
* O Antigo
testamento não conhecia o Mistério da Trindade.
Nessa etapa,
aparece a UNICIDADE e a ESPIRITUALIDADE de Deus, assim como os atributos de
ONIPOTÊNCIA e MISERICÓRDIA
Na 2ª Leitura,
Paulo ressalta que, graças ao dom do ESPÍRITO através de CRISTO somos filhos de
Deus e, por isso, podemos chamar Deus de "Abba", "PAI".
(Rm. 8,14-17)
No Evangelho, Jesus
envia os discípulos em Missão para pregar o Evangelho e Batizar em nome da
TRINDADE. (Mt. 28,16-20)
O texto descreve o
encontro final entre Jesus e os discípulos.
Nele aparece uma
fórmula trinitária usada no batismo cristão.
Pelo Batismo, nos
tornamos participantes da Comunhão trinitária.
Mateus revela que a
Igreja é uma Comunidade Missionária e tem duas etapas de iniciação cristã:
ENSINO e BATISMO.
Inicia com a
catequese sobre as palavras e os gestos de Jesus e o Batismo sela a íntima
comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
+ A celebração da
festa da Trindade não é um convite para decifrar o Mistério de um Deus em três
pessoas, mas um convite para contemplar Deus que é AMOR e vive em comunhão de
pessoas e nos convida a participar da vida íntima de Deus.
O Prefácio de hoje
afirma:
"Com o vosso
Filho único e o Espírito Santo sois um só Deus e um só Senhor. Não uma única
pessoa, mas três pessoas num só Deus.
Tudo o que
revelastes e nós cremos a respeito de vossa glória atribuímos igualmente ao
Filho e ao Espírito Santo.
E, proclamando que
sois o Deus eterno e verdadeiro, adoramos cada uma das pessoas, na mesma
natureza e igual majestade".
Esse Mistério é
algo tão sublime, que supera nossa capacidade de compreender, mas podemos e
devemos crescer no conhecimento de Deus...
Sabemos da
existência desse Mistério, porque Jesus nos revelou.
Por que Cristo nos
revelou esse Mistério?
+ Certamente, não
foi para ser um problema para nossa compreensão.
Pelo contrário,
porque Deus nos ama, ele quer que participemos ainda mais de perto de sua vida
de amor.
O próprio Cristo
nos apontou o modo:
"Se alguém me
ama, guardará as minhas palavras; e meu Pai o amará e nós viremos a ele e
faremos nele a nossa morada..."
Que verdade
consoladora: a nossa pessoa ser um Templo da Trindade...
- Em nós está o
PAI, que nos chamou do nada, insuflou-nos o sopro da vida, deu-nos um nome,
confiou-nos uma missão.
- Em nós está o
FILHO, que entregou sua vida por nós, imagem do Filho de Deus a ser imitada e
reproduzida por todos nós.
- Em nós está o
ESPÍRITO SANTO, que nos ilumina e fortalece nos caminhos de Deus.
E toda essa
maravilha começou em nós desde o nosso BATISMO.
- Do Pai, somos
filhos amados...
- Do Filho, somos
irmãos e participamos da mesma vida e do mesmo projeto.
- Do Espírito
Santo, recebemos inspiração e impulso para vivermos a vida divina.
Essa relação com as
três pessoas divinas, deve ser cultivada em nossa vida.
Somos chamados a
renovar o nosso compromisso batismal, para sermos reflexos da Trindade, sinais
de comunhão, partilha e esperança, num mundo tão dividido, individualista e
desesperançado.
- A Bíblia nos
conta que em Moisés, após ter falado com Deus, dois raios de luz tão intensa
iluminavam sua face, que não podiam olhar para ele...
Que todos quantos
nos encontrarem nessa semana, após esse nosso encontro com Deus nessa
celebração, possam ver em nós, alguém que também se encontrou com seu Deus...
padre
Antônio Geraldo Dalla Costa
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“Ide e fazei discípulos de todas as nações,
batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” Este Domingo
celebramos a grande festa da Santíssima Trindade. Depois da grande caminhada
Pascal, completada com a Ascensão de Jesus e o envio do Espírito Santo,
celebramos hoje, dum modo especial, o nosso Deus na Sua unidade de Pai, Filho,
Espírito Santo, celebramos Deus na diversidade das Suas três Pessoas unidas no
Seu único Ser.
