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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


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sábado, 16 de julho de 2011

O JOIO E O TRIGO

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HOMILIAS PARA O

 PRÓXIMO DOMINGO

17 DE JULHO – 2011

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Fiéis à Doutrina da Igreja Católica, porque somos católicos.

Respeitamos todas as religiões.  Cristãs e não cristãs.

A parábola do joio e o trigo

 

Introdução

 

O joio e o trigo podem estar em todo lugar, e principalmente em cada um de nós. Temos um lado bom, e um lado mau. Em um instante podemos nos comportar como um bom cristão, e em seguida podemos nos esquecer de Cristo e agir completamente ao contrário dos princípios ou ensinamentos que aprendemos e até ensinamos. Pode acontecer que em certos lugares como na comunidade, ou na Igreja, somos trigo, nos mostrando como pessoas autênticas. Já na festa, no baile, na rua, deixamos o joio transparecer.

Ser cristão consiste exatamente  em lutar contra o nosso lado sombrio, negativo, as nossas tendências ao mal, ao pecado, o nosso egoísmo, a falsidade, a inveja, a nossa mania de grandeza, o orgulho, a mentira, etc. E no lugar de tudo isso, semear diariamente o amor. Amor a Deus e ao próximo. Um amor desinteressado, e fraterno, sem pretensões de recompensa. 

Que Deus nos ajude a ser trigo na maior parte do tempo, e combater diariamente a nossa parte negativa, ou seja, o joio presente dentro de nós

Sal.

O JOIO E O TRIGO

            Caro leitor. O joio e o trigo estão espalhados em toda parte, dentro de cada um de nós, na nossa família, na sociedade.  Uma sociedade que produz a desigualdade social. Uma sociedade que usa  a máquina no lugar do trabalhador, obrigando o jovem da classe média baixa a trabalhar oito horas diárias por um salário de no máximo setecentos reais (700,00). Este é o valor do aluguel mais a condução. Como podemos pretender uma sociedade sem violência, se o jovem não consegue ser honesto? Como ele conseguirá construir uma família com um salário tão baixo? O que ele irá fazer? Vai vender droga para conseguir uma renda menos ruim? E ao entrar por estes caminhos, conseqüentemente, aumenta a desordem social.

            Prezados irmãos. O joio e o trigo que estão por todos os lados, poderão estar dentro da própria Igreja.  Cuidado! Pois bem aí na sua comunidade poderá haver algum infiltrado de outra religião, ou de outra seita, que, fingindo de santo, de católico praticante a toda prova, vai se enturmando, chegando cada vez mais perto do altar, e depois poderá dominar a situação de forma tão organizada que só Deus poderá separar o JOIO DO TRIGO.

O joio e o trigo  estão dentro de cada um de nós. São os pensamentos negativos, os sentimentos de vingança,  inveja, o ódio, e toda maldade que brota de dentro das nossas mentes e causa injustiça, discriminação como aquelas que estão acontecendo com os moradores de rua, porque existem pessoas que estão aterrorizando a vida daqueles pobres coitados, os quais são chamados de zumbis e estão sendo maltratados por eles não serem brancos e gente fina. Por isso maltratam-nos de várias formas inclusive com violência. E as agressões contra, aqueles nossos irmãos excluídos, que estão à margem da sociedade, é exatamente por eles serem negros, pobres, menos inteligentes, e acima de tudo por serem nordestinos.

            Ah! Meus caros irmãos que estão fazendo isso! Vocês não sabem o que fazem!  Não sabem que estão usando de violência para com o próprio Jesus, o Filho de Deus vivo! Aqueles homens de rua, aqueles excluídos, que sujam as calçadas, são a personificação da pessoa de Jesus cristo!  Cuidado, meus irmãos!  Porque a vida não se resume nisto aqui. A maior parte da nossa vida é lá do outro lado. E ao maltratar um mendigo estamos escolhendo a parte mais dura da segunda fase da vida, aquela onde haverá choro e ranger de dentes. Aqueles mendigos para os quais  às vezes usamos de violência, com certeza um dia estarão a sorrir, e talvez de nós lá na outra vida, pois eles serão bem-aventurados, premiados pela graça de Deus, pois Jesus prometeu que "felizes serão aqueles que passam fome e que têm  sede de justiça!  Os que são humilhados, pois eles serão saciados."  Quanto a nós, que somos  violentos com os indefesos, Jesus disse: "ai dos vós os ricos com seu sorriso fácil, pois vocês irão chorar muito... porque já tiveram tudo nesta vida..."

