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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


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sábado, 24 de setembro de 2011

QUEM VAI TRABALHAR NA VINHA?


 PRÓXIMO DOMINGO
25 DE SETEMBRO – 2011
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Comentários–Prof. Fernando

O HOMEM QUE DIZ: SOU, NÃO É.

Introdução
No domingo passado, a liturgia nos levou a refletir sobre o ciúme, e a revolta contra a justiça de Deus por ela  não ser igual à nossa justiça. As leituras deste domingo nos leva a cair na realidade de que nem sempre aqueles ou aquelas que sem mostram  ou se apresentam como santos, podem se comportar de modo diferente na vida prática ou real.
Às vezes ficamos muito decepcionados quando nos aproximamos de um desses santos aparentes, e somos mal recebidos, ou não temos a atenção que esperávamos. Isto porque se espera muito daqueles que falam de amor, justiça, santidade, etc.
Muitas vezes, pela própria correria da vida que eles levam, com tantos compromissos, e uma agenda cheia para cumprir, os faz nos receber mal, e com isso ficamos decepcionados. Mesmo sendo cristãos atuantes e conscientes de que devemos ser compreensivos, achamos que  pelos menos uns minutinhos poderiam ser reservados para nos receber. São coisas da vida.
O Evangelho de hoje nos ensina que o homem que diz: Sou, não é.  O filho que disse que ia trabalhar na vinha, não foi. Na realidade, o que disse que não iria, acabou indo. Nós também fazemos igualzinho. Aqueles que rezam, até batem no peito, prometem ser fiéis, quando saem do templo e encontram um irmão pedindo uma ajuda, pedindo desculpas ou coisa parecida, acabam se esquecendo de tudo o que prometeu a Deus horas atrás. Já outros que não prometeram nada, que não garantiram nada, ou que mesmo disseram não ter tempo de ir à Igreja, acabam agindo de forma inesperada, fazendo a vontade do Pai.
Eu posso até ser um cristão visualmente correto, isto é, todos dentro do templo me vêem como um santo. Participo de tudo, comungando, rezando bastante, ajoelhando, e tudo mais. Perante a todos eu me  apresento como aquele filho que prometeu ao Pai que iria trabalhar na vinha mas na prática não foi.   Diante de Deus e de todos, e disse sim, porém na vida prática, fora do perímetro do templo, ou paroquial, na hora do “vamos ver” do dia a dia, eu “sarto de banda”, eu digo não.
Parábola (baseada em fatos reais):  Ele era um piedoso e santo homem aos olhos de todos. Cuidava do altar, e na liturgia era tido por todos como o “santo” pois ele sabia de tudo. E no fundo gostava muito disso. Dizia sempre: para com isso, quando o chamavam de “santo homem”, mas  percebia-se que ele se julgava como tal.
Certo dia estando ele no ponto do ônibus, um carro bateu em outro e um deles subiu na calçada e atropelou uma moça grávida que estava no meio fio olhando se era o seu ônibus que vinha vindo. Você não vai acreditar! O Santo homem não fez absolutamente nada diante daquilo tudo. Pelo contrário, ainda murmurou criticando a moça por estar quase no meio da rua...  Ia passando um homem que nem sempre aparecia na missa, nem tampouco era visto rezando diariamente. Foi ele quem socorreu aquela mulher grávida caída no chão.
Que lhe parece? Essa história é parecida com a parábola do bom samaritano. Não é?
Muitas vezes de quem se espera muito, não se obtêm nada! E de quem nunca imaginamos   ou esperamos uma atitude de humanidade ou de caridade, é que acontece.
Então, caríssimos! O que devemos fazer?  Botar o dedo na ferida? Levantar o problema é muito fácil. Difícil é apresentar medidas corretivas ou soluções, para a nossa conduta de cristão “meia boca” desacompanhada da devida caridade. 
A solução está na carta de Paulo a qual deve ser copiada e colocada na nossa mesa de trabalho para que a leiamos todos os dias antes mesmo de começarmos qualquer tarefa.
Nesta carta aos Filipenses, o inspiradíssimo  Paulo nos mostra que a nossa alegria será completa se permanecermos ligados aos ensinamentos de Cristo, praticando-os, sendo imitadores do Filho de Deus. Vivendo o Evangelho unidos no mesmo amor, em harmonia, procurando sempre a unidade e nunca a discórdia entre nós. Não devemos fazer as coisas por vanglória, mas por amor ao próximo e com humildade. Nunca nos mostrando melhores que os outros, pelo contrário, julgando, cada um que o outro é mais importante. E na verdade o é. Pois a nossa salvação depende do nosso relacionamento do ele. Ele é, pois., muito importante para o futuro da nossa alma. Portanto, não sejamos egoístas, não cuidemos somente do que é nosso, mas também dos interesses do outro.  Pois amar é doar-se. É sair de nós para nos dedicarmos aos outros, começando pelo perdão e pela compreensão das suas necessidades.
Fazendo isso estamos não só imitando aquele que deu sua vida por nós, mas também estamos garantindo a vida eterna. Amém.
Sal.

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Nem sempre as nossas palavras nos levam à ação, mas o desejo que temos no coração de fazer a vontade de Deus.

                                Mais uma vez Jesus nos revela que a metodologia do Pai é diferente da do mundo. Ele é muito claro quando nos adverte que não são as palavras nem as promessas, mas as ações que têm valor diante de Deus. Mesmo sem querer, mesmo sem ter vontade, e dizendo não, o homem pode arrepender-se e fazer a vontade de Deus. Mudar de opinião, mudar de mentalidade também é sinal de  conversão! 
                           A misericórdia de Deus se manifesta quando o pecador, arrependido porque crê e confia no perdão de Deus, volta atrás e começa a viver uma nova vida. Portanto, nem sempre as nossas palavras nos levam à ação, mas o desejo que temos no coração de fazer a vontade de Deus. Aquele que disse que não ia, mas foi, é quem terá vez no reino dos céus. Valerá, então, o tempo do arrependimento. Por isso, muitos que nós julgamos perdidos podem receber o perdão e a salvação de Deus. Alegremo-nos! Deus está apenas esperando o nosso arrependimento. Reflitamos:  Você é daqueles que para agradarem as pessoas prometem qualquer coisa? – Você é capaz de mudar de opinião e atender ao pedido de alguém a quem você já deu um não?   - Em que você pode ainda voltar atrás? Você se arrepende de alguma coisa? A hora é essa!
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina
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Homilia do Mons. José Maria – XXVI Domingo do Tempo Comum – Ano A
As Aparências Enganam
O Evangelho (Mt 21,28-32) começa com uma pergunta dirigida por Jesus aos seus amigos “ Que vos parece ?”; para obter deles  uma resposta  que os ilumine  no seu próprio comportamento . A pergunta é muito simples: dois filhos são enviados pelo pai a trabalhar  na vinha ; o primeiro  responde  “ sim”, mas não  vai ; o segundo diz “não” mas depois  arrepende –se e vai. “Qual dos dois fez a vontade do pai? Os sumos sacerdotes e anciãos do povo responderam: “O primeiro” (Mt 21,29-31).É a sua condenação que Jesus proclama a seguir  bem claramente: “os cobradores de impostos  e  as prostitutas  vos precedem no Reino  de Deus”. Mas, por que razão ? porque os que se opõem ao Senhor – membros do povo escolhido e , além disso , sumos sacerdotes e anciãos  do povo – foram os primeiros a ser  chamados à salvação, mas  deram uma resposta   mais aparente  do que  real , pois  foi  deles que Jesus afirmou : “dizem , mas não fazem” (Mt 23,3).Ouviram a pregação de João Batista , mas não lhes deram crédito porque julgavam-se excessivamente seguros da sua ciência e da não necessidade de aprender ; excessivamente seguros da sua justiça e da não necessidade de conversão : “não vos arrependestes para crer nele” (Mt. 21,32 ) não aceitaram a palavra  de João Batista nem a de Jesus. Vêem-se , pois , colocados para depois , nada mais e nada menos que as pessoas de mau viver , cobradores de impostos e prostitutas ; pois estes arrependeram-se , “afastaram-se do mal que praticaram , acreditaram e praticaram “a justiça” (Ez.18,27), e , por isso foram recebidos  no Reino de Deus . Espontaneamente somos levados a pensar em Levi, Zaqueu, na adúltera ou na pecadora que, em casa de Simão, se prostra a Seus pés, cheia de dor e de amor.
Se os adversários de Jesus não acreditaram na Sua palavra e não se converteram, foi, principalmente, por orgulho, o bicho roedor de todo o bem e máximo obstáculo à salvação. Por isso, surge muito a propósito, a exortação de São Paulo à Virtude da humildade: “Tende entre vós  o mesmo sentimento  que existe em Cristo Jesus. Ele que era de condição divina…esvaziou-se a Si mesmo, assumindo  a  condição de escravo, tornando –se igual aos homens” ( Fl.2,5-7).Se o Filho de Deus Se humilhou ao ponto de carregar sobre Si os pecados  dos homens ,será pedir muito que estes sejam humildes no reconhecimento do seu orgulho e dos seus pecados?
Peçamos ao Senhor a graça de progredirmos na virtude da humildade, fundamento de todas as outras; pois a humildade, ensina o Cura D’Ars, “é a porta pela qual passam as graças que Deus nos outorga; é ela que amadurece todos os nossos atos , dando –lhes valor e fazendo com que  sejam  agradáveis a Deus .Finalmente , constitui-nos donos do coração de Deus ,até fazer Dele ,por assim dizer nosso servidor , pois Deus nunca pode resistir  a um coração humilde”.  È uma virtude que não consiste essencialmente em reprimir os impulsos da soberba , da ambição , do egoísmo , da vaidade … Trata-se de uma virtude que consiste fundamentalmente em inclinar-se diante de Deus e diante de tudo o que há  de Deus  nas criaturas , em reconhecer a nossa pequenez  e indigência em face da grandeza do Senhor .As almas santas sentem uma alegria muito grande em aniquilar-se diante de Deus , em reconhecer que só Ele é grande e que , em comparação com a dEle, todas as grandezas humanas estão vazias de verdade e não são  mais do que mentira. Este aniquilamento não reduz, não encurta as verdadeiras aspirações da criatura, mas enobrece-as e concede-lhes novas asas, abre-lhes horizontes mais amplos.
A humildade nos fará descobrir que todas as coisas boas que existem em nós vêm de Deus, tanto no âmbito da natureza como no da graça: “Diante de Ti,Senhor , a minha vida é como um nada”(Sl.39(38),6).Somente a fraqueza e o erro é que são especificamente nossos.
A humildade nada tem a ver com a timidez ou a mediocridade.Os santos foram homens magnânimos, capazes de grandes empreendimentos para a glória  de Deus .O humilde é  audaz porque conta com a graça  do Senhor , que tudo pode, porque recorre com  freqüência à oração , convencido da absoluta necessidade da  ajuda divina.E por  ser simples e  nada arrogante ou auto-suficiente , atrai as amizades , que são veículo para uma ação apostólica eficaz e de longo alcance .
A soberba e a tristeza andam frequentemente de mãos dadas, enquanto a alegria é patrimônio da alma humilde.
Hoje o Senhor nos envia a trabalhar na sua vinha. Somos o filho que diz Sim ou o que diz Não? Somos o primeiro ou o segundo? Seria melhor que fôssemos como o terceiro filho, do qual a parábola não fala: aquele que diz sim e vai mesmo!
O que importa mesmo não é parecer, mas ser realmente, realizar na vida o plano de Deus. Para tal, que tenhamos “o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus” (Fl. 2,5). Sejamos humildes, sinceros. As aparências enganam!
Mons. José Maria Pereira
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“A vinha do Senhor” – Claudinei M. Oliveira

Domingo, 25 de Setembro de 2011.

Evangelho  Mt   21,28-32


            Neste domingo, dia do Senhor, celebramos o dia da Bíblia. Nela inspiramos nossas ações para frutificar bons frutos e tornar-nos bons seguidores do ensinamento do Santo Evangelho. Nas leituras e na vivência da Palavra é que notamos a importância da conversão, ou seja, deixarmos de fazer coisas que não agradam a Deus para absorvermos o amor cimentado do Pai. Para tanto, encontramos também na Escritura o desejo do despojamento e da humildade para realizar o projeto de justiça aqui na terra.

            O despojamento é o desapossar, na essência, dos rancores que maculam a índole do cristão. Ou seja, desfazer das pretensões  maliciosas que enganam o sentido de querer fazer o bem para o Outro. Para encontrar Cristo, o ser do homem, deve estar renovado para acolher o novo, sem obstáculo que possa interromper o desempenho do caminho traçado. Diante do homem justo e fraterno nada pode desviar do cominho a não ser por ações  de ajuda da construção de um mundo melhor.

            Seguir a Palavra de Deus requer audácia  do cristão. Não é tarefa fácil abandonar as facilidades do mundo moderno, criado pelo homem, para viver a plenitude da graça de Deus. Ao rever a história do povo de Deus encontramos conflitos, desunião, desarmonia e muita confusão. Contudo, com a persistência de alguns profetas, guiados por Deus, aos poucos a vida cristã e a comunidade de Cristo foram se formando. Claro que houve uma luta constante para que o Reino se assentasse. Mas valeu a pena o empenho daqueles que souberam acolher a Palavra e transformá-la em vida no seio do povo.