Jesus, segundo Mateus, antes de ser preso e depois
de ressuscitar, convocou os discípulos para a Galileia (Mt. 26,32; 28,7.10).
Nesta Província habitavam e cruzavam-se diversos povos e cultos. Jesus aí viveu
a maior parte da Sua vida, começou a sua atividade, e reuniu os primeiros
discípulos (Mt 4,12-22). Antes de partir, convocou-os a um lugar onde
diferentes crenças e religiões conviviam para os enviar a inundarem toda a
terra com o Seu Espírito. A missão que o Pai confiara a Jesus, Jesus confia aos
discípulos na fidelidade ao mesmo Espírito Santo!
Alguns dos discípulos ao verem Jesus, adoraram-O.
Assim como os magos (Mt. 2,2.22), doentes (8,2), chefes (9,18), mães (15,29;
20,20), assim os discípulos adoraram Deus nas palavras e ações de Jesus. Jesus
consciente da Sua missão de conduzir a humanidade a Deus, antes de partir,
esclarece os discípulos acerca do fundamento dessa missão: a fidelidade ao Pai
na força Seu Espírito. Assim como o Pai enviou Jesus, assim Jesus envia-nos na
fidelidade ao mesmo Espírito Santo!
Jesus não apresenta aos discípulos um tratado
teológico, nem sequer um eloquente discurso sobre Deus. Jesus, por um lado,
recorda os discípulos da profunda e total unidade entre Ele, o Pai e o Espírito
Santo e, por outro, chama-os à adoração do único e mesmo que Deus! A adoração
que nos torna naquilo que Deus é: total fidelidade. Total fidelidade do Pai que
na perfeição do Seu Amor constantemente olha pelo Seu Filho e por cada homem.
Total fidelidade do Espírito Santo que é o fogo de Amor que une o Pai ao Filho
e quer unir toda a humanidade no Seu Amor. Total fidelidade do Filho que é o
homem que de tal modo foi fiel ao Pai que é Deus, que é Deus que de tal modo
foi fiel à humanidade que se fez homem.
Irmãos e irmãs, Deus chama-nos à total fidelidade!
À fidelidade apenas compreensível na escuta adorante: ‘Pai, na unidade do Teu
único Filho e Espírito Santo, dá-me a conhecer a Tua unidade filial, pois quero
assumi-la com total entrega.’ Acolher a graça da fidelidade do Amor de Deus é
bem maior que o horizonte do nosso olhar, bem maior que o limite das nossas
questões e duvidas, bem maior que as nossas vitórias e falhanços. Abre todo o
teu ser à certeza da Sua Fidelidade, se nem tudo for claro, se falhares, se não
encontrares todas as respostas, se fores maltratado, não olhes para trás, não
duvides da Força Maior do Amor, não percas a esperança de seres totalmente
abraçado pelo carinho de Deus.
“Alguns dos discípulos duvidaram.” Como posso
compreender e adorar Deus Pai, Filho, e Espírito Santo? Aceita o convite de
Jesus, sobe à montanha com Ele, escuta-O, deixa-te guiar pelo Espírito que o
Pai envia. O Pai quer-te como Filho. O Seu Espírito Santo quer-te como Seu
Amor. O Filho conduz-te ao Amor do Pai. Que imagem tens de Deus? Que nome dás a
Deus?
Deus é Pai, o Olhar de Amor que vela sempre por
nós! (16,17; 26,29)
O Pai é o Amor Total que nos convida a amarmos os
inimigos e orarmos pelos inimigos.
O Pai transforma-nos em Seus filhos na medida que
amamos como Ele ama (5,43-44).