            Esperamos que estas palavras caiam nas mentes daqueles ou daquelas que estão judiando dos pobres, como um balde de água que irá apagar todo o ódio para com aqueles que não têm a menor culpa de não serem do mesmo nível sócio-econômico. Que  se arrependam do que estão fazendo, e peçam perdão ao Pai amoroso!  Nada contra ninguém por ser rico, mais tudo contra a injustiça  para com  os humildes. Prezados irmãos! Não batam em quem já está apanhando da vida! Por incrível que possa parecer, amanhã poderá ser a nossa vez de sermos excluídos também, pois não sabemos o que nos virá no dia de amanhã!... se não for nesta vida, poderá ser na outra. Pensemos!  E mudemos!  Ainda há tempo!  Que o amor e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo desça sobre nossas cabeças  nos converta, e nos livre do fogo eterno. Amém.

            Deus Pai poderoso e bondoso. Livrai-nos do JOIO que se infiltra em nós, pelo poder do maligno, pelas más companhias, pela mídia, pelas injustiças sociais. Dai-nos forças para levantar-nos, para sobreviver a tanta pressão, e sermos justos uns com os outros. Tratando-os como gostaríamos de sermos tratados por eles e por todos, vendo no irmão a pessoa do próprio Jesus Cristo. Amém.

Sal.

JESUS ESTÁ NO POBRE. FOI ELE QUEM DISSE

 

A VISITA DE JESUS

Era uma noite iluminada... Um anjo apareceu a uma família muito rica e falou para a dona da casa: estou te trazendo uma boa notícia: esta noite o Senhor Jesus virá visitar a tua casa! Aquela senhora ficou entusiasmada. Jamais acreditara ser possível que esse milagre acontecesse em sua casa. Tratou de preparar uma excelente ceia para receber a Jesus. Encomendou frangos, assados, conservas, saladas e vinhos importados. De repente, tocou a campainha. Era uma mulher com roupas miseráveis, com aspecto de quem já sofrera muito... Senhora, disse a pobre mulher, será que não teria algum serviço para mim? Tenho fome e tenho necessidade de trabalhar. Ora bolas, retrucou a dona da casa. Isso são horas de vir me incomodar? Volte outro dia. Agora estou muito atarefada com uma ceia para uma visita muito importante. A pobre mulher se foi... Pouco mais tarde, um homem, sujo de graxa, veio bater-lhe à porta. Senhora, falou ele, o meu caminhão quebrou bem aqui na esquina. Não teria a senhora, pôr acaso, um telefone para que eu pudesse me comunicar com um mecânico? A senhora, como estava ocupadíssima em limpar as pratas, lavar os cristais e os pratos de porcelana, ficou muito irritada: Você pensa que minha casa é o que? Vá procurar um telefone público... Onde já se viu incomodar as pessoas dessa maneira? Por favor, cuide para não sujar a entrada da minha casa com esses pés imundos! E a anfitriã continuou a preparar a ceia: abriu latas de caviar, colocou a champanhe na geladeira, escolheu na adega os melhores vinhos e preparou os coquetéis. Nesse meio tempo, alguém lá fora bate palmas. Será que agora está chegando Jesus? - pensou ela emocionada. E com o coração batendo acelerado, foi abrir a porta. Mas se decepcionou. Era um menino de rua, todo sujo e mal vestido... Senhora, estou com fome. Dê-me um pouco de comida! Como é que eu vou te dar comida, se nós ainda não ceamos? Volta amanhã, porque esta noite estou muito atarefada... não posso te dar atenção... Finalmente a ceia ficou pronta. Toda a família esperava, emocionada, o ilustre visitante. Entretanto, as horas iam passando e Jesus não aparecia. Cansados de tanto esperar, começaram a tomar aqueles coquetéis especiais que, pouco a pouco, já começaram a fazer efeito naqueles estômagos vazios, até que o sono fez com que se esquecessem dos frangos, assados e de todos os pratos saborosos. Na manhã seguinte, ao acordar, a senhora se viu, com grande espanto, na presença do anjo. Será que um anjo é capaz de mentir? gritou ela. Eu preparei tudo esmeradamente, aguardei a noite inteira e Jesus não apareceu. Porque você fez isso comigo? Porque essa brincadeira? Não fui eu que menti... Foi você que não teve olhos pra enxergar, explicou o anjo. Jesus esteve aqui em sua casa pôr três vezes: na pessoa da mulher pobre, na pessoa do caminhoneiro e na pessoa do menino faminto, mas a senhora não foi capaz de reconhecê-lo e acolhê-lo em sua casa...