            É preciso ter um norte, um ponto de partida, com objetivos bem traçados para realizar a busca desejada. A busca da qual nós empenhamos é a salvação da alma, pois acreditamos que Cristo Ressuscitou dentre os mortos para salvar o homem do pecado, e nós, com Cristo, também ressuscitaremos para viver na glória do Pai.  Enquanto este dia não chega, nossa missão é executar com carinho e dedicação as honras do Senhor. Somente as atitudes concretas vão dirimir nossos objetivos, se estamos fazendo a vontade ou se estamos enganando o nosso Pai.

            O Evangelho de hoje e bem claro: ou temos atitudes coerentes com o Pai e fazemos a sua vontade ou ficamos para trás se tentarmos enganá-lo. Nada fica escondido aos olhos de Deus. Ele observa tudo. Está atento a cada passo que projetamos e lê nossos pensamentos. Não temos como enganar o Nosso Criador.

Mas quando tentamos enganar Deus? Quando simulamos estar contido em seus ensinamentos, ficamos caridosos com os empobrecidos, choramos pelos abandonados e perseguidos, sofremos com os pobres. Entretanto, quando realmente fomos cobrados para colocar a mão na massa, nós fugimos, fazemos de conta que nem estamos interessados. Na verdade, estamos enganando a Deus. Pois preferimos o pobre, mas quando o pobre nos pede auxilio, nós corremos para o outro lado. Neste caso, sempre preferimos o rico. Ficamos do lado dele. Mas não damos o braço a torcer.

Por isso que falar é fácil, mas viver a realidade é difícil. Temos a Palavra de Deus a nosso alcance, falamos e escrevemos bonito para levantar suspiro de alguém, mas na hora de mostrar o quanto aprendemos, nós desaparecemos. Não esperamos ser cobrados.

Exemplo vivo está no Evangelho quando o pai pediu para que os filhos fossem trabalhar na vinha. O mais velho rejeitou, disse que não iria trabalhar, mas se arrependeu e foi cumprir sua missão. Já o mais jovem disse que iria ao trabalho, mostrou-se empenhado e pronto a executar a ordem, mas não cumpriu com a obrigação, não foi ao serviço. Qual será a mensagem permeada pelo evangelista Mateus neste trecho do Evangelho? Ao relermos do ponto de visto teológico descobriremos que servir o Reino de Deus, para maioria que é chamada, logo aceita, mostra-se vultoso e consolidado, mas ao passar do tempo percebe que não é bem aquilo que gostaria de fazer. Trabalhar para messe do Senhor toma muito tempo, requer preparo, privar de muitas atividades paralelas pessoais, então, logo abandona. Entretanto, às vezes, o cristão é chamado para o trabalho na messe (vinha), se assusta, fica confuso, nem acredita que tem tal potencial, não aceita, mas logo se converte e percebe que a Palavra confiada é grandiosa e parte para o trabalho.

Neste contexto, para que aja o serviço, torna-se necessário a conversão. Converter  é transformar uma vida pregressa numa vida ativa para Deus. É deixar de conviver para o mal para conviver no caminho do bem. Por isso é que Mateus escreveu a máxima usando as palavras de Jesus que é mais fácil a prostituta e o cobrador de impostos ganharem a salvação do que os “corretinhos” se salvarem. Porque eles entenderam a Palavra e passaram a praticá-las. Eles se converteram para Cristo e passaram a viver com Cristo.

Mateus foi um exemplo de conversão. Quando foi chamado para compor o discipulado, abandonou tudo e aceitou ser um construtor de reino de vida. Deixou a vida de morte, de espoliação, para uma vida de abertura da paz, do consolo.

O apóstolo Paulo também se converteu para Deus. Deixou a vida das trevas e da ignorância ao servir o imperador romano, para ser um missionário difusor das Palavras de Jesus. Tornou-se alguém de grande valia. Tanto que no Novo Testamento encontramos uma legião de escritos a partir de suas reflexões. Na verdade Paulo difundiu para além das fronteiras do Império Romano todo essência da veracidade de uma doutrina que liberta  o homem.

Portanto, buscamos nas Palavras de Jesus algo transformador. A Bíblia não deve ser lida somente para conhecer a história do povo de Deus, deve ser lida para ser vivida na totalidade. Enxergar e perceber nas palavras do Santo Evangelho a amplitude do amor de Deus para com seu povo. Não podemos viver na ignorância, na perdição, no desprezo, na maldade. Devemos viver na graça de Deus para consolidar um reino de paz e prosperidade. Agora, jamais fazer de contas que aceitamos os ensinamentos de Cristo, mas vivermos longe da realidade esperada. Amém!

-- 
Claudinei M. de Oliveira
Tenha a Paz de Cristo em seu Coração!

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Domingo, 25-Setembro-2011                                Gilberto Silva
Mt 21,28-32
“...os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem mo Reino de Deus.”
Caríssimos irmãos e irmãs,
 Estamos no mês da Bíblia e por isso devemos mais do que nunca ler, interpretar e aprender com ela os ensinamentos deixados, afim de que a coloquemos em prática e um dia alcancemos a graça da vida eterna. Hoje vimos que Jesus Cristo com toda a sabedoria e autoridade conferida pelo Pai vêm ao nosso encontro com palavras e parábolas para ilustrar a sua dinâmica de evangelização sobre quem O aceita ou  O rejeita.
Aos seus irmãos judeus, pode parecer que as palavras de Jesus Cristo foram contundentes, porém elas foram ditas para que os mesmos repensem as suas atitudes e que através do arrependimento possam voltar os seus corações ao Deus amoroso que tanto aguarda o retorno de seus filhos ao Reino dos Céus.
O coração humano é a fonte dos nossos desejos e ações. Com certeza a forma que Jesus Cristo se dirige aos mestres da Lei de que os publicanos e prostitutas os precederiam no Reino, certamente deve tê-los chocado e terrivelmente os abalado por causa das suas mentalidades legalistas. Afinal no entendimento deles, esses cobradores e essas prostitutas estavam num plano infinitamente inferior aos deles, e certamente já estavam condenados. Peçamos a Jesus, que não nos deixe contaminar pelo fermento dos fariseus.
Novamente, através do apóstolo Mateus, Jesus descreve esta parábola sobre o Reino de Deus; sobre os irmãos trabalhadores da vinha de seu pai. Jesus no domingo passado (18/09) mostrou-nos que os último serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. Nesta, o primeiro filho diz não ao pai, contudo, arrependido , resolve obedecê-lo. O segundo ao contrário diz sim e o desobedece.
João Batista havia pré-anunciado o Cristo, o caminho da santificação e a iminência do Reino dos Céus através da conversão e da fé. Entretanto, os mestres da lei e os fariseus não quiseram ouvi-lo e muito menos acreditar. Assim, estavam agindo como o segundo filho do vinhateiro “Sim, Senhor, eu vou” e não vai. Agem da boca para fora de acordo com os seus valores religiosos e políticos.
Ao contrário, os publicanos e prostitutas agem como o primeiro filho: “Não quero”.E arrependidos de seus erros, seus pecados vão para a vinha, para o Reino de Deus. O arrependimento e a conversão são as bases no coração do ser humano para que possa trilhar os caminhos que levam a santidade e ao Reino, ainda que se tenham vivido a maior parte de suas vidas longe do Pai, no pecado.
São várias as causas que influenciam a nossa resposta. Elas dependem de percepções e a abertura que damos à Palavra para que esta venha criar raízes profundas em nossos corações a ponto de ser colocada em prática na nossa vida e na vida dos irmãos. O evangelho de hoje, nos faz pensar que as palavras não expressam a resposta do ser humano para com Deus. A resposta que Deus espera é a sua atuação e não a sua palavra. Não adianta você gritar se os teus atos falam mais alto que a suas palavras.
O que precisamos é dar uma resposta integral com gestos e atitudes. É colocar o nosso pensar e agir buscando uma maior experiência com Jesus Cristo através das leituras do santo evangelho, deixando se envolver na sua totalidade de coração e de mente.
Vamos irmãos e irmãs, praticar a boa obra e rezar por todas as pessoas para que elas se  arrependam e se convertam à justiça e ao amor.

Louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo.


                         Gilberto Silva
          (33}-8828-5673-(33)-3279-8709
"Meu Senhor e meu Deus, refúgio e fortaleza"
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QUEM VAI TRABALHAR NA VINHA?

A Palavra de Deus deste domingo recorda-nos que nossa relação com o Senhor não é algo estático, congelado, adquirido uma vez por todas. Ninguém pode dizer que possui uma amizade permanente com o Senhor, amizade que é garantida para sempre e não poderia jamais ser perdida. Não! Não é assim! Nossa relação com o Senhor é um caminho, caminho dinâmico, que vai se configurando na nossa vida, crescendo ou diminuindo, aprofundando-se ou morrendo, conforme nossa atitude em cada fase de nossa existência. O Senhor é sempre fiel, não muda jamais; quanto a nós, devemos cuidar de ir sempre crescendo, de fé em fé, de esperança em esperança, de amor em amor, na nossa relação com o Senhor. É isto que as leituras de Ezequiel e do Evangelho nos sugerem. O profeta Ezequiel, em nome de Deus, previne: “Quando o justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre!” Eis, que exemplo trágico: o amigo de Deus que morre para a vida com Deus! E por quê? Porque se descuidou e foi matando a relação com o Senhor, a ponto de matar Deus no seu coração e morrer para a relação com Deus! Ninguém pode dizer: “Já fiz tanto, já dei tanto ao Senhor, já renunciei tanto. Agora basta! Vou estacionar!” Isso seria regredir, definhar no caminho do Senhor, morrer para a vida com Deus! Mas, o contrário também é verdadeiro. Escutemos: “Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. Arrependendo-se de todos os céus pecados, com certeza viverá; não morrerá!” Eis a bondade do Senhor, que não nos prende no passado pecaminoso: Senhor da vida, teu amor nos faz recomeçar sempre! Não há desculpas para não mudarmos de vida, para não recomeçarmos, para não deixarmos nosso atoleiro de pecado, de vício de preguiça espiritual! O Senhor nos espera sempre hoje, no aqui e no agora; ainda que não muitas vezes não acreditemos mais em nós mesmos, ele continua crendo em nós, ele nos dá sempre a chance de experimentar seu perdão e sua misericórdia!
O que o Senhor falou pela boca de Ezequiel, Jesus confirma na parábola do Evangelho deste hoje. Quem são os dois filhos? O primeiro, que não queria obedecer ao pai, mas depois se arrependeu, são os pecadores que, arrependidos e humilhados, de coração acolheram Jesus e o Reino que ele veio anunciar; o segundo filho, que prometeu fazer a vontade do pai e, depois, fez como bem quis e entendeu, são aqueles escribas e fariseus, justos aos seus próprios olhos, caprichosos e auto-suficientes, que terminaram perdendo o Reino de Deus por recusarem acolher Jesus e sua palavra. Eis, caríssimos: o que estamos sendo diante de Deus? Estamos sendo generosos para com ele? Temos acolhido sua vontade na nossa vida? Temos sido atentos aos seus apelos? Deveríamos sempre progredir no caminho do Senhor...
Progredimos quando o amamos, quando fazemos sua vontade, quando a ele nos dedicamos; progredimos quando crescemos na virtude, progredimos quando somos fiéis aos nossos compromissos para com ele... Mas, entre nós, há aqueles que regridem, que esmorecem, que esfriam e se afastam... aqueles que pensam que podem ser cristãos numa atitude de comodismo burguês...
Que fazer para não parar? Que fazer para crescer no caminho do Senhor? São Paulo nos indica um caminho de grande beleza, simplicidade e eficácia, um caminho indispensável a todos nós! Quereis crescer na estrada de Deus? Quereis experimentar seu amor? Quereis viver de verdade? Então, “tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus!” Que conselho! Contemplar Jesus, aprender dele, do seu coração, seus sentimentos de total amor e total doação em relação ao Pai e a nós; aprender sua doçura, sua humildade, sua obediência radical ao Pai: “Ele, existindo na condição divina, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo, tornando-se igual aos homens, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz”.
Em Cristo, temos o hábito de pensar em Jesus, de contemplar essa sua atitude? Olhemos a cruz, aprendamos a lição do Senhor! Cristo nunca se buscou a si próprio, mas esvaziou-se totalmente, desejando somente a vontade do Pai. Por isso foi livre, por isso foi a mais perfeita e completa manifestação do Reino de Deus, pois isso o Pai o exaltou, o glorificou, encheu-o de vida plena!
Pois, bem, o apóstolo nos convida a contemplar Jesus, escutar Jesus, para adquirir os sentimentos de Jesus e, assim, viver a vida de Jesus. Viver assim, é ser amigo de Deus, é viver de verdade e tornar-se sinal de vida divina para os outros. Isso os cristãos deveriam ser; isso a Igreja deve ser! Pensem no quadro encantador que São Paulo traça: “Se existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se existe ternura e compaixão... aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, e cada um não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro!” Eis, caríssimos, o que é ter os sentimentos do Cristo; eis o que é viver para Deus; eis o que é ser já agora, testemunha daquela verdadeira vida que o Senhor nos dará por toda a eternidade! Cresçamos nesse caminho, progridamos nessa vida, para vivermos de verdade. Como pede a oração inicial desta santa missa: “Ó Deus, derramai em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais!”
dom Henrique Soares da Costa
Homilia do Padre Françoá Costa – XXVI Domingo do Tempo Comum – Ano A
Arrependimento
“Se arrependimento matasse…” Esta frase é a expressão de uma dor profunda, do desejo de voltar atrás e de não ter feito determinada ação ou dito certa palavra. A contrição, isto é, o arrependimento por termos ofendido a Deus tem a ver com essa realidade: vontade de não ter cometido tal ou qual ação. O primeiro dos filhos que aparecem do Evangelho de hoje teve essa oportunidade: voltar atrás. Ele tinha dito ao seu pai que não queria ir trabalhar na vinha. Falou a verdade. “Mas, em seguida, tocado de arrependimento, foi” (Mt 21,29). Mas será que ele voltou atrás mesmo? Somente em parte. Se observarmos bem, não era possível àquele jovem dar uma resposta diferente daquela que ele já tinha dado ao seu pai: o que aconteceu, aconteceu. O nosso jovem, não obstante, procurou reparar aquela situação através da sua boa ação: foi trabalhar na vinha!
Como foi bela a atitude daquele jovem! Não porque ele tenha dado uma resposta de desobediência ao pai, mas porque ele se arrependeu logo e também porque ele procurou mostrar o seu amor através da própria atuação. Quando as palavras já não são suficientes restam as obras e quando ambas já não servem para expressar o que sentimos, o silêncio ganha em eloquência.
Fazer coisas erradas parece inevitável enquanto estivermos neste vale de lágrimas. No meio a tantos erros e pecados não nos esqueçamos, porém, que Deus espera o nosso arrependimento, a nossa dor de amor. É fruto da graça, sem dúvida, mas também nós podemos colaborar ao não resistirmos à ação do Espírito Santo em nosso favor. O estranho não é ter pecados, o esquisito não é equivocar-se, a coisa rara de verdade não é errar. O que tem de estranho que a miséria seja miserável? Nada. Na vida de um filho de Deus, de um cristão, o verdadeiramente bizarro seria não arrepender-se de ofender a Deus, que é tão bom e amável.
Arrepender-se não é o mesmo que chorar. Pode haver pessoas que estão muito arrependidas, mas das quais não brota sequer uma lágrima. Por quê? São insensíveis? Não, simplesmente porque são pouco propensas à afloração de sentimentos. A contrição ou arrependimento “consiste numa dor da alma e aversão ao pecado cometido, com a resolução de não mais pecar no futuro” (Cat. 1451). O Catecismo da Igreja Católica distingue dois tipos de contrição: perfeita e imperfeita.
A contrição perfeita “brota do amor de Deus, amado acima de tudo (…). Esta contrição perdoa as faltas veniais e obtém também o perdão dos pecados mortais, se incluir a firme resolução de recorrer, quando possível, à confissão sacramental” (Cat. 1452). Já que Deus aparece ao fiel como realidade amável, tudo o que lhe afastou de Deus parece como algo profundamente detestável. É o amor, portanto, que abre os olhos para que vejamos a feiura do pecado. No lado oposto de cada amor se encontra o ódio; neste caso, vem à alma o ódio, a aversão, ao pecado cometido porque este ofende a Deus, bom e digno de todo o nosso amor e adoração.
A contrição imperfeita (atrição) “nasce da consideração do peso do pecado ou do temor da condenação eterna e de outras penas que ameaçam o pecador (contrição por temor)” (Cat. 1543). Neste caso, o Espírito Santo nos impulsiona através do temor para que percebamos algo do mal que cometemos. Este tipo de arrependimento é suficiente para que possamos aproximar-nos do sacramento da confissão e pedir perdão a Deus de todos os nossos pecados.
Não podemos aproximar-nos do sacramento da confissão sem nenhum tipo de arrependimento. Neste caso, ainda que o sacerdote absolvesse, não seríamos perdoados porque estaríamos resistindo ao perdão de Deus. Note-se: não é que Deus não queira me perdoar, sou eu quem resiste ao seu perdão amoroso ao não arrepender-me. Assim como eu não posso chegar para alguém e dizer assim: “olha, eu matei o seu filho, você me perdoe; mas, se o seu outro filho me agoniar eu vou matá-lo também”. De maneira semelhante, não podemos chegar diante de Deus, no sacramento da confissão, e dizer-lhe: “eu fiz esse pecado, me perdoe; mas eu vou continuar fazendo o mesmo pecado, é só aparecer a primeira oportunidade”. O quê? Ainda esperamos que Deus nos perdoe tendo tal atitude interior. Sejamos sinceros e conscientes de que “de Deus não se zomba” (Gl 6,7).
Pe. Françoá Costa