Apenas Ele conhece os nossos silêncios, segredos,
necessidades e desejos (Mt. 6,1-6)
Ele é o Perdão (Mt. 6,15; 18,35) e envia-nos como
perdão (Mt. 7,21)
O Pai manifesta-se nos corações humildes (11,25)
O Pai é conhecido na plenitude pelo Seu Filho que O
revelou (11,27)
O Pai resplandece os Seus filhos como o Sol (13,43)
O Pai é raiz de todo o Bem e sem Ele não subsiste
(15,54)
O Pai é Um e Pai de toda a humanidade (Mt. 6,9;
10,32; 23,9)
Ele é a Suprema Sabedoria (20,23; 24,36) e o
Criador (25,34)
O Pai enviou o Seu Filho e n’Ele consumou o Amor
humano (Mt. 26,39.42)
O Espírito Santo é o Fogo de Amor do Pai.
O Espírito Santo é milagre de Amor nos corações que
O recebem (1,20).
O Espírito Santo é abraço de eterna fidelidade
(1,30).
O Espírito Santo é Vida que move e une (3,16)
O Espírito Santo é transparência de pura verdade.
(5,37)
O Espírito Santo é Voz do Pai em nós. (10,20)
O Espírito Santo é a Vida do Pai assumida em Jesus
e dada ao mundo (12,18)
O Espírito Santo recria tudo no Bem (12,28)
O Espírito Santo é o Sim constante a Amar (26,41)
O Espírito Santo é Luz e Alento (Rm. 8,14-17)
O Espírito Santo é o Amor que nos gera como filhos
de Deus (Rm. 8,14-17)
O Espírito Santo é Paz e Mansidão.
O Filho é rosto humano de Deus que se aproxima e
contempla o homem.
O Filho é Deus feito homem para que o homem se
torne como Deus.
O Filho é Autenticidade.
O Filho é Deus feito pobre para que o homem abrace
a imensidão do Reino de Deus.
O Filho é a mansidão constante que vive do Espírito
do Pai.
O Filho tem um nome: Jesus de Nazaré.
Jesus, consolação da humanidade.
Jesus, total fidelidade ao Pai.
Jesus, o homem que vê Deus.
Jesus, o Perdão, o Encanto feito homem.
Jesus é o caminho dado à humanidade para percorrer
a caminho do Pai.
Jesus o homem que transforma o mal, o pecado e a
morte, em Bem, Amor, e Vida.
Jesus é a certeza do encanto, da vida salvada, da
vida feliz do homem. Haja o que houver Jesus é total confiança daquele que vive
do Seu Espírito e na direção da casa do Pai. O Pai que não nos chama a um
espírito de escravidão ou de medo. O Pai – Paizinho (Abba) – é o nosso Pai,
dá-nos a Sua Vida, a Sua herança, aquela que confiou ao Seu Filho. Deus, Pai de
Amor, quer-nos glorificar no Seu Espírito. O Senhor batiza-nos com o Seu
Espírito de amor para permanecermos N’Ele e sermos enviados ao mundo em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Esse é o verdadeiro batismo! O batismo é relação de
fidelidade na constância do Espírito de Amor. Onde quer que esteja ou faça, em
qualquer hora do meu dia e em qualquer situação, contemplo o rosto amantíssimo
de Deus e sou batizado pelo Seu fogo de Amor. Perante a mentira falo a verdade,
perante o ódio oferece o amor, perante a confusão ofereço a clareza, perante a
insegurança apresento a confiança. Junto do meu coração, no coração da minha
família e comunidade recebo e partilho o Espírito de Deus assim como Jesus o
fez.
As últimas palavras de Jesus expressas no último
versículo do Evangelho de Mateus são claras: “Eu estou sempre convosco até ao
fim dos tempos.” Jesus assegura-nos da Sua presença constante no nosso caminhar
até ao Pai. Jesus hoje é a certeza do Amor de Deus junto de nós. Jesus está
conosco quando vencemos e quando perdermos, quando sorrimos e quando choramos.