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"Deus  espera  pacientemente o tempo de cada de um nós".

 

 

                                                 As três parábolas que Jesus conta aos seus discípulos nos dão a compreensão de que o reino de Deus é sempre algo muito bom que é semeado no nosso coração e que nos leva a viver uma vida profícua, segundo a vontade de Deus, dando frutos de justiça e de amor. Nas três parábolas Jesus nos fala de crescimento, de maturidade e de paciência. Porém, na primeira parábola, Jesus compara o Seu reino a uma semente do bem que foi plantada, germina e cresce, mas recebe a interferência do mal que, disfarçado de bem se apresenta e consegue confundir o aspecto dos frutos que serão colhidos.

                                            Colocando como pano de fundo para a nossa vida nós verificamos que o mesmo acontece em nós. O bem que foi plantado no nosso coração muitas vezes é pressionado pelo mal que tenta interferir nas nossas ações e nos leva a ter atitudes dúbias e hipócritas. Queremos praticar o bem, mas veladamente, nós só conseguimos fazer o que não é bom. Aí, Jesus nos fala da paciência de Deus que espera o tempo da nossa conversão e arrependimento. A semente de mostarda significa para nós que o reino de Deus é simples e grandioso. Ele é semeado na humildade e na pequenez do nosso coração, porém com o passar dos tempos, torna-se algo imensurável que tem a capacidade de tornar acolhedores e caridosos para com o próximo.

                                             Da mesma maneira, o fermento que leveda a massa é comparável à ação do reino de Deus em nós. O fermento é a ação divina que age em nós pacientemente, e, aos pouco, vai sublimando a nossa humanidade decaída e nos transformando em verdadeiros filhos do reino dos céus. Por meio das parábolas Jesus nos exercita a desvendarmos os mistérios do reino de Deus e, na medida em que as compreendemos nós damos mostra de que Ele realmente já acontece dentro de nós. Reflitamos: – Você já compreende como funciona o reino de Deus em você? – Você se identifica com as três parábolas? – Você tem esperado pacientemente a ação divinizadora do Senhor na sua pessoa?

Amém.

Abraço carinhoso de Maria Regina

 

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17de julho

XVI Domingo do Tempo Comum

"O Joio e o Trigo"- Rita Leite

No Evangelho de domingo passado dia 10 de julho ouvimos a parábola do semeador que saiu a semear. Hoje Jesus nos conta outras três parábolas: a parábola do joio e do trigo, a da semente da mostarda e do fermento na massa. Jesus usa de parábolas para descrever-nos a dinâmica do reino de Deus.

 Somos convidados a sermos semeadores da Boa-Nova de Jesus Cristo também somos alertados a sermos pacientes. Nossa missão de batizados é semear a semente e esperar, sem pressa que a semente nasça, cresça e dê frutos. A semente boa foi semeada no coração dos homens, mas veio o inimigo e semeou o mal também e os dois cresceram juntos e por vezes se parecem. Por isso Jesus nos pede que tenhamos paciência que no tempo certo Deus saberá separar o bem do mal.

Pensemos em nossa vida como era antes de nosso encontro pessoal com Jesus. Pode ser que muitos de nós que hoje estamos em comunidades tivemos uma vida desregrada longe de Deus e de seus ensinamentos. Quantos testemunhos lindos nós conhecemos de pessoas que praticavam coisas ruins e que um dia tiveram a graça de encontrar Jesus e sua vida mudou totalmente.