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Ensina-me, senhor, os teus caminhos (Sl. 25,4)
I. Introdução geral
Os textos de hoje nos mostram que o reino de Deus entra em diálogo com o ser humano para que este possa distinguir entre o modo como se dá a ação divina e a maneira humana de proceder. O ser humano é uma tarefa, ele nunca vai estar terminado; sua existência no mundo é um constante fazer-se e refazer-se baseado nas decisões tomadas com livre-arbítrio.
Quem é bom pode deixar o caminho do bem, e quem é perverso pode abandonar a vereda do mal. Por isso, Deus está constantemente chamando o ser humano para que deixe os caminhos tortuosos e diga um “sim” consciente e maduro que seja realmente “sim”. Para isso, Deus envia mediadores, na tentativa de chegar ao coração humano.
Contudo, as pessoas podem recusar o chamado de Deus, fazer pouco caso de sua proposta ou até mesmo ser hostis com os mediadores que ele envia. É sobretudo por orgulho que opõem obstáculos à própria salvação. Por isso, exorta-nos o apóstolo: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo”.
II. Comentário dos textos bíblicos
1. Evangelho (Mt. 21,28-32): João ensinou o caminho da justiça e não acreditaram nele
Jesus, para nos instruir sobre nossas próprias escolhas, conta-nos a parábola dos dois filhos que mudaram de atitude. Deus nos fez livres. A salvação que ele nos oferece é puro dom. Cabe a nós responder “sim” ou “não” a esse convite. O livre-arbítrio possibilita ao ser humano acolher em sua vida o bom ou o mau caminho. Há sempre a possibilidade de mudar de rumo. É isso o que nos mostra o texto. Ambos os irmãos mudaram de rumo. Um fez a vontade do pai e o outro não.
Estar no rumo certo não é sinônimo de segurança, pois podemos ser facilmente levados para outro caminho se não nos mantivermos atentos ao chamado constante de Deus. Por isso a necessidade constante de conversão, porque não estamos prontos. E os que se acham “santos” são muito facilmente propensos ao erro, mais do que os que têm firme consciência das próprias limitações. Os “santos” acabam afogando-se na sua soberba e se fecham à graça divina. Ao contrário, os pecadores são mais abertos para acolher a graça, pois confiam apenas na misericórdia de Deus.
Fazer a vontade de Deus é muito mais acolhê-lo na vida diária do que proclamar discursos vazios, destituídos de testemunho de vida. Deus nos chama constantemente a viver seu amor na doação total de nossa vida ao irmão. Deve-se viver esse chamado nos atos cotidianos, nas relações interpessoais, nas próprias escolhas. Fazendo assim, caminha-se na justiça e no testemunho fidedigno do reino de Deus.
2.  I leitura (Ez. 18,25-28): Deus ensina o caminho aos pecadores
O texto começa com uma estranheza: “o caminho do Senhor não é direito” (v. 25). Pensava-se dessa forma porque Deus não fazia o que se esperava, a saber: recompensar o “justo” e castigar os “injustos”. Esse modo diferente de Deus proceder irritava as pessoas tidas como santas naquela época.
Por meio do profeta, Deus toma a palavra e põe as intenções humanas às claras: os caminhos humanos é que são tortuosos, mas, apesar disso, Deus continua chamando, respeitando o livre-arbítrio e perdoando a cada um de seus filhos.
Em primeiro lugar, Deus se dirige aos tidos por justos. O que se pode dizer de uma pessoa realmente justa? Como pode ser qualificada uma pessoa convertida? Aquele que aparentemente é santo e irrepreensível e comete atos que fazem transparecer grande maldade no coração pode ser considerado justo ou convertido? Segundo o texto que foi proclamado, a pessoa que se qualifica assim não é verdadeiramente justa, e Deus, que tudo vê, considera os atos de iniquidade dela, e não sua suposta justiça externa.
Outros são tidos por pecadores, hereges, infiéis, gentinha de má conduta. A estes Deus convida à conversão e, caso tenham abertura para acolher o perdão divino, é-lhes assegurado que não serão considerados os atos praticados numa vida desregrada, muitas vezes afetada por condicionamentos sociais, religiosos e psicológicos.
Enfim, o texto bíblico exorta todos à conversão, e a todos está destinado o perdão de Deus.
3.  II leitura (Fl. 2,1-11): O esvaziamento de Cristo nos ensina o caminho para Deus
O apóstolo Paulo pede aos filipenses que tenham os mesmos sentimentos de Cristo (v. 5). Com isso, ele espera resolver o problema daquela comunidade: egoísmo e arrogância (v. 3) e dissensões internas que ameaçavam o amor, a unidade e o companheirismo. Mas quais seriam os sentimentos de Cristo que o apóstolo deseja inculcar nos filipenses?
Para definir bem de que se trata, Paulo usa o termo “esvaziamento” ou “abaixamento”, que significa privar-se de poder ou abdicar de um direito que se possui. Cristo não se apegou à sua condição divina nem usou dos privilégios dela em favor de si mesmo, mas assumiu a existência humana como servo. O abaixamento de Cristo não é apenas tornar-se humano, mas, além disso, tornar-se servo.
Isso caracteriza a totalidade da vida de Jesus, que assumiu as limitações humanas e esteve à mercê de nosso egoísmo e violência, responsáveis pela sua morte terrível na cruz. Porque, acima de tudo, ele quis atender ao bem-estar e aos interesses dos outros em vez de ter interesses egocêntricos.
Esse modo de viver de Jesus nos ensina o caminho para Deus. É descendo a escada da humildade que ascendemos ao reino definitivo. Esses critérios são diferentes dos critérios humanos, mas são o único e legítimo caminho para a verdadeira humanização e para Deus.
III. Pistas para reflexão
O momento atual é marcado por uma religiosidade intimista e subjetiva de relacionamento vertical: o indivíduo e Deus. Isso traz como consequência a ideologia da prosperidade: “Eu não cometo pecados escandalosos e, em troca, Deus me abençoa com o que quero”. Esse tipo de religiosidade suscita a ideia de um Deus castigador que está contra os “maus” e recompensa os “bons”. As leituras de hoje mostram que tal pensamento é tortuoso e não representa os critérios de Deus. Por isso é bom destacar na homilia a gratuidade, o cuidado com os mais fracos, a tolerância e o diálogo que constroem comunidade.
Hoje é o dia da Bíblia, palavra de Deus, “luz para os passos, lâmpada para o caminho” (Sl 119,105). Esta data não deve passar sem algum destaque na comunidade. Há um clamor uníssono para que a palavra de Deus seja o centro da vida e da missão da Igreja. Este dia é ótima oportunidade para que sejam iniciados (ou melhorados) eventos que destaquem a centralidade da palavra de Deus em toda a Igreja, começando pelas comunidades mais simples e pequenas até atingir o mundo inteiro.
Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
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Há sempre a possibilidade de um recomeço
Há pessoas que dizem que são do Senhor, mas não são. Há aqueles que afirmam não quererem trabalhar na vinha do Senhor, mas vão. Mateus nos conta hoje a parábola dos dois filhos:  um disse que aceitava trabalhar na vinha, mas não foi e o outro, dizendo que não ia, foi. O sim precisa ser sim... e o não pode, quem sabe se transformar num sim...
Há pessoas que, desde a sua mais terna infância, seguem o Senhor com um gênero sólido de vida cristã, coerente, numa fidelidade criativa. Há também os que, de alguma forma,  foram se acostumando às coisas religiosas, colocando ritos, praticando isso e aquilo, mas na realidade tudo com um coração ritualístico.  Na hora dos grandes convites de Deus para ir mar a adentro não mostram coragem... dizem sim... colocam preces, mas não conseguem fazer de sua vida um hino de serviço à vinha do Senhor.
Há a epopéia desse filho da parábola que não queria aceitar o convite:  “Não quero”.   Os herdeiros da tradição vetero-testamentária  não conseguiram arrumar seu interior e acolher Jesus. Os pagãos e os pecadores que, na realidade, no principio disseram um não, mudaram a orientação de sua escolha:  “Em verdade eu vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no reino de Deus”.
 Viver é sempre um desafio. Vamos fazendo nossa trajetória e nossas escolhas. Pode ser que muitos sem  uma família ordenada, pessoas que foram sendo levadas, por seus instintos e na pobreza de cada um, a um estilo de vida distante das insinuações e dos convites amorosos  de Deus. Esses são os filhos que disseram que não iam...mas depois se converteram, mudaram a arrumação de seu interior... as prostitutas e os cobradores de impostos  experimentaram uma festa no coração com a transformação e a conversão do coração.
A epístola aos  filipenses, uma carta de Paulo cheia de ternura,  leva seus leitores a um crescimento no amor de Deus. Os seguidores de Cristo precisam respirar unidade: “...aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando  a unidade”. Os que querem acertar no seu seguimento terão algumas  “marcas” : não fazer nada por competição e vanglória, mas tudo com humildade; nada de agir com mentalidade de competição; julgue que o outro seja mais importante;  não cuidar apenas o que é seu; ter os mesmos sentimentos de Jesus que sendo de condição divina se tornou obediente até à morte de cruz.
frei Almir Ribeiro Guimarães
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A verdadeira obediência
Ao aproximar-se o fim do ano litúrgico acentuam-se os temas da conversão e da graça, enquanto se desenha com sempre maior nitidez a perspectiva final. Em Ez 18,25-28 (1ª leitura), Deus se defende da acusação de injustiça levantada contra seu modo de julgar; e confirma: quando um“justo” se desvia, ele se perde; quando um malvado se converte, ele se salva. Jesus expõe esse tema na parábola dos dois filhos, o do “sim, senhor”, que promete e não faz, e o do “não”, que se arrepende e faz. Qual dos dois faz o que seu pai deseja? O último. Então é este o justo de verdade: vai bem com Deus. E, para explicar mais uma vez que “os últimos serão os primeiros”, Jesus ensina aos “bons” (os fariseus) que os publicanos e as meretrizes os precederão no Reino, pois acreditaram na pregação de penitência de João Batista e se converteram, mas os fariseus não (evangelho).
Olhemos o caso do filho que diz “sim”, mas não vai. Para entender bem o evangelho de Mt, que continuamente opõe a graça do Reino ao cálculo auto-suficiente dos fariseus, devemos colocar-nos na pele dos que devem se converter, os fariseus. Pois se achamos que já nos convertemos o bastante, estamos perdidos. É bom identificarmos-nos com os fariseus e deixar tinir os nossos ouvidos com as palavras que Jesus lhes dirige. Estamos acostumados a dizer “sim, senhor” a Deus e a todo mundo. Já fomos batizados sem o saber, fazemos de conta de acreditar tudo o que a Igreja diz etc. O Papa manda, e nós obedecemos, mas quando é muito difícil, damos um jeito... Dizemos “sim”, mas fazemos o que nós queremos. Entretanto, há prostitutas que se prostituíram porque precisavam viver e os “bons” se prontificaram a usá-las. Há publicanos que vivem do suborno, porque há “bons” que usam seus serviços. Mas entre os publicanos e as meretrizes encontram-se os/as que, algum dia, descobrem que podem andar por outros caminhos e ser filhos e filhos de Deus tão bem como qualquer pessoa. Então, deixam a bebida e tornam-se bons pais de família e até pregadores na Assembléia de Deus...
Jesus repreende os “bons” porque não se converteram. E hoje, alguém está pregando a conversão para “os bons”? Talvez os profetas não estejam falando bastante claro. Os que optaram pelos pobres e marginalizados fogem do âmbito dos “bons cristãos” para não ter de enfrentar esse público. Mas, mesmo assim, “a voz do Batista” ainda não emudeceu. Os bons é que mais precisam de que se insista na sua conversão. Pois converter-se é mais difícil para eles do que para os pecadores reconhecidos. Converter-se significa que antes não se estava tão bem como parecia. Ora, para quem já perdeu a cara, é relativamente fácil reconhecer isso. Mas largar uma posição de estima significa entrar na incerteza... isso não é fácil para os “bons”. Mas que experimentem pelo menos!
O caso do primeiro filho se aplica aos pecadores patentes. Eles dizem “não” a Deus. Mas muitos deles - talvez por certa simplicidade de coração e por não terem o costume das falsas justificativas - são atingidos pela bondade de Deus e o desejo de lhe corresponder. E acabam fazendo sim!
A 2ª leitura incita a profunda conversão, a recebermos em nós o espírito de Jesus Cristo, que, em obediência ao plano do amor do Pai, se esvaziou por nós, tomando a figura do último dos homens (cf. dom. de Ramos). Se Jesus se esvaziou de sua justa glória divina por que não nos esvaziaríamos de uma grandeza enganadora - a justiça que nos atribuímos aos nossos próprios olhos - ou de qualquer forma de grandeza passageira (bens materiais, honra etc.), para sermos completamente doados aos nossos irmãos. Em harmonia com a 2ª leitura, pode-se escolher o prefácio dos domingos do tempo comum VII (a obediência de Cristo).
O espírito da liturgia de hoje acentua a “obediência”, que não significa submissão a rejeitável usurpação, mas dar “audiência a quem o merece. Obediência legítima e sabedoria e justiça. E mais: se sabemos que Deus nos mostra um caminho incomparável (em Jesus Cristo), então, obedecer-lhe é o melhor que podemos fazer para nós mesmos e para nossos irmãos: obedecer por amor. Nesta hipótese, a obediência já não pode ser meramente formal, do tipo “sim, senhor”. Terá de ser um movimento do interior do nosso coração e mexer com nosso íntimo, exatamente como aconteceu àquele filho que, primeiro, não quis, mas depois sentiu a injustiça que estava cometendo em relação ao “Pai de bondade” e executou o que lhe fora pedido.
Johan Konings "Liturgia dominical"
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“Nem todo aquele que me diz ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus”
1ª leitura: Ez 18,25-28
O capítulo 18 do profeta Ezequiel traz uma concepção nova de responsabilidade. Para o povo que só pensava na responsabilidade coletiva, ele vai insistindo sobre a responsabilidade individual. O povo no exílio começa a pensar que está pagando pelos pecados dos seus antepassados. Aliás, isto é um pensamento comum. O exílio é visto como consequência das infidelidades à Aliança, infidelidade dos seus pais, mas eles também cometem pecados e injustiças e agora estão acusando a Deus dizendo: “A conduta do Senhor não é correta!”. E é aqui que começa o nosso texto num forte acento sobre a responsabilidade individual. Eles não entendem a justiça de Deus e dizem que Deus está agindo errado, cobrando dos filhos a culpa dos pais. Deus, então, convida o povo a um exame de consciência sério e profundo, pois é a conduta deles que não é correta. Deus nunca quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva. Quem comete iniquidades morre em consequência de seus próprios erros. Não é Deus que manda a morte diretamente. Quando um ímpio, um pecador se arrepende de seus erros e começa a ter conduta reta, ele conserva a sua vida. Cada um é, portanto, responsável pelos seus próprios atos. A conduta de Deus é sempre correta, pois ele quer a vida e generosamente dá o perdão para aqueles que se arrependem. O importante, então, é que cada um se arrependa de todos os seus crimes e erros e a vida sorrirá para ele.
2ª leitura: Fl. 2,1-11
Este trecho leva a comunidade a um exame de consciência. Os versos iniciais são um apelo ao que há de mais sagrado. Paulo é delicado ao chamar a atenção de sua comunidade. “Conforto em Cristo”, “consolação no amor”, “comunhão no espírito”, ternura e compaixão”, são expressões que revelam o apelo ao que há de mais sagrado, apelo feito por quem se sente profundamente unido à sua comunidade com laços de verdadeira ternura. Toda a carta é uma demonstração de afeto e de alegria. Mas o apóstolo gostaria que sua alegria fosse completa. E o que falta para isso? As exortações do apóstolo revelam o que está faltando na comunidade. Está faltando comunhão de vida, de sentimentos, de amor. O coração da comunidade está dividido. Está havendo competições, rivalidades, vanglórias, está faltando a humildade; alguns estão se achando superiores aos outros e se atolando no orgulho e no egoísmo, cuidando apenas do que é seu. A comunidade está bem distante dos sentimentos de Cristo, que se despojou totalmente, se humilhou ao extremo e se entregou por nós. Paulo arremata suas exortações com este pedido: “Tenham os mesmos sentimentos de Cristo Jesus”.
Evangelho: Mt. 21,28-32
Antes de comentarmos a parábola dos dois filhos, precisamos fazer duas perguntas. Onde Jesus está? O capítulo 21 nos mostra Jesus no Templo. O Templo simbolizava a sede dos donos do poder político, econômico e ideológico do tempo de Jesus. É ali que vão surgir os conflitos que levarão Jesus à morte. Mas Jesus não teme. Pelo contrário, ele provoca o confronto e desmantela os mecanismos das estruturas injustas. A quem Jesus se dirige? Jesus conta a parábola exatamente para os responsáveis, para os senhores do Templo: sumos-sacerdotes e anciãos do povo. Os primeiros representam o poder religioso-ideológico. Como é a parábola? É o pai pedindo aos dois filhos que fossem trabalhar na sua vinha. O mais velho respondeu que não quer, mas depois arrependeu e foi. O mais novo respondeu cordialmente que ia, mas não foi.
Jesus pergunta então aos sumo-sacerdotes e aos anciãos, qual dos dois fez a vontade do pai. A resposta vem logo: “O filho mais velho”. Quem é o filho mais velho? São os cobradores de impostos e as prostitutas que primeiro disseram não, mas depois se arrependeram e aceitaram o testemunho de João. Cobradores de impostos e as prostitutas representam todos aqueles que as elites marginalizaram e excluíram claramente do Reino de Deus. Quem é o filho mais novo? O filho mais novo são os donos do poder, são os membros do sinédrio, é a elite de Israel, que aparentemente disse sim a Deus, mas cujo sim ficou apenas nas palavras. São os que dizem, mas não fazem. São os que se dizem defensores da religião e em nome de Deus oprimem, marginalizam e excluem o povo de sua participação no Reino. Jesus afirma claramente que os marginalizados entrarão antes deles no Reino do Céu. Esta expressão “entrarão antes” não significa que vai chegar a vez deles, mas é um modo típico na mentalidade hebraica de afirmar a exclusão. Numa palavra, eles não entrarão no Reino dos Céus, pois “nem todo aquele que me diz ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus”( Mt. 7,21).
Dom Emanuel Messias de Oliveira
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No Evangelho de hoje, Jesus está no Templo em Jerusalém ensinando ao povo. Ali os chefes dos sacerdotes e os anciãos O questionam sobre Sua autoridade. Jesus responde fazendo outra pergunta que eles preferem não responder e, por isso, Ele também não responde à pergunta.
Em seguida na presença de todo o povo, Jesus faz um questionamento para que todos reflitam sobre a realidade que vivem, e para saber como anda o entendimento daquilo que Ele vinha pregando.
Jesus conta a história de um pai e seus dois filhos a quem deu uma ordem. O filho mais velho que aparentemente demonstra ser egoísta e responde com agressividade, arrependido atende ao pedido de seu pai; e o mais novo, que pela resposta positiva, demonstra ser bom e obediente, não faz o que o pai lhe pede e não cumpre com a sua palavra.
Com esta parábola, Jesus aponta para a hipocrisia e mostra que as aparências muitas vezes enganam.
Muitas pessoas se acham mais amigas de Deus porque rezam e frequentam os templos e, por isso, se acham livres do pecado, se julgam mais justas que as outras, as mais certas, mas não se comprometem com a obra do Pai, não praticam tudo que dizem, não obedecem e não fazem a vontade de Deus. Por outro lado, tantas outras que vivem à margem da sociedade, como os mais pobres e marginalizados do tempo de Jesus, tantas vezes consideradas erradas e pecadoras, ouviram os ensinamentos de João Batista, arrependeram-se e se converteram, ou seja, mudaram a direção da sua vida e tornaram-se dignas de participar do Reino de Deus. Estes são como o filho mais velho da história que representa os pecadores e os marginalizados que aceitam a mensagem de Jesus e se comprometem com a proposta da justiça. O filho mais novo recorda ‘as pessoas de bem’, maquiadas de religiosidade e justiça, prontas a se escandalizar e a se levantar em defesa de uma suposta verdade, mas que são presas fáceis do dinheiro e do apego à matéria.