Jesus está sempre conosco! A Sua presença na nossa vida é medida pela nossa
fidelidade ao Amor constante tem por nós.
frei
Bernardo
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O fato de não se
encontrar na Bíblia a palavra Trindade já oferece ocasião para uma reflexão
profunda sobre esta verdade fundamental que é o mistério de um só Deus em três
pessoas realmente distintas. O termo que surgiu no segundo século, foi fixado
mais tarde nos Concílios de Nicéia e de Constantinopla, e exprime
magnificamente o que Jesus revelou sobre a vida íntima de Deus em várias
passagens do Evangelho.
A ordem de Cristo
foi clara: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). A revelação do mistério
trinitário, feito pelo próprio Filho de Deus, foi preparada pedagogicamente
através de todo o Antigo Testamento que firmou a existência de um só Deus,
Senhor de tudo.
O Livro do
Deuteronômio, por exemplo, registrou o que Moisés falou ao povo: “Reconhece,
pois, hoje e grava-o em teu coração que o Senhor é o Deus lá em cima no céu e
cá embaixo na terra e que não há outro além dele (Dt 4,39). Jesus se referiu
muitas vezes ao Pai e ao Espírito Santo e, deste modo, a fórmula
filosófico-teológica foi precisa na formulação da extraordinária realidade
referente ao Deus três vezes santo.
O mistério da
Santíssima Trindade demonstra que o Ser Supremo não se acha longe de suas
criaturas, inacessível. O Mestre divino deixou patente que a natureza mesma da
essência divina é o amor absoluto ou, melhor ainda, o absoluto do amor. Foi o
que compreendeu magnificamente São João ao proclamar: «Deus é amor, e quem
permanece no amor permanece em Deus e Deus nele» (1 Jo 4, 16).
O Espírito Santo
chama o cristão a viver a vida mesma de Deus e o convida a crer no belo amor do
Pai que através do Filho realizou maravilhas de dileção, de perdão e
misericórdia. Ser cristão é entrar na corrente de vida, corrente de
amor, semelhante à circulação de amor infinito que vai do Pai ao Filho pelo
Espírito Santo. Eis porque viver o mistério da Santíssima Trindade é lhe
ofertar o dom total da própria vida e, por isto mesmo, dom total também ao
próximo, segundo o desejo de Cristo: “Que todos sejam um, assim como tu, Pai,
estás em mim e eu em Ti” (Jo 17,21).
À luz do mistério
trinitário se compreende melhor o que Deus disse ao criar o ser racional:
“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança! (Gn 1,2-27). Todas estas verdades
se recordam a cada passo ao se fazer o sinal da cruz pronunciando o nome das
três Pessoas divinas. Trata-se de um sinal que se torna como que a assinatura
de Deus, proprietário de tudo e de todos, irmanados na mesma fé. É a lembrança
viva de que o amor e a comunhão fraterna são capazes de ir até o dom da própria
vida como aconteceu com o Verbo de Deus Encarnado. Cumpre, porém, que se
recorde sempre que a vida doada à honra e glória da Trindade Santa e ao serviço
do próximo não é imolada de uma só vez, mas sim gota a gota, dia após dia. Este
amor a Deus e ao próximo, contudo, só é possível na união perseverante que tudo
envolve na dileção divina.
É que o amor é a
vida mesma da Santíssima Trindade na qual há uma comunhão plena, total, uma
eterna e perfeita comunhão de doação e de comum união realidade que deve
envolver todas as pessoas. São João foi enfático quando na sua primeira carta
exortou: “Caríssimos, amemo-nos mutuamente, porque o amor vem de Deus e todo
aquele que ama é gerado por Deus e conhece a Deus” (1 João 4,7).
Isto significa que
penetrar fundo no mistério da Santíssima Trindade é compreender a verdadeira
natureza das relações pessoais com o Ser Supremo e com o semelhante, envolvendo
tudo num oceano de amor. A abertura da vida para o Deus Uno e Trino inclui,
portanto, o acatamento mútuo, o espírito de serviço e de compartilhamento.
Tal foi a ordem de
Jesus aos Apóstolos que eles partilhassem com os outros, mundo afora, a Boa
Nova e a experiência que tiveram da sua dileção. Eles não deveriam ficar
reunidos nem ficar entre os judeus, mas, num apostolado eficiente
deveriam levar a todas as partes o anúncio da salvação. Foram enviados para
batizar em nome de um Deus de amor, Uno e Trino, Pai, Filho e Espírito Santo.