Deus não quer a morte do pecador, mas quer que se converta e se salve. A palavra nos diz que ele não sente prazer com a morte do injusto, mas quer que ele se converta dos seus maus caminhos, e viva. Ez 18, 23.

Olhando tantas coisas ruins que acontece nos dias atuais nos perguntamos: Porque há tanto ódio no mundo e essas pessoas que praticam tais coisas continuam vivos? Outros pensam até que se deveria ter pena de morte para "diminuir" a violência. Não cabe a nós decidir que deve viver ou morrer e sim somente Deus. Deus não desiste de seus filhos, pelo contrario ele sofre até por aqueles que não querem se redimir.

Portanto nossa tarefa de discípulos de Jesus é continuar semeando a boa semente e nesse semear se manifesta o agir de Deus na vida e na historia das pessoas. Nosso Deus é um Deus paciente, lento para a cólera e que nos perdoa porque nos ama. Sejamos assim também com nossos irmãos em vez que querer a morte deles vamos rezar para que Deus os converta.

O reino de Deus é como a semente de mostarda, pode até parecer que os sinais do reino são pequenos diante de tanto mal no mundo, mas Deus age na simplicidade e o que parece pequeno aos olhos do mundo se tornará grande. A obra do reino é silenciosa como o fermento que cresce e torna a massa toda levedada.

Nosso testemunho deve cativar aqueles que ainda não aderiram ao projeto de Deus, tomemos cuidado para não afastar ninguém com nossa prepotência e arrogância. Por a semente na terra é nossa missão, fazê-la crescer é obra de Deus.

Em Cristo Rita Leite

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"Quem tem ouvidos, ouçam!" – Claudinei Oliveira

 

Domingo, 17 de julho de 2011.

 

Evangelho – Mt  13,24-43

 

 

            Voltamos mais uma vez neste domingo, dia do Senhor e da Graça, ouvirmos  a  lição de Jesus contada a partir das parábolas. Jesus continua a convencer com história simples a confiança dos incrédulos, na tentativa de revê-los seus projetos de vida que provoca a morte para novos projetos que geram vida plena. A multidão acompanha atentamente  a história e fascinado com os exemplos busca enaltecer o desejo do encontro com Deus.

 

            Querer saber deste Reino dos Céus é uma façanha de qualquer seguidor de Jesus. Ao comentar da construção de um mundo melhor, Jesus está exaltando o Reino da Justiça que deve ser uma constante na vida e nas ações de cada pessoa. Para simplificar o entendimento da mensagem revelado, Jesus fala diante da multidão palavras que geram transformação no cotidiano. Não permitir que o mal possa atrapalhar a boa opção de vida dos seus seguidores, Jesus afirma: 'O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. Logo as sementes boas que gerariam bons frutos foram misturadas com sementes de péssima qualidade. Ao invés de fazer uma excelente colheita, agora, o agricultor terá prejuízo na sua plantação. Mas veja que foi no cochilo da noite, ou quando o agricultor estava desatento  que o inimigo não perdeu tempo e plantou a semente do mal.

 

            Neste contexto Jesus fala claramente para a multidão e também para os discípulos que a missão deve ser contínua para cativa as  pessoas que ainda não conhecem a verdadeira proposta de Cristo, sempre deve semear palavras boas para obter respostas favoráveis. Se queira que o Reino de Deus aconteça no meio do povo de Deus, o trabalho deve ser exausto com a finalidade de solidificar bem a base da persuasão. Caso, não faça com fervor o trabalho missionário, o inimigo estará por perto para atacar e desfazer tudo aquilo que fora feito com carinho. O demônio não tem nada a perder, ele tem tudo a ganhar e o papel dele é plantar o ódio e o desamor na comunidade de Cristo para ver o circo pegar fogo. Assim, a comunidade feliz e unida, fica difícil para o mal praticar a bagunça. Mas se a comunidade estiver bagunçada e desunida, facilitará o trabalho do mal.