Jesus ensina, com esta parábola, que a atitude do filho mais velho é fruto da humildade, do arrependimento, do respeito e do desejo de estar próximo de Deus por amor verdadeiro a Ele, e que ser filho obediente do Pai não é uma questão apenas de pronunciar belas palavras, mas de gestos e atitudes que vêem de encontro com a prática de Jesus.
Jesus, tendo sido questionado pelos chefes religiosos, membros do Sinédrio, passa à ofensiva e lhes propõe uma parábola simples, sem grandes detalhes. Na parábola, um dos filhos, de início, rejeitou o pedido do pai para ir trabalhar na vinha, porém depois fez conforme o pai pedira. O outro filho concordou logo, mas, efetivamente, não o fez. Agora é Jesus quem pergunta aos chefes judeus: "Qual dos dois fez a vontade do pai?"
Diante da resposta dos chefes, reconhecendo que foi o primeiro filho quem fez a vontade do pai, Jesus volta a colocar em evidência o testemunho de João Batista: os chefes religiosos judeus não fizeram a vontade do Pai ao rejeitarem o caminho da justiça anunciado por João. Porém os excluídos, publicanos e prostitutas, que eram considerados pecadores, fizeram a vontade do Pai quando creram e aderiram a João. O próprio João Batista, dirigindo-se a estes chefes, proclamara: "Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, então frutos de arrependimento e não penseis que basta dizer: ´Temos por pai a Abraão´"... (Mt. 3,7b-9). É contundente e profundamente subversiva a sentença final de Jesus: "Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus".
Porque os publicanos e as prostitutas acreditaram em João, mas os chefes de Israel, não. Os marginais acolhem Jesus e as elites o rejeitam. É a expressão de uma sociedade fundada em valores e estruturas equivocados. Suas elites se afirmam em torno do poder e do dinheiro e humilham, exploram e excluem os humildes, fracos, pequenos e pobres. Estes se unem em torno de Jesus que se fez igual a eles (segunda leitura).
Para Deus o essencial é a prática atual da justiça e do amor, independentemente do passado ou de pretensos direitos religiosos adquiridos (primeira leitura).
padre Jaldemir Vitório
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É bom rezar a Deus pedindo que Ele nos dê tempo para uma verdadeira penitência. E podemos pedir-lhe tal tempo porque Ele não desiste de nós e está sempre à espera do nosso retorno. Vivemos dizendo “sim” e fazendo o “não”. Dizemos e não praticamos; ouvimos, cantamos, e fazemos o contrário. Outros dizem “não”. Não acredito em Deus, não sou praticante, não leio o Evangelho, mas depois acabam fazendo o que sua consciência manda que façam. Se a consciência for bem formada, farão o que Deus quer. Deus olha os corações e vê nossos gestos concretos. Eles revelam nosso projeto de vida. É evidente que as palavras devem expressar a verdade do nosso pensamento e da nossa vontade, mas nem sempre é assim. Nem sempre as palavras correspondem ao nosso projeto de vida.
Mt 21,28-32 – Conversando com os sacerdotes do Templo e os anciãos do povo, Jesus lhes faz uma pergunta contando uma pequena história, muito simples, mas reveladora do pensamento de Deus. Um homem tinha dois filhos. Pediu a um que fosse trabalhar na sua plantação. Ele disse que não ia e depois foi. O outro disse logo que ia, mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do Pai? Aquele que foi trabalhar, é claro. Há muita gente dizendo “não” a Deus, mas depois cai em si, se arrepende e faz o que Deus quer. Assim aconteceu com as prostitutas e os cobradores de impostos que ouviram a pregação de João Batista e mudaram de vida. Os sacerdotes e os anciãos, porém, viram isso e não aceitaram a pregação de João Batista nem se converteram. Certamente eles achavam que não tinham nada para se converter porque não eram nem prostitutas nem cobradores de impostos, mas deviam pelo menos prestar atenção na pregação de João e rever a própria vida. Por isso, acrescenta Jesus, na fila de entrada no céu, as prostitutas e os cobradores de impostos irão na frente dos sacerdotes do Templo e dos anciãos do povo.
Ez. 18,25-28 – Não critiquemos a Deus na sua bondade e misericórdia, diz o profeta Ezequiel. O justo não deve se desviar da justiça, e a pessoa má, que mostra o seu arrependimento praticando o direito e a justiça, terá a vida que não termina. O homem justo também tem os seus erros, mas não os reconhece e com isso os seus erros aumentam. O grande erro de quem se considera justo é não aceitar que Deus perdoe o pecador.
Sl. 24 (25) – O Senhor é piedade e retidão por isso Ele reconduz os pecadores ao bom caminho, dirige os humildes na justiça e ensina o seu caminho aos pobres.
Fl. 2,1-11 – Vivamos todos em harmonia, procurando a unidade. Não façamos nada por competição ou por vaidade, mas com humildade. Pense que o outro é mais importante do que você. Não cuide só do que é seu, cuide também do que é do outro. Quem assim vive tem os mesmos sentimentos do coração de Jesus Cristo. Ele é Deus como o Pai e o Espírito Santo e, no entanto, aceitou se tornar homem como nós, rebaixando-se, fazendo-se em tudo semelhante a nós, menos no pecado. Ele se humilhou e se fez obediente até a morte e morte de cruz. Por isso Deus, o Pai, o colocou lá no alto, acima de tudo, e aqui na terra todos se ajoelham diante d’Ele e proclamam, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor.
cônego Celso Pedro da Silva
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O primeiro filho que fez a vontade do pai
As parábolas são uma forma literária à qual se recorre para tornar compreensível uma realidade que se deseja revelar. Nos evangelhos encontramos quarenta e quatro parábolas. Dentre elas, temos várias que são encontradas nos três evangelhos sinóticos. Outras são próprias de um ou de outro evangelista. Assim temos duas parábolas que são exclusivas de Marcos, nove exclusivas de Mateus, dezoito exclusivas de Lucas, e duas exclusivas de João.
A parábola de hoje, exclusiva e Mateus, é dirigida aos chefes religiosos de Jerusalém, membros do Sinédrio, por ocasião da chegada de Jesus, com seus discípulos, a esta cidade. O Sinédrio de Jerusalém, que funcionava como Suprema Corte do judaísmo, sob a presidência do Sumo Sacerdote, era formado pelos sacerdotes, escribas, e anciãos, sendo estes, principalmente, latifundiários de prestígio. Questionado por eles, Jesus os confunde interrogando-os sobre a autenticidade divina do batismo de João, e dirige-lhes esta parábola. A parábola, de extrema simplicidade na sua imagem e no seu significado, indica dois tipos de comportamentos dos filhos daquele pai. Não está posto em questão o fato da mudança de posição em relação à afirmação inicial; ambos mudaram. O que está em questão é o objeto de sua adesão: o cumprimento da vontade do Pai. O primeiro filho se indispôs a cumprir a vontade do Pai, mas depois mudou e a fez. O segundo filho se dispôs a cumpri-la, mas não a fez. Agora questionados por Jesus, os chefes religiosos e autoridades respondem imediatamente e com clareza, que foi o primeiro filho que fez a vontade do pai. Jesus, então, lhes argumenta que não foi isto que eles próprios fizeram, identificando-se assim com o segundo filho, que, embora afirmando-se disposto a fazer a vontade do pai, na realidade abandonou-a. João Batista veio anunciando a vontade do Pai na conversão e na prática da justiça, mas os chefes de Israel não acreditaram nele (cf. primeira leitura). Julgavam-se justos por serem observantes da Lei e de se proclamarem filhos de Abraão, com o que pretendiam ter a salvação garantida. O próprio João clamara: "Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, então, frutos de arrependimento e não penseis que basta dizer: 'Temos por pai a Abraão...'" (Mt. 3,7b-9). É contundente a sentença final de Jesus: "Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus... pois os publicanos e as prostitutas acreditaram em João... mas vocês não..." Aqueles que estão à margem da sociedade acolhem Jesus, enquanto que as elites o rejeitam. É a expressão de uma sociedade fundada em valores e estruturas equivocados. Suas elites se afirmam em torno do poder e do dinheiro, muitas vezes procurando respaldo no poder religioso, e humilham, exploram, e excluem os humildes, fracos, pequenos e pobres. Estes excluídos se unem em torno de Jesus que se fez igual a eles (segunda leitura). Para Deus o essencial é a prática atual da justiça e do amor, independentemente do passado ou de pretensos direitos religiosos adquiridos
José Raimundo Oliva
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O tema central da liturgia de hoje é a justiça do Reino. A primeira leitura está no contexto do Exílio da Babilônia. O povo acusa Deus de injusto e de agir incorretamente. Entre o povo havia a idéia de que o pecado marcava para sempre a vida e a descendência de quem pecava. O profeta, como porta voz de Deus, mostra que a salvação de uma pessoa não depende de seus antepassados e parentes.
Deus nos julga conforme o que somos hoje. Nunca é tarde para nos arrependermos, porque Deus quer a vida para todos. Ezequiel nos fala em praticar o direito e a justiça, nos convertermos constantemente. Julgar que somos “justos” é uma cegueira pessoal que faz semear dúvidas sobre a conduta e as crenças de quem é diferente de nós. Filipos, comunidade dividida por causa do espírito de competição e egoísmo, foi a primeira cidade da Europa a receber a mensagem cristã, entre os anos 55-57. Por isso, Paulo apresenta Jesus como modelo de filho fiel e obediente que se torna servo e convida os que se dizem seguidores dele a terem “o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus”. Para fazermos a vontade do Pai, a Carta aos Filipenses nos mostra o caminho assumido por Jesus: “Esvaziou-se a si mesmo assumindo a condição de servo”. O fato de sermos cristãos, de exercermos um ministério na Igreja, não deve ser motivo de elogios, de prepotência, de nos sentirmos mais e melhores que outras pessoas. É motivo sim de solidariedade, de espírito de comunhão e serviço; de um permanente processo de encarnação no mundo dos excluídos. Nesta carta, Paulo nos lembra que o esvaziar-se de qualquer orgulho é o caminho de quem deseja seguir Jesus até as últimas consequências. O Evangelho de hoje conta a parábola do filho que diz “não”, mas se arrepende e vai trabalhar na vinha do Pai; e do outro filho que diz “sim, senhor” ao pai, mas não vai. Jesus pergunta quem fez a vontade do Pai. Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo dizem que é o filho que disse “não”, mas cumpriu a vontade do Pai. Jesus completa dizendo que os cobradores de impostos e as prostitutas vão preceder no Reino de Deus os chefes que não acreditaram na pregação de João Batista e no caminho de justiça que ele ensinou. Fazendo o que Deus espera, quem é pecador torna-se justo; não fazendo, quem se considera justo torna-se pecador.
Hoje ouvimos uma das frases mais duras de Jesus: “Os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus”. A lei que Jesus exige é colocar em prática a vontade do Pai que ama toda pessoa e, em especial, os mais necessitados e desprezados. Jesus nos ensina a reconhecer a justiça das pessoas que não têm boa fama, mas praticam a justiça. Ensina-nos a denunciar, para o bem delas e de todos que sofrem sua influência, as que têm boa fama, os considerados santos, mas não praticam a justiça, conforme o projeto do Pai. Jesus é o filho que diz “sim” e faz o que o Pai A liturgia do 26º domingo do tempo comum deixa claro que Deus chama todos os homens e mulheres a empenhar-se na construção desse mundo novo de justiça e de paz que Deus sonhou e que quer propor a todos os homens. Diante da proposta de Deus, nós podemos assumir duas atitudes: ou dizer “sim” a Deus e colaborar com Ele, ou escolher caminhos de egoísmo, de comodismo, de isolamento e demitirmo-nos do compromisso que Deus nos pede. A Palavra de Deus exorta-nos a um compromisso sério e coerente com Deus – um compromisso que signifique um empenho real e exigente na construção de um mundo novo, de justiça, de fraternidade, de paz.
Na primeira leitura, o profeta Ezequiel convida os israelitas exilados na Babilônia a comprometerem-se de forma séria e consequente com Deus, sem rodeios, sem evasivas, sem subterfúgios. Cada crente deve tomar consciência das consequências do seu compromisso com Deus e viver, com coerência, as implicações práticas da sua adesão a Jahwéh e à Aliança.
O Evangelho diz como se concretiza o compromisso do crente com Deus… O “sim” que Deus nos pede não é uma declaração teórica de boas intenções, sem implicações práticas; mas é um compromisso firme, coerente, sério e exigente com o Reino, com os seus valores, com o seguimento de Jesus Cristo. O verdadeiro crente não é aquele que “dá boa impressão”, que finge respeitar as regras e que tem um comportamento irrepreensível do ponto de vista das convenções sociais; mas é aquele que cumpre na realidade da vida a vontade de Deus.
A segunda leitura apresenta aos cristãos de Filipos (e aos cristãos de todos os tempos e lugares) o exemplo de Cristo: apesar de ser Filho de Deus, Cristo não afirmou com arrogância e orgulho a sua condição divina, mas assumiu a realidade da fragilidade humana, fazendo-se servidor dos homens para nos ensinar a suprema lição do amor, do serviço, da entrega total da vida por amor. Os cristãos são chamados por Deus a seguir Jesus e a viver do mesmo jeito, na entrega total ao Pai e aos seus projetos.
1ª leitura: Ez. 18,25-28 - Ambiente
Ezequiel, o “profeta da esperança”, exerceu o seu ministério na Babilônia no meio dos exilados judeus. O profeta fez parte dessa primeira leva de exilados que, em 597 a.C., Nabucodonosor deportou para a Babilônia.
A primeira fase do ministério de Ezequiel decorreu entre 593 a.C. (data do seu chamamento à vocação profética) e 586 a.C. (data em que Jerusalém foi conquistada uma segunda vez pelos exércitos de Nabucodonosor e uma nova leva de exilados foi encaminhada para a Babilônia). Nesta fase, o profeta preocupou-se em destruir as falsas esperanças dos exilados (convencidos de que o exílio terminaria em breve e que iam poder regressar rapidamente à sua terra) e em denunciar a multiplicação das infidelidades a Jahwéh por parte desses membros do Povo judeu que escaparam ao primeiro exílio e que ficaram em Jerusalém.
A segunda fase do ministério de Ezequiel desenrolou-se a partir de 586 a.C. e prolongou-se até cerca de 570 a.C. Instalados numa terra estrangeira, privados de Templo, de sacerdócio e de culto, os exilados estavam desiludidos e duvidavam de Jahwéh e do compromisso que Deus tinha assumido com o seu Povo. Nessa fase, Ezequiel procurou alimentar a esperança dos exilados e transmitir ao Povo a certeza de que o Deus salvador e libertador não tinha abandonado nem esquecido o seu Povo.
Até esta altura, Israel refletia a sua relação com Deus em termos coletivos e não em termos individuais. A catequese de Israel considerava que a Aliança tinha sido feita, não com cada israelita individualmente, mas com toda a comunidade. Assim, as infidelidades de uns (inclusive dos antepassados) traziam sofrimento e morte a toda a comunidade; e a fidelidade de outros (inclusive dos antepassados) era fonte de vida e de bênção para todos.
Os exilados liam à luz desta perspectiva teológica o drama que tinha caído sobre eles. Consideravam que eram justos e bons, que não tinham pecado e que estavam ali a expiar os pecados de toda a nação. Havia até um refrão muito repetido por esta altura: “os pais comeram as uvas verdes, mas são os dentes dos filhos que ficam embotados” (Ez. 18,2b). Parece ser uma reprovação velada à ação de Deus que, na perspectiva da teologia da época, fez dos exilados o bode expiatório de todas as infidelidades da nação. É justo, isto? Está certo que os justos paguem pelos pecadores?
É a estas questões que o profeta Ezequiel vai tentar responder.
Mensagem
Na verdade, os membros do Povo de Deus que estão exilados na Babilônia não podem “sacudir a água do capote” e presumir de justos e inocentes: não há justos e inocentes neste processo, uma vez que todos, sem exceção, são responsáveis por atitudes de infidelidade a Jahwéh e de desrespeito pelos seus mandamentos. Fará algum sentido que os exilados acusem Jahwéh de ser injusto, depois de terem violado sistematicamente a aliança e terem cometido tantos pecados e infidelidades (v. 25)?
Para além disso, Israel não pode continuar a esconder-se atrás de uma responsabilidade coletiva, que implica todos, mas não responsabiliza ninguém. Chegou a altura de cada membro do Povo de Deus se sentir pessoalmente responsável diante de Deus pelas suas ações e pelos compromissos assumidos no âmbito da Aliança. Cada membro do Povo de Deus tem de descobrir que, quando fizer escolhas erradas e se obstinar nelas, sofrerá as consequências; e que quando abandonar os caminhos de egoísmo e de pecado e optar por Deus e pelos seus valores, encontrará a vida (vs. 26-28).
Significa isto que o pecado de um membro da comunidade não afeta os outros irmãos, membros da mesma comunidade? É claro que afeta. O pecado introduz sempre elementos de desequilíbrio, de desarmonia, de egoísmo, de ruptura, que atingem todos aqueles que caminham conosco… Mas o que Ezequiel aqui pretende sublinhar é que cada homem ou mulher tem de sentir-se pessoalmente responsável diante de Deus pelas suas opções e pelos seus atos.
Esta superação da mentalidade coletiva, dando lugar à responsabilidade individual, é um dos grandes progressos na história teológica de Israel. Doravante, o Povo aprenderá a reagir em termos individuais e não em termos de massa. Está aberto o caminho para uma Nova Aliança: uma Aliança que não é feita genericamente com uma comunidade, mas uma Aliança pessoal e interior, feita com cada crente.
Atualização
Antes de mais, a leitura convida-nos a tomar consciência de que um compromisso com Deus é algo que nos implica profundamente e que devemos sentir pessoalmente, sem rodeios, sem evasivas, sem subterfúgios. No nosso tempo – no tempo da cultura do plástico, do “light”, do efêmero – há alguma tendência a não assumir responsabilidades, a não absolutizar os compromissos (no mundo do futebol e da política há até uma máxima que define a flutuabilidade, a incoerência, a contradição em que as pessoas se movem: “o que é verdade hoje, é mentira amanhã”). Mas, com Deus, não há meias tintas: ou se assume, ou não se assume. Como é que eu sinto esses compromissos que assumi com Deus no dia do meu Batismo e que ao longo da vida, nas mais diversas circunstâncias, confirmei? Trata-se de algo que eu levo a sério e que eu aplico coerentemente a toda a minha existência e às opções que faço, ou de algo que eu só me lembro quando se trata de fazer uma bonita festa de casamento na igreja ou de cumprir a tradição e batiza os filhos?
O profeta Ezequiel convida-nos também a assumir, com verdade e coerência, a nossa responsabilidade pelos nossos gestos de egoísmo e de auto-suficiência em relação a Deus e em relação aos irmãos. Entre nós, no entanto, muitas vezes “a culpa morre solteira”. Há homens e mulheres que não têm o mínimo para viver dignamente? A culpa é da conjuntura econômica internacional… Há situações de violência extrema e de injustiça? A culpa é do governo que não legisla nem coloca suficientes polícias nas ruas… A minha comunidade cristã está dividida, estagnada e não testemunha suficientemente o amor de Jesus? A culpa é do Papa, ou do bispo, ou do padre… E a minha culpa? Eu não terei, muitas vezes, a minha quota-parte de responsabilidades em tantas situações negativas com que, dia a dia, convivo pacificamente? Eu não precisarei de me “converter”?