Não se tratava de
um mero rito, nem de uma adesão a ideais, mas de uma conversão concreta e de
uma participação vital na experiência do Evangelho, numa vida inteiramente
conformada à mensagem que, do seio da Trindade, Cristo trouxe a esta terra.
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cônego
José Geraldo Vidigal de Carvalho
Quem é a santíssima
Trindade? - Quando falamos da Santíssima Trindade, é do nosso Deus que falamos.
E quer dizer essencialmente três. O Deus dos cristãos é trinitário, isto é,
constituído por três pessoas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
O Deus Filho, é o
Deus enviado pelo Pai, revela o Pai plenamente e envia o Espírito Santo, que é
o resultado do amor entre o Pai e o Filho. Isto é, mostra-nos o rosto
verdadeiro do Pai. Um Pai amoroso que não desiste de salvar toda a humanidade
(podemos lembrar aqui a famosa Parábola do Filho Pródigo).
O Filho, foi
enviado pelo Pai para anunciar a Boa Nova da justiça ou da salvação de toda a
humanidade, Ele é o rosto visível do amor que informa a Trindade. Será da boca
do Filho que recebemos a promessa do envio do Espírito Santo, o outro Deus da
Trindade.
Este Deus, o
Espírito Santo, é Aquele que vem depois de Jesus para acompanhar todas as Ações
humanas em favor da causa de Deus. Ele é o Espírito da verdade e da justiça.
Ele nos guiará para a verdade plena. Porque o Espírito Santo pode ser definido
como aquele que unifica as três pessoas da Trindade, Ele é o nome do amor de
Deus.
Mas, nunca serão os
pensamentos e as palavras humanas que traduzirão este mistério. Porque a
Santíssima Trindade, é o nosso Deus. E se falamos de Deus, falamos de um grande
mistério. Um mistério, que nos acompanha e abraça constantemente em todos os
momentos da vida. Todas as tentativas para a açambarcar este absoluto,
redundaram em asneira terrível contra quem experimentou essas investidas. Este
Deus é e basta. Já Moisés desejou uma definição concreta, mas não a teve. Basta
o mistério e a definição indefinida, «o Eu sou Aquele que sou envia-te…». Face
a esta vontade de Deus, contemplemos o mistério e deixemos a nossa vida
mergulhar neste mistério indizível, único que nos é dado acolher.
Por isso, conta-se
que alguém ao passear sobre um caminho de muita poeira reparou que se formavam
atrás de si dois pares de pegadas na poeira, mas, nalguns momentos reparou que
estavam atrás de si apenas um par de pegadas. Na sua oração, confidenciou esse
episódio da sua vida a Deus. Deus respondeu-lhe que um dos pares de pegadas era
Dele que o acompanhava sempre. Mas esta pessoa diz a Deus: "Mas para onde
foste quando eu mais precisava de ti"? Porque, o segundo par de pegadas
desaparecia quando ele sentia mais dificuldades e quando tinha mais problemas
na sua vida. Deus respondeu-lhe: "Nessas ocasiões, Eu carrego-te ao
colo"! Deus é essa realidade que está sempre presente e que nos carrega ao
colo quando as contingências da poeira da vida se tornam mais difíceis de
suportar.
padre
José Luís Rodrigues
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Jesus chama os
discípulos até a montanha. Obedientes eles irão. Lá no alto, Jesus lhes dá uma missão:
– Vocês deverão anunciar o evangelho a todas as criaturas. Vocês são meus
discípulos, e todo discípulo é missionário.
Então, para cumprir
essa missão (ser testemunha da morte e ressurreição de Jesus), o cristão deverá
ter a consciência de pertencer a Cristo, ou seja, saber compartilhar a
experiência do encontro com Cristo, nos ambientes em que vive, pois os desafios
que apresenta a sociedade requerem cristãos esclarecidos, cristãos formados,
que saibam argumentar os questionamentos e desafios que a sociedade oferece.