2ª leitura: Fl. 2,1-11 - Ambiente
Filipos, cidade situada no norte da Grécia, era uma cidade habitada majoritariamente por veteranos romanos do exército. Estava organizada à maneira de Roma e era uma espécie de Roma em miniatura. Os seus habitantes gozavam dos mesmos privilégios dos habitantes das cidades de Itália.
A comunidade cristã de Filipos foi fundada por Paulo no verão de 49, no decurso da sua segunda viagem missionária. Numa das estadias de Paulo na prisão (em Éfeso?), a comunidade enviou um dos seus membros para o ajudar e uma generosa quantia em dinheiro para prover às necessidades do apóstolo.
Apesar de ser uma comunidade viva, piedosa e generosa, a comunidade cristã de Filipos não era uma comunidade perfeita. O desprendimento, a humildade, a simplicidade, não eram valores demasiado apreciados entre os altivos patrícios romanos que compunham a comunidade.
É neste enquadramento que podemos situar o texto que esta leitura nos apresenta. Trata-se de um texto que, em termos literários, apresenta duas partes. A primeira (vs. 1-5), em prosa, contém recomendações concretas de Paulo aos Filipenses acerca dos valores que devem cultivar. A segunda (vs. 6-11), em poesia, apresenta aos Filipenses o exemplo de Cristo (trata-se, provavelmente, de um hino pré-paulino, recitado nas celebrações litúrgicas cristãs e que Paulo integrou no texto da carta).
Mensagem
Na primeira parte (vs. 1-5), Paulo, em tom solene, pede aos altivos romanos que constituem a comunidade de Filipos que não se deixem dominar pelo orgulho, pela auto-suficiência, pela vaidade, pela ambição, que só provocam egoísmo e divisão. Recomenda-lhes que vivam unidos, que se amem e que sejam solidários, pois foi isso que Cristo, não só com palavras, mas com a própria vida, ensinou aos seus discípulos. Na segunda parte (vs. 6-11), Paulo vai referir-se, com mais pormenor, ao exemplo de Cristo. Para apresentar esse exemplo, Paulo recorre, então, ao tal hino litúrgico, que celebrava a “Kenosis” (“despojamento”) de Cristo e a sua exaltação.
Cristo Jesus – nomeado no princípio, no meio e no fim – constitui o motivo do hino. Dado que os Filipenses são cristãos, quer dizer, dado que Cristo é o protótipo a cuja imagem está configurada, têm a iniludível obrigação de comportar-se como Cristo. Como é o exemplo de Cristo?
O hino começa por aludir subtilmente ao contraste entre Adão (o homem que reivindicou ser como Deus e lhe desobedeceu – cf. Gn. 3,5.22) e Cristo (o Homem Novo que, ao orgulho e revolta de Adão responde com a humildade e a obediência ao Pai). A atitude de Adão trouxe fracasso e morte; a atitude de Jesus trouxe exaltação e vida.
Em traços precisos, o hino define o “despojamento” (“kenosis”) de Cristo: Ele não afirmou com arrogância e orgulho a sua condição divina, mas aceitou fazer-Se homem, assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o ser e o amor do Pai. Não deixou de ser Deus; mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Esse “abaixamento” assumiu mesmo foros de escândalo: Ele aceitou uma morte infamante – a morte de cruz – para nos ensinar a suprema lição do serviço, do amor radical, da entrega total da vida.
No entanto, essa entrega completa ao plano do Pai não foi uma perda nem um fracasso: a obediência e entrega de Cristo aos projetos do Pai resultaram em ressurreição e glória. Em consequência da sua obediência, do seu amor, da sua entrega, Deus fez d’Ele o “Kyrios” (“Senhor” – nome que, no Antigo Testamento, substituía o nome impronunciável de Deus); e a humanidade inteira (“os céus, a terra e os infernos”) reconhece Jesus como “o senhor” que reina sobre toda a terra e que preside à história.
É óbvio o apelo à humildade, ao desprendimento, ao dom da vida que Paulo faz aos Filipenses e a todos os crentes: o cristão deve ter como exemplo esse Cristo, servo sofredor e humilde, que fez da sua vida um dom a todos; esse caminho não levará ao aniquilamento, mas à glorificação, à vida plena.
Atualização
Os valores que marcaram a existência de Cristo continuam a não ser demasiado apreciados em muitos dos nossos ambientes contemporâneos. De acordo com os critérios que presidem ao nosso mundo, os grandes “ganhadores” não são os que põem a sua vida ao serviço dos outros, com humildade e simplicidade, mas são os que enfrentam o mundo com agressividade, com auto-suficiência e fazem por ser os melhores, mesmo que isso signifique não olhar a meios para passar à frente dos outros. Como pode um cristão (obrigado a viver inserido neste mundo e a ser competitivo) conviver com estes valores?
Paulo tem consciência de que está a pedir aos seus cristãos algo realmente difícil; mas é algo que é fundamental, à luz do exemplo de Cristo. Também a nós é pedido um passo em frente neste difícil caminho da humildade, do serviço, do amor: será possível que, também aqui, sejamos as testemunhas da lógica de Deus?
Evangelho: Mt. 21,28-32 - Ambiente
O texto que nos é proposto neste domingo situa-nos em Jerusalém, na etapa final da caminhada terrena de Jesus. Pouco antes, Jesus entrara em Jerusalém e fora recebido em triunfo pela multidão (cf. Mt. 21,1-11); no entanto, o entusiasmo inicial da cidade foi sendo substituído, aos poucos, por uma recusa categórica em acolher Jesus e o seu projeto.
Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo – os líderes religiosos judaicos – aparecem como o motor da oposição a Jesus. Eles não estão dispostos a reconhecer Jesus como o Messias de Deus e a aceitar que Ele tenha um mandato de Deus para propor aos homens uma nova realidade – a realidade do Reino. Há uma tensão no ar, que anuncia a proximidade da paixão e da morte de Jesus.
No quadro que antecede o episódio que nos é hoje proposto – mas que está em relação direta com ele – os líderes judeus encontraram-se com Jesus no Templo; perguntaram-Lhe com que autoridade Ele agia e quais eram as suas credenciais (cf. Mt. 21,23-27). Jesus respondeu-lhes convidando-os a pronunciarem-se sobre a origem do batismo de João. Os líderes judaicos não quiseram responder: se dissessem que João Baptista não vinha de Deus, tinham medo da reação da multidão (que considerava João um profeta); se admitissem que o batismo de João vinha de Deus, temiam que Jesus lhes perguntasse porque não o aceitaram… Diante do silêncio embaraçado dos seus interlocutores, Jesus deu-lhes a entender que não tinha uma resposta para lhes dar, enquanto eles continuassem de coração fechado, na recusa obstinada da novidade de Deus (anunciada por João e proposta pelo próprio Jesus).
Na sequência, Jesus vai apresentar três parábolas, destinadas a ilustrar a recusa de Israel em acolher a proposta do Reino. Com elas, Jesus convida os líderes da nação judaica a refletir sobre a situação de “gueto” em que se instalaram e a reconhecerem o sem sentido das suas posições fixistas e conservadoras. O nosso texto é a primeira dessas três parábolas.
Mensagem
A parábola dos dois filhos ilustra duas atitudes diversas diante dos desafios e das propostas de Deus.
O primeiro filho foi convidado pelo pai a trabalhar “na vinha”. A sua primeira resposta foi negativa: “não quero”. No contexto familiar da Palestina do tempo de Jesus, trata-se de uma resposta totalmente reprovável, particularmente porque uma atitude deste tipo ia contra todas as convenções sociais… Enchia um pai de vergonha e punha em causa a sua autoridade diante dos familiares, dos amigos, dos vizinhos. No entanto, este primeiro filho acabou por reconsiderar e por ir trabalhar na vinha (vs. 28-29).
O segundo filho, diante do mesmo convite, respondeu: “vou, sim, senhor”. Deu ao pai uma resposta satisfatória, que não punha em causa a sua autoridade e a sua “honra”. Ficou bem visto diante de todos e todos o consideraram um filho exemplar. No entanto, acabou por não ir trabalhar na vinha (v. 30).
A questão posta, em seguida, por Jesus, é: “qual dos dois fez a vontade do pai?” A resposta é tão óbvia que os próprios interlocutores de Jesus não têm qualquer pejo em a dar: “o primeiro” (v. 31).
A parábola ensina que, na perspectiva de Deus, o importante não é quem se comportou bem e não escandalizou os outros; mas, de acordo com a lógica de Deus, o importante é cumprir, realmente, a vontade do pai. Na perspectiva de Deus, não bastam palavras bonitas ou declarações de boas intenções; mas é preciso uma resposta adequada e coerente aos desafios e às propostas do Pai (Deus).
É certo que os fariseus, os sacerdotes, os anciãos do Povo, disseram “sim” a Deus ao aceitar a Lei de Moisés… A sua atitude – como a do filho que disse “sim” e depois não foi trabalhar para a vinha – foi irrepreensível do ponto de vista das convenções sociais; mas, do ponto de vista do cumprimento da vontade de Deus, a sua atitude foi uma mentira, pois recusaram-se a acolher o convite de João à conversão. Em contrapartida, aqueles que, de acordo com o “política e religiosamente correto” disseram “não” (por exemplo, os cobradores de impostos e as prostitutas), cumpriram a vontade do Pai: acolheram o convite de João à conversão e acolheram a proposta do Reino que Jesus veio apresentar (vers. 32).
Lida no contexto do ministério de Jesus, esta parábola dava uma resposta àqueles que O acusavam de acolher os pecadores e os marginais – isto é, aqueles que, de acordo com as “convenções”, disseram não a Deus. Jesus deixa claro que, na perspectiva de Deus, não interessam as convenções externas, mas a atitude interior. O que honra a Deus não é o que cumpre ritos externos e que dá “boa impressão” às massas; mas é o que cumpre a vontade de Deus.
Mais tarde, a comunidade de Mateus leu a mesma parábola numa perspectiva um pouco diversa. Ela serviu para iluminar a recusa do Evangelho por parte dos judeus e o seu acolhimento por parte dos pagãos. Israel seria esse “filho” que aceitou trabalhar na vinha mas, na realidade, não cumpriu a vontade do Pai; os pagãos seriam esse “filho” que, aparentemente, esteve sempre à margem dos projetos do Pai, mas aceitou o Evangelho de Jesus e aderiu ao Reino.
Atualização
Antes de mais, a parábola dos dois filhos chamados para trabalhar “na vinha” do pai sugere que, na perspectiva de Deus, todos os seus filhos são iguais e têm a mesma responsabilidade na construção do Reino. Deus tem um projeto para o mundo e quer ver todos os seus filhos – sem distinção de raça, de cor, de estatuto social, de formação intelectual – implicados na concretização desse projeto. Ninguém está dispensado de colaborar com Deus na construção de um mundo mais humano, mais justo, mais verdadeiro, mais fraterno. Tenho consciência de que também eu sou chamado a trabalhar na vinha de Deus?
Diante do chamamento de Deus, há dois tipos de resposta… Há aqueles que escutam o chamamento de Deus, mas não são capazes de vencer o imobilismo, a preguiça, o comodismo, o egoísmo, a auto-suficiência e não vão trabalhar para a vinha (mesmo que tenham dito “sim” a Deus e tenham sido batizados); e há aqueles que acolhem o chamamento de Deus e que lhe respondem de forma generosa. De que lado estou eu? Estou disposto a comprometer-me com Deus, a aceitar os seus desafios, a empenhar-me na construção de um mundo mais bonito e mais feliz, ou prefiro demitir-me das minhas responsabilidades e renunciar a ter um papel ativo no projeto criador e salvador que Deus tem para os homens e para o mundo?
O que é que significa, exatamente, dizer “sim” a Deus? É ser batizado ou crismado? É casar na igreja? É fazer parte de uma confraria qualquer da paróquia? É fazer parte da equipa que gere a Fábrica da Igreja? É ter feito votos num qualquer instituto religiosos? É ir todos os dias à missa e rezar diariamente a Liturgia das Horas? Atenção: na parábola apresentada por Jesus, não chega dizer um “sim” inicial a Deus; mas é preciso que esse “sim” inicial se confirme, depois, num verdadeiro empenho na “vinha” do Senhor. Ou seja: não bastam palavras e declarações de boas intenções; é preciso viver, dia a dia, os valores do Evangelho, seguir Jesus nesse caminho de amor e de entrega que Ele percorreu, construir, com gestos concretos, um mundo de justiça, de bondade, de solidariedade, de perdão, de paz. Como me situo face a isto: sou um cristão “de registro”, que tem o nome nos livros da paróquia, ou sou um cristão “de fato”, que dia a dia procura acolher a novidade de Deus, perceber os seus desafios, responder aos seus apelos e colaborar com Ele na construção de uma nova terra, de justiça, de paz, de fraternidade, de felicidade para todos os homens?
Nas nossas comunidades cristãs aparecem, com alguma frequência, pessoas que sabem tudo sobre Deus, que se consideram família privilegiada de Deus, mas que desprezam esses irmãos que não têm um comportamento “religiosamente correto” ou que não cumprem estritamente as regras do “bom comportamento” cristão… Atenção: não temos qualquer autoridade para catalogar as pessoas, para as excluir e marginalizar… Na perspectiva de Deus, o importante não é que alguém se tenha afastado ou que tenha assumido comportamentos marginais e escandalosos; o essencial é que tenha acolhido o chamamento de Deus e que tenha aceitado trabalhar “na vinha”. A este propósito, Jesus diz algo de inaudito aos “santos” príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo: “os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o Reino de Deus”. Hoje, que é que isto significa? Hoje, quem são os “vós”? Hoje, quem são os “publicanos e mulheres de má vida”?
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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25 de setembro
Evangelho Mateus 21, 28-32