Para tal proposta
de vida, o cristão deverá fortalecer a identidade cristã, que hoje, deverá
passar por uma catequese adequada, promotora da adesão pessoal e comunitária a
Cristo, devendo ter maior intensidade naqueles mais fracos na fé. A Catequese
com adultos tem sido hoje, a forma fundamental da educação na fé. Experiência
que temos vivido em nossa comunidade paroquial, mas esta catequese precisa ser
permanente.
Os Apóstolos, nesta
adesão a Cristo, foram assim, a semente do novo Israel e ao mesmo tempo a
origem da sagrada Hierarquia. Antes de subir ao Céu Jesus fundou a sua Igreja
como sacramento de salvação e enviou os seus Apóstolos a todo o mundo tal qual
Ele também tinha sido enviado pelo Pai, dando-lhes este mandato: “Ide, pois, e ensinai
a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi”. (Mt. 28, 19-20).
Por isso devemos, a
cada celebração, ir cheios de alegria ao encontro da santíssima Eucaristia, e,
desta experiência, poder anunciar aos outros a verdade das palavras com que
Jesus se despediu dos seus discípulos: “Eis que estou convosco todos os dias,
até o fim do mundo”. (Mt 28,20). Inclusive, há uma estampa de Jesus, à entrada
da sala, de nosso apartamento, com esses mesmos dizeres do final do Evangelho
de Mateus: “Eis que estou convosco todos os dias”. Foi um presente do Mês
Mariano, carinhosamente oferecido pelo Pe. João de Deus Góis (Paróquia Nossa
Senhora do Rosário-Del Castilho,RJ), sobre a qual já fiz algumas contemplações.
O Concílio Vaticano
II, já nos fala a quase cinquenta anos, que precisamos de um novo Pentecostes!
Onde necessitamos sair de nosso comodismo e ir ao encontro, das famílias,
comunidades, todas as gentes para comunicar e compartilhar o dom do encontro
com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de “sentido”, de “verdade”, “amor”,
“alegria” e “esperança”. Devemos ser testemunhas e missionários nas grandes
cidades, nos mais diversos “areópagos”. “Nós somos missionários, por Cristo
convidado, vamos, pois, congregados, Seu Reino construir!”.
Enfim, fixemos o
olhar em Maria e reconheçamos nela a imagem perfeita da discípula missionária,
para que através de seu exemplo possamos ser cristãos mais despojados a
anunciar Jesus Cristo, que é Caminho, Verdade e Vida.
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“Somos criados pela Trindade para
convivermos eternamente com ela”.
Deus é Pai, Filho e
Espírito Santo. Um Deus em três pessoas. Somos criados semelhantes a Deus para
vivermos em unidade com nossos irmãos praticando o Bem já que Ele é o Sumo Bem.
A busca da felicidade encontra resposta na própria pessoa de Deus. Seremos
felizes quando partilharmos nossa vida. Deus Trindade vive na alegria e na
felicidade absoluta e quer que nós pessoas humanas “convivamos” eternamente com
Ele. O mistério cristão da Trindade nos define como pessoas solidárias. Por
esta razão que o cristianismo sempre será perseguido dentro de um mundo egoísta
que se ilude na mentira do individualismo. O Mistério de Amor da Trindade não
se associa com o pensamento individualista implantado no mundo pela “grande
mídia” que serve ao poder econômico. Procura iludir sempre a pessoa humana
deviando-a do seu sentido último. Somos criaturas de Deus e só nele
encontraremos a raiz da verdadeira alegria.
Evangelho (Mt.
28,16-20):
Naquele tempo, os
onze discípulos foram para a Galiléia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado.
Quando viram Jesus, prostaram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram.
Então Jesus aproximou-se e falou: “Toda autoridade me foi dada no céu e sobre a
terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o
que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias até ao fim do
mundo”.