                                                                           OS DOIS FILHOS!"
Há uma música muito bonita chamada Filho Adotivo, onde o filho adotado atende e assiste o pai, na hora de suas necessidades, fazendo aquilo que competia aos filhos legítimos que não o fizeram, ou seja, sempre é de se esperar, que o adotado nem sempre corresponda ao amor do pai, agindo com sentimento de gratidão. Mateus escreve para as comunidades de origem judaica e sempre que aparece em seu evangelho dois personagens diferentes, aquele que posa de “bom moço”, mas que no fundo é enganado, são pessoas que pertencem ao judaísmo, a reflexão segue nessa linha, se Mateus escrevesse a história do Filho adotivo, certamente ele seria alguém de fora da comunidade e não o contrário. O desejo de Deus é que todos os homens se salvem. O seu projeto de vida nunca exclui ninguém, mas é necessário que através de uma fé encarnada na vida e na história, o homem lhe dê uma resposta autêntica, pois em um primeiro momento, essa relação com Deus foi marcada por uma ruptura, porque o homem optou em dizer não, quando pecou, ao querer ser conhecedor do Bem e do Mal, quando manifestou a vontade de fazer a sua própria história, sem se importar com o que Deus pensava a respeito.
Israel é a nação escolhida, a raça eleita, a quem Deus convida a caminhar junto com ele, quando chama Abraão, o Pai da Fé, confirma o chamado e a aliança em Isac e Jacó, manifesta a força libertadora do seu amor através de Moisés, o amado toma as dores da amada, humilhada, agredida, oprimida pelo Egito, e depois, com o passar do tempo, manda recados de amor através dos profetas, para que o povo não perdesse o rumo e a direção. Deus nunca escondeu o seu projeto, ao contrário, foi se revelando aos homens que abriram a ele o coração e a vida, havia um trabalho a ser feito, algo a ser plantado, um reino novo com novos horizontes de uma vida nova, é como na relação de um casal de esposos, o amor deve ser vivenciado em gestos concretos, Israel é na verdade esse segundo Filho, que aceitou com entusiasmo ser o seu povo, o escolhido, o amado, o predileto, “Eu serei o seu Deus, e Vós sereis o meu povo” – Mas logo esse sistema religioso, centrado na aliança, e que exigia fidelidade diante de um Deus que ama e que caminha junto, se tornou um mero formalismo, perdendo toda graça e o encanto.
Hoje há muitas igrejas cristãs onde se diz SIM, na base do entusiasmo, da euforia, de uma conversão milagrosa, ocorrida da noite para o dia, por conta de algum prodígio, o SIM se torna fórmula mágica, quando no modo de se viver a religião, nada se perde, mas tudo se ganha. O que importa é participar do rito, sentir-se protegido por Deus, na religião do SIM da euforia, sem raiz, sem maturidade, o homem pode determinar e Deus cumpre, na religião do SIM formal, sem exigência e compromisso com a ética, moral, a liberdade, o respeito à vida e a busca da justiça, o que vale é o SEJA FEITO Á NOSSA VONTADE, é o homem poder tirar vantagem dessa “pseuda” relação com Deus, por trás de uma instituição religiosa. Israel, o Povo da Promessa e da Aliança, enveredou por este caminho, da religião dos detalhes, das formalidades, dos ritos purificatórios, dos preceitos, e quando se faz o rito pelo rito, o coração vai perdendo a esperança, a crença, sem compromisso com o chão da história, vai se tornando monótona, vazia, sem sentido. Deus é nosso, a salvação é nossa, a Vida Eterna é nossa, e o Espírito Santo vai e vem, conforme nossas ordens. Não seria esse o modo de pensar do fenômeno religioso da modernidade? Eis o grande perigo para nossa vida de fé na comunidade: Dizer um SIM a Deus, ao seu projeto de Vida, mas ter o coração distante, frio, algo como que um casamento apenas no papel, ou o casamento da aparência, onde marido e mulher dormem em quartos ou camas separadas, porque não se suportam. Essa religião é coisa do Homem!
Já o primeiro Filho, aquele que disse NÃO, acabou mudando de idéia e foi trabalhar na Vinha do Pai, porque descobriu que a relação com ele, não se fundamenta no formalismo, no contratual ou na obrigatoriedade, no meramente ritual, mas sim no amor, que quer celebrar a vida, onde o rito de gestos e palavras, nada mais é do que a expressão dessa gratidão, que irrompe do fundo da alma humana, e sobe a Deus em oferta agradável. Este Filho descobriu todo um projeto de vida, onde a vocação para o amor, faz dele alguém especial, que tem nos mandamentos do Senhor, não preceitos moralistas marcados pelo rigorismo e pela ameaça de um castigo, mas sim uma sinalização segura, a conduzir o homem no rumo certo, dos braços de Deus, que o espera com alegria, como o Pai esperou pelo Filho Pródigo em sua casa. Nesse sentido, nós cristãos atuantes e membros da Igreja, precisamos tomar cuidado, pois todos aqueles que rotulamos como Filhos perdidos e ovelhas desgarradas, poderão nos preceder no coração de Deus, se continuarmos pensando que o mundo se divide entre bons e maus, entre santos e pecadores, entre justos e injustos, e que nós, estamos sempre do lado dos bons, só porque um dia dissemos SIM...