“Eis que eu
estarei convosco todos os dias até ao fim do mundo. Ide e fazei discípulos meus
todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
A festa da
SANTÍSSIMA TRINDADE é a festa da nossa identidade, pois fomos criados conforme
a imagem de Deus que é uma vivência concreta do Amor. “Deus tem um amor
preferencial por cada um de nós”. Deus é PAI (CRIADOR), FILHO (REDENTOR) e
ESPÍRITO SANTO (SANTIFICADOR) um só Deus em três pessoas. Este mistério só pode
ser explicado pela luz da Fé que exige de nós aceitação e entrega.
Deus nos criou à
sua imagem e semelhança. Fomos criados para participarmos da sua felicidade.
Esta é a realidade última de nossas vidas. O mistério da Trindade está ligado
ao mistério da nossa própria existência, por esta razão somos diferentes de
todos os outros seres criados. Podemos nos comunicar intimamente com Deus e
saber o que Ele quer de nós. O Criador jamais abandona suas criaturas. Deus
sempre estará presente em nossa vida em qualquer situação, mesmo que por nossa
ignorância pensemos em nos afastar d’Ele. Somos desafiados a cultivar a
presença de Deus vinte quatro horas do dia. Ele nos olha com seu olhar de amor,
já fez sua opção fundamental por nós.
A Santíssima
Trindade é o mistério primordial do cristianismo, fonte de todo dom e de todo
bem. A revelação deste mistério pertence ao Novo Testamento. O Antigo
Testamento põe toda a atenção em proclamar e exaltar a unidade de Deus: um só é
o Senhor. Israel, que vivia em contato com povos pagãos, tinha necessidade de
ser continuamente chamado a reconsiderar esta verdade para não cair na
idolatria.
Através do Santo
Batismo entramos numa profunda relação com a Santíssima Trindade. Por meio dele
renasce em nós a "Vida Nova". O homem se reconhece filho do Pai
Celeste que lhe decretou a regeneração; irmão de Cristo que lho mereceu com o
sangue da Cruz; templo do Espírito Santo que lhe infunde o espírito de adoção.
Diante de Deus, o batizado não é simples criatura e, sim, filho introduzido na
intimidade de sua vida trinitária, a fim de que viva em sociedade com as três
Pessoas divinas, que nele habitam.
Nas palavras de São
João da Cruz, é a chama de amor viva que arde "no mais profundo
centro", pois "o centro da alma é Deus" (Chama Viva de Amor
1,12), onde "o Verbo, Filho de Deus, juntamente com o Pai e o Espírito
Santo, está essencial e presencialmente escondido no íntimo ser da alma"
(Cântico Espiritual 1,6). A grande viagem que a pessoa deve fazer é ir ao seu
centro, descobrir o Amado que não se mistura com os apetites sensuais da vida
mundana. Se descobrimos este tesouro não seremos mais escravizados pelas
diversas “drogas” que existem no mundo que nos alienam da verdade que, aos
poucos, irá nos tornar livres e felizes.
Devemos viver em
plenitude os dons da Santíssima Trindade abrindo-nos à ação do Espírito Santo
para nos comportarmos como filhos do Pai Celeste, como irmãos de Cristo.
Associado ao
mistério da Trindade está à presença permanente de Jesus na Eucaristia, a
comunhão transformante e dignificante de nossa vida, e a intercessão permanente
de Maria que participa neste mistério através da Encarnação.
"Glória ao
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo! Como era no princípio, agora e sempre!
Amém”.
padre
Giribone – OMIVICAPE
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Os onze discípulos
foram para a Galiléia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado. Quando o
viram, adoraram-no; entretanto, alguns hesitavam ainda. Mas Jesus,
aproximando-se, lhes disse: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide,
pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou
convosco todos os dias, até o fim do mundo. Mt 28,16-20
Uma conhecida lenda
hindu conta-nos que um grupo de cegos, ao seguir por uma estrada, se
depara com um elefante. Intrigados com aquele animal que não conheciam, começam
a apalpá-lo. O primeiro entra por debaixo dele e, abraçado à sua pança, diz aos
amigos: “já sei. Esse bicho é um barril”. O segundo pega o rabo e de imediato
retruca: “que nada, ele é um espanador”. Aquele que segura a tromba já pensa se
tratar de uma mangueira e outro que toca suas orelhas acha ser ele um grande
leque de abano. Abraçado à perna do bicho, outro mais, diz: “todos vocês estão
enganados. Estamos diante de um ser semelhante a um coqueiro”.