“A FÉ SEM OBRAS É MORTA !”

José da Cruz é diácono permanente
da Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim
e-mail: cruzsm@uol.com.b
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Você foi trabalhar na vinha?


Neste Evangelho, Jesus nos conta a parábola dos dois filhos. O pai pede ao primeiro para ir trabalhar na vinha, ele fala que não quer, mas depois muda de opinião e vai. O pai faz o mesmo pedido ao segundo, este fala que vai, mas não vai.
Jesus explica a comparação: os publicanos e as prostitutas eram pessoas que levavam vida errada, isto é, inicialmente disseram “não” ao Pai que é Deus. Mas depois se arrependeram e acreditaram na pregação de João Batista e de Jesus.
Já os sumos sacerdotes e os anciãos, que respondiam “sim” a Deus no Antigo Testamento, agora respondem “não” ao mesmo Deus, no Novo Testamento. Portanto, eles agem como o segundo filho da parábola, que disse que ia trabalhar na vinha, mas não foi.
Os próprio sumos sacerdotes e anciãos se condenaram, dizendo que quem fez a vontade do pai foi o primeiro filho, que representa os publicanos e as prostitutas. Jesus conclui dizendo que os publicanos e as prostitutas os precederão no Reino de Deus.
Trazendo para nós hoje, há pessoas que no passado diziam “sim” a Deus com generosidade, e hoje são medíocres. E existem também exemplos contrários, de pessoas antes afastadas e hoje engajadas e generosas para Deus e a Comunidade. O que vale é o que a pessoa é hoje, não o que foi no passado. Os pecados do passado, Deus está pronto a nos perdoar, se depois mudamos de idéia e nos convertemos. Outro sentido é que Deus gosta mais das pessoas que cumprem com fidelidade e perseverança a sua Lei, mesmo sem prometer nada, do que daquelas que prometem muito e fazem pouco.
Mais do que palavras bonitas, o que agrada a Deus são as ações corretas. Os fariseus gostavam de se apresentar como santos, isto é, diziam “sim” na aparência, mas “não” nas ações. Deus gosta de palavras bonitas, mas quando são acompanhadas de uma vida bonita.
Há pessoas que têm facilidade em prometer, mas depois se esquecem e não cumprem. Como aquele que disse: “Eu consigo parar de fumar; só este ano já parei três vezes!”
Existe até uma afirmação de que emprestar é sinônimo de dar, porque quem pede emprestado promete devolver mas não devolve. Deus não gosta desse tipo de gente. São atitudes indignas de cristão. Se as pessoas cumprissem o que prometem, não precisaríamos do SPC, CERASA etc.
No dia do nosso batismo, os nossos pais e padrinhos disseram “sim” a Deus em nosso lugar. E nós assumimos aqueles compromissos na primeira comunhão, e o renovamos na crisma, e todos os domingos na Missa, quando fazemos a profissão de fé. Como estamos hoje em relação aos nossos compromissos batismais?
S. Paulo disse “não” a Cristo, quando jovem. Mas depois disse “sim” e o manteve até a morte. Assemelhou-se, portanto, ao primeiro filho da parábola.
E ele compara a vida cristã com uma competição de corrida a pé. “Acaso não sabeis que todos correm, mas um só ganha o prêmio? Correi de tal maneira que conquisteis o prêmio. Todo atleta se impõe todo tipo de disciplina. Eles assim procedem, para conseguir uma coroa corruptível. Quanto a nós, buscamos uma coroa incorruptível” (1Cor 9,24-25).
Quando Deus Pai chamou seu Filho Jesus para a missão de redimir a humanidade, ele respondeu: “Eis me aqui, ó Pai, para fazer vossa vontade!” (Hb 10,7). E depois perseverou naquele “sim”. “Cristo humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fl 2,8). Jesus, portanto, não se assemelhou nem ao primeiro nem ao segundo filho, pois respondeu “sim” a Deus Pai, e cumpriu esse “sim” até o fim da vida terrena, e continua cumprindo hoje.
Cada dia que amanhece é um novo presente que Deus nos dá. Quando abrimos os olhos e vemos a luz de um novo dia, cabe a nós agradecer a Deus o dom da vida e vivê-la bem hoje, porque amanhã não sabemos se estaremos vivos.
Certa vez, um casal estava viajando numa cidade grande, em direção a um bairro desconhecido. Eles iam à casa de um amigo, que os convidara para jantar.
O marido ao volante e a esposa ao lado, indicando o caminho. Em determinado momento, ela disse: “Na primeira esquina vire à direita”. Ele teimou que era à esquerda. Os dois discutiram um pouco, mas por fim ela cedeu, a fim de que não chegassem à casa do amigo mal humorados. Resultado: depois de muito andar, tiveram de voltar àquela esquina e entrar à direita. Assim, chegaram atrasados no jantar.
Na volta, conversando sobre o incidente, ela disse: “Se você tinha certeza de que eu estava errado, por que não insistiu um pouco mais? Ela respondeu: “Entre ter razão e ser feliz, eu preferi ser feliz. Estávamos à beira de uma briga. Se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite”
Dizer “sim” na hora do casamento é fácil. Mas o importante é mantê-lo até o fim da vida.
O Natal se aproxima. Não queremos celebrá-lo mal humorados ou carregando algum pecado. É para isso que existe o advento.
Maria Santíssima ganhou de longe desses dois filhos da parábola, porque ela, a exemplo do Filho, disse “sim” para Deus no começo da vida e o manteve até o fim. Maria do “sim”, rogai por nós!
Padre Queiroz

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O filho que realmente foi trabalhar da vinha!
Jesus está se dirigindo aos judeus, especialmente os fariseus, e todos os que se dizendo santos, puros, seguidores da Lei se acham melhores que os outros e merecedores da vida eterna, ao contrário das prostitutas e dos cobradores de impostos, que se consideram pecadores, conformados com a sua situação.
Jesus desmascara aqueles arrogantes e pretensiosos, propondo uma pequena parábola. O filho que prometeu trabalhar na vinha e depois não foi, representava os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos que se julgavam os santos, os justos porque observavam a Lei, porém, não passavam de hipócritas, mentirosos, injustos e exploradores dos fracos. Por isso é que Jesus em público, acaba com toda a sua arrogância, colocando-os abaixo dos pecadores mais desprezados da época. Os cobradores e impostos e as prostitutas.
Este foi o contexto o qual levou a Jesus a falar daquele jeito com os seus oponentes.“Em verdade vos digo: os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus!
Quer dizer. Os piores pecadores entrarão no Céu e vocês vão para o inferno.
E hoje? Será que existe algo semelhante a isso entre nós? Será que existe alguém que se faz ou se considera santo ou santa porém na verdade são como os sumos sacerdotes?
Jesus comparou o filho que prometeu ir trabalhar na vinha mais não foi, com os judeus hipócritas que se diziam justos mais na verdade não o era. Hoje este personagem da parábola de Jesus, representa todo aquele ou aquela que vestem uma capa de puros, de santos, mais por dentro, só Deus sabe o que eles realmente o são.
Prezadas irmãs, prezados irmãos. Que isto não aconteça a nenhum de nós. Que Deus nos ajude a ser cristãos autênticos de fatos e de atos e não somente de aparências externas e de palavras.
O personagem da parábola que diz que não vai trabalhar na vinha e acaba indo, Jesus os comparou com os pecadores daquele tempo. Os quais apesar de se julgarem um caso perdido, podem ser perdoados na última hora caso se arrependerem de verdade e serem salvos, como foi o caso de Dimas, um dos ladrões ao lado de Jesus na cruz. Hoje esse personagem está representado por todo aquele que mesmo não sendo de nenhuma comunidade, possa fazer o bem, ajudar aos necessitados, sem ficar dizendo que são religiosos. A esses irmãos, nós devemos convidá-los a partilhar conosco da caminhada para a casa do Pai.
Sal.
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QUEM VAI TRABALHAR NA VINHA?

A parábola é muito simples. Jesus se dirige, de forma provocadora, às lideranças político-econômicas e religiosas do tempo, perguntando: "O que vocês acham disso?" A parábola, portanto, é uma provocação de Jesus aos que servem de suporte a uma sociedade injusta. Ao responderem à parábola, eles serão forçados a se posicionar e, conseqüentemente, acabam emitindo a própria sentença.
A parábola fala de dois filhos com atitudes contrastantes: o filho mais velho é muito impulsivo e reage com um "não quero" quando o pai lhe pede que vá trabalhar na vinha. A seguir, pensa melhor e volta atrás: "depois arrependeu-se e foi". O filho mais novo é cheio de etiquetas, incapaz de responder impulsivamente: "Sim, senhor, eu vou", mas acaba não indo trabalhar na vinha.
O filho mais velho representa os pecadores e os marginalizados que aceitam a mensagem de Jesus e se comprometem com a proposta da justiça do Reino. O próprio evangelista Mateus está entre essas categorias sociais, pois era cobrador de impostos. Junto com as prostitutas, constituíam os grupos sociais mais detestados pelas elites religiosas e políticas do tempo de Jesus. Os donos do saber e da religião haviam decretado que essas categorias de pessoas não teriam parte no mundo futuro, exatamente o contrário de tudo o que Jesus ensinou. Cobradores de impostos e prostitutas, portanto, são a síntese da marginalidade, considerados pecadores públicos.
O filho mais novo recorda as "pessoas de bem", maquiladas de religiosidade e "justiça", prontas a se escandalizar e a se levantar em defesa de suposta verdade, mas presas fáceis do dinheiro (os anciãos eram latifundiários), crentes de que estavam cumprindo a vontade de Deus.
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Os últimos serão os primeiros - Pe. Fernando Torres

Nos tempos de hoje todos nos temos a tendência de nos agarrar somente ao que é nosso. São momentos no qual pelo mundo correm ventos de crises econômicas. Grandes bancos e empresas financeiras entram em crise e quebram. Não só isso. Essas quebras costumam trazer consigo desemprego, pobreza e miséria. No final, são os de sempre os que têm o cinto apertado, se é que é possível ou se é que se têm ainda cinto para ser apertado.

Por isso nos preocupamos em cuidar do que é nosso. O dinheiro, o posto de trabalho, a pequena propriedade, tudo o que nos dá uma verdadeira segurança. Defendemos nossos direitos em frente a todos os que os nos parece que podem ser uma ameaça para nossa segurança. Pedimos ao Estado que nos atenda, que nos dê o que nos deve dar, o que é nosso direito. Entramos numa espécie de jogo mortal no qual o nosso principal objetivo é nos salvar.

Mas esse “nos” não costuma ser um “nos” que alcance toda a humanidade É um “nos” bem mais restritivo. Trata-se do grupo formado por “eu e os de meu país”, “eu e os de minha raça”, “eu e os do meu povo”, “eu e meus vizinhos”, “eu e os meus”. É um “nos” que se vai restringindo progressivamente em seu significado segundo vou vendo minha segurança ameaçada. Pedimos, exigimos, demandamos que se faça justiça e que “nos dêem” o nosso, o que nos devem. Não importa o que suceda aos que ficam fora desse “nos”. Há uma ordem de prioridades, que nos ajusta o discernimento para ver as injustiças que “nos” afetam.

“Vinde a trabalhar a minha vinha”

Mas aí vem Jesus com a parábola que nos conta hoje no Evangelho. Como sempre é uma história de aparência inocente. O proprietário da vinha é uma boa pessoa. É um homem generoso. Dá gosto encontrar-se com pessoas assim. Preocupa-se com os desempregados. Acerca-se a eles. Oferece-lhes trabalho para que saiam de sua situação de desanimo. Aos que estão atirados na praça todo o dia, aos que estão fora da vida, os levanta, os põe em pé, lhes oferece um posto na sociedade, lhes dá um meio para cuidar de sua própria vida e da dos seus. O proprietário da vinha é um bom homem. Não há dúvida.

A surpresa vem na hora de pagar aos contratados. Todos foram contratados pela mesma quantidade: um denario. Mas os contratados na primeira hora tinham feito à idéia de que aquele amo tão generoso e “justo” não podia os tratar da mesma maneira que aos que tinham chegado ao trabalho uma hora dantes de terminar a jornada, após passar o dia descansando na praça sem fazer nada. A eles, supunham, pagar-lhes-ia mais.

Mas não. Pagou-lhes o mesmo que aos outros. E se queixaram - e também nos queixamos -. “Não é direito”, “Não é justo”. Seu “nos” era muito pequeno. Referia-se mal aos que tinham sido contratados na primeira hora.

Um “nos” amplo, como o de Deus

Ainda bem que o dono da vinha era generoso para valer e que seu “nos” era o “nos” do Reino, o que abarca a todos, o que não deixa a ninguém fora.
 A justiça de Deus é diferente da nossa.Seus caminhos não são os nossos nem seus planos são nossos planos, como nos recorda a primeira leitura do profeta Isaías. 

A justiça do dono da vinha é a justiça de Deus que vela pelo bem de todos os seus filhos e filhas, que dá oportunidades a todos, que nos ama sem condições. Por isso repreende aos que desejam um trato de privilégio, aos que pretendem ser tratados melhor que os demais. A vinha é o Reino e todos são convidados a trabalhar nela e a nos beneficiar de seus frutos.

Essa é a suprema liberdade e o imenso poder de Deus que se orienta só ao nosso bem-estar. Um “nosso” que abarca ao mundo inteiro e que nos chama sempre a fazer mais amplo o nosso “nos’. Só assim participaremos em plenitude do Reino, de seu Reino. Só assim encontraremos a verdadeira segurança, a vida plena.
Fernando Torres cmf
CONCLUSÃO:
Nós estamos acostumados com a forma de justiça que foi estabelecida pelos homens e, por causa disso, encontramos dificuldades para compreender a justiça divina, principalmente porque os principais critérios da justiça dos homens são a diferença entre as pessoas e a troca entre os valores enquanto que os principais critérios da justiça divina são a igualdade entre as pessoas e a gratuidade dos valores. Isso nos mostra que a lógica divina é totalmente diferente da lógica dos homens e que nós vivemos reivindicado valores que, na verdade, são valores humanos e que não nos conduzem a Deus.Também nos mostra o quanto todos nós somos comprometidos com os valores humanos e deixamos de lado os valores do Reino. (CNBB)
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Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor entrará no Reino dos Céus -Newton

Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade do Pai. Fazer a vontade do Pai não é apenas bater no peito e dizer Senhor, Senhor, mas colocar em prática o que o Senhor nos pede para fazer. Neste evangelho podemos perceber duas situações que nos leva a esta reflexão. Dois filhos são convidados a trabalhar na vinha do Pai, um a principio diz não para Deus e depois se arrepende e vai cumprir o que o Pai lhe pede, e o outro que não é capaz de dizer não, mas também não é capaz de fazer o que o Pai lhe pede.
Muitas vezes nós agimos como o segundo filho. Não temos a coragem de dizer não para Deus, nos fazemos de bonzinho, mas na hora de trabalharmos na vinha (podemos entender aqui a vinha como o Reino de Deus), nos acomodamos, achamos que nos basta ir a Igreja, pregar um rótulo de católico ou de cristão no peito que está tudo bem. Porém quando temos a oportunidade de colocar em prática a caridade para com os irmãos, deixamos de fazê-lo.
Jesus nos diz: o que fizeres a um destes pequeninos é a mim que estará fazendo; tive fome e não me destes de comer, estava nu e não me vestistes doente e não me visitastes tudo isto é trabalho no Reino de Deus, e que nós ignoramos. Pois quem ama a Deus deve amar também o seu irmão, vejamos 1 João 4,20: “Se alguém disser: “Amo a Deus e odeia seu irmão, é um mentiroso”. “Com efeito, quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem vê”. A prática do amor é o mais importante trabalho da vinha do senhor.
O primeiro filho pode ser comparado às pessoas que de uma maneira ou de outra negam a Deus, se afastam, mas quando se arrependem, voltam e trabalham com muito mais vontade, tentando recuperar todo o tempo perdido, ajudam muito mais na reconstrução do Reino de Deus, do que aqueles que batem no peito dizendo Senhor, mas ficam no comodismo de acharem que já estão salvos. Não podemos correr este risco, devemos estar atentos a todo instante, lembrando ainda o que Jesus nos diz: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”. Por isto que Jesus nos diz: “os publicanos e as meretrizes vos precedem no Reino de Deus!”.
Acolhamos a Deus, porém com o coração aberto, não podemos honrar a Deus com os lábios e ter o coração fechado. Lembremos esta passagem: “Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. Em vão me prestam culto, pois o que ensinam são mandamentos humanos.” (Is 29,13
Façamos então a vontade do Pai, amando-nos uns aos outros. Devemos tratar os outros exatamente como queremos que nos tratem, vamos desejar para os outros, o que desejamos para nós. Vamos aceitar Jesus Cristo como Senhor e Salvador, acolhendo de coração aberto a palavra de Deus, e como verdadeiro discípulo e missionário, trabalhar na construção do Reino de Deus.
Newton Hermógenes
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Feliz de quem atende ao chamado do Senhor logo cedo na vida, pois usufruirá de uma vida mais verdadeira e plena – Maria Regina


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 O Senhor está sempre a nos convocar para fazer parte do seu reino. Enquanto aqui vivemos seremos a cada instante convidados para entrarmos em sintonia com o reino dos céus. Feliz de quem atende ao chamado do Senhor logo cedo da vida, pois usufruirá de tudo quanto Ele providenciou para que tenhamos uma qualidade de vida melhor.
 Quando nós aceitamos o convite de Jesus para entrar no Seu reino, tendo-o como Rei e Senhor da nossa vida, nós também nos tornamos Seus colaboradores para atrair outros que ainda estão vagando no mundo e não encontraram ainda a verdadeira felicidade porque não abraçaram a salvação de Jesus.
 A recompensa é a salvação e o Senhor a promete a todos àqueles que a acolherem. Seja em qualquer hora da nossa vida, até na hora da nossa morte nós teremos a chance de ganhar o prêmio da vida eterna.
 É pela bondade e misericórdia do Pai que nos enviou Jesus Cristo que nós somos salvos . Portanto, não façamos questão para sermos os primeiros ou os últimos, o mais importante é que já estamos dentro do redil do reino de Deus.
 Meu irmão,minha irmã,reflita: Você já aceitou o convite para trabalhar na vinha do Senhor? Qual é a recompensa que você espera? Você se incomoda se outros também receberem a mesma recompensa que você espera? Você deseja que muitos entrem também com você no reino de Deus? O que você tem feito para que isto aconteça?
Amém
Abraço carinhoso
MARIA REGINA
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