Ao querer definir
Deus corremos o risco de agir como esse bando de cegos. Incapazes de abraçar a
imensidão infinita do Amor, terminamos por nos prender a alguns detalhes dele.
Tudo em Deus é fundamental e maravilhoso, o problema é que o vemos em partes. O
importante é que nunca seja perdida a consciência de que, por maior que seja a
visão que temos da Trindade, Ela será sempre mais bela e maior ainda.
Vivemos a festa da
Santíssima Trindade, a celebração do grande mistério de Deus. Diante dele
tomamos consciência da nossa pequenez e total incapacidade de compreendê-lo. Ao
contemplar a grandiosidade de Deus o que temos são pálidas e discretas
percepções de alguns “pedacinhos” dele. Só quando estivermos diante da Trindade
é que teremos condições de aquilatar a imensidade da maravilha na qual vivemos
imersos.
O Amor nunca cabe
em si. Ele sempre se expande, tomando todo espaço que encontra à volta. Este é
um seu atributo básico e poderá servir de critério para verificar se há Amor.
Sempre que alguém estiver amando estará, automaticamente, saindo de si e se
desenvolvendo, tornando-se maior do que era. Este crescimento amoroso do ser o
levará, inexoravelmente, na direção do outro. Só se ama quando se é capaz de
encontrar o olhar e o abraço de acolhimento do amado.
No mistério da
Trindade podemos observar este transbordamento absoluto de Deus Amor.
Diferentemente de nós, que ainda não conseguimos amar totalmente, em Deus o
Amor é total. Por causa disto Ele é capaz de se tornar mais Deus ainda se
tornando comunidade. Deus é a comunidade amorosa por excelência, a nos indicar
que fora do Amor não há salvação.
Na Trindade as três
divinas pessoas se integram e participam plenamente uma na outra. Na linda
intuição de Santo Agostinho, o Pai Amante está todo voltado para o Filho Amado
e vice versa. O Espírito Santo de Amor envolve os Dois e é por Eles também
acolhido. Ao nos aproximar do mistério de Deus que nos cria, estamos diante da
realidade da comunidade de Amor. Esta quer nos mostrar que outro mundo,
solidário, voltado para o próximo, pacífico e justo é possível.
No mesmo e único
Deus encontramos três faces distintas e fecundas. São três olhares de Amor, cada
qual com sua especificidade e característica únicas e ao mesmo tempo
complementares. O Pai a criar, o Filho a nos salvar, e o Espírito Santo no afã
de nos tornar santos.
Esses três verbos:
criar, salvar e santificar, diante do mistério de Deus, não devem ser
conjugados no tempo passado. O Pai nos cria a cada dia. Dizer que estamos
prontos enquanto criaturas e conhecendo-nos o quano somos frágeis e
incompletos, é duvidar da competência do Criador. Somos seres inacabados.
Estamos, ou deveríamos estar, em constante construção. O Filho salva-nos a todo
instante e o Espírito Santo está a nos santificar constantemente.
É em nome desse
Deus criativo e transbordante em Três Pessoas que o Filho, ressuscitado,
encoraja os discípulos e os envia. É interessante reparar no Evangelho de
Mateus deste domingo, que eles ainda se encontram hesitantes. Sentem-se
inseguros, como nós muitas vezes também o experimentamos.
A esses apóstolos e
a nós, os discípulos missionários do Século XXI, o Senhor envia para que
batizemos em nome da Trindade. Nessa dinâmica de Amor será incompreensível que
sintamos medo, eis que Ele e com Ele o Filho e o Espírito, farão em nós
sua morada e estarão conosco até o final dos dias.
Pistas para
reflexão durante a semana:
- Como sinto a
Trindade na minha vida?
- A Trindade tem me
feito viver a experiência de comunidade familiar, de amigos, eclesial...?
- o que tem
significado ser enviado em nome da Trindade para o mundo?
Fernando
Cyrino
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