 

            Mas, uma vez a comunidade atormentada e desunida, perante a palavra de Jesus, o missionário deve ter cuidado para não provocar a ira do povo. Quando o empregado  levou a proposta para o dono da plantação para arrancar o joio, a resposta foi severamente advertida: Não! pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. O cuidado do missionário é este: cuidar da plantação do trigo, mesmo misturado ao joio, pois se apressar e arrancar o joio pode também arrancar parte do trigo. Se a comunidade está brigada, desunida e sem diálogo, a conciliador deve ter cautela para não complicar a situação, pois ao invés de minimizar o conflito, pode provocar uma guerra. O resultado esperado são mortes sem precedentes. Assim, à colher o trigo do roçado, separará do joio e este deverá ser queimado. Aproveitará somente aquilo que interessará para o agricultor. Com certeza dará muito trabalho, perderá muito tempo no processo de separação, mas o resultado ainda pequeno será proveitoso.

 

Na Segunda parábola contada por Jesus, o resultado pequeno tornará grande para Deus. A grandeza do homem está na insistência de levar a libertação ao povo. O joio não terá vez no missionário perspicaz. Ele tem forças para substanciar o Reino nas adversidades. Nada o amedrontará, pois saiba ele que o Espírito Santo estará juntinho na batalha contra o mal. Assim, Jesus anuncia: 'O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E torna-se uma árvore, de modo que os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos.' O homem que se volta para Deus deve pensar grande. Não ter medo dos obstáculos e atravessá-lo com sabedoria. A semente da mostarda, pequenina, ao germinar com amor e carinho, fortalecerá numa grande árvore. A menor planta, passará a ter sua função primordial: servir de espaço para formar ninhos para os pássaros. O missionário que abraça a causa do Reino da Justiça também ocupa seu espaço para com Deus. Torna-se gigante para levar a Boa Nova para os membros da comunidade em conflito e aos poucos a separação dos bons e dos maus vão se evidenciando. É a construção do Reino acontecendo...

 

Ao separar o joio do trigo, ou seja, ao separar o bom cristão do péssimo cristão a comunidade de Deus vai construindo novo jeito de encontrar Deus. Para fermentar a massa e dar consistência ao projeto novo, o homem da comunidade, deve ter fé e acreditar naquilo que esta fazendo. Na terceira parábola deste Evangelho Jesus compara o Reino dos Céus com o fermento:  'O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado.' Contudo, devemos agir para que o reino aconteça. Se não der consistência na massa, deixaremos apodrecer o fermento nas mãos por não querer enfrentar o mal, recusamos a ser esta pitada de fermento para levedar a massa da comunidade. Somos omissos para com Deus e trairemos sua confiança.

 

As três parábolas denotam a luta pela justiça para impedir que a injustiça fortaleça. O diabo quer interromper a boa ação de Jesus. Tanto é que Jesus foi tentado várias vezes pelo demônio. Entretanto, sabiamente Jesus não deixou abater-se pelas propostas tentadoras. Mostrou firmeza e segurança naquilo que estava fazendo. Não permitiu que o mal encontrasse brechas para penetrar a discórdia. Serve para nós cristãos de hoje, são tantas tentações colocadas em nossa frente como a proposta  de ganhar dinheiro fácil; a tentação do poder, do trapacear o outro, de levar vantagens nos negócios; a tentação da bebedeira, das drogas lícitas e ilícitas, da prostituição, do suborno  e da ganância. São muitas tentações. Mas, nesta hora devemos ser a pitada de fermento, a semente pequenina da mostarda e o trigo para abafar o joio e despistar o mal com inteligência.

 

Portanto, para dar segurança aos discípulos e dar apoio para nós pequeninas sementes da transformação, Jesus explicou para os discípulos as parábolas: aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifadores são os anjos. Nada melhor do que ler estas palavras dirigidas por Jesus aos discípulos. Explicou maravilhosamente as parábolas. Quem tem ouvidos, ouçam! Atentamente às explicações de Jesus ouvimos sua mensagem de superação e de amor. Como não gostar deste homem que fala simples para ser ouvido.

           

Que saibamos ouvir a palavra do Santo Evangelho e praticar a justiça a partir da observância da atitude do Filho do Homem com intuito da construção do Reino dos Céus, onde a liberdade e a alegria possam sobressair com muito êxito. Que sejamos bons ouvintes, bons trigos, boas sementes e bons fermentos. Amém! HomemHHH


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Claudinei M. de Oliveira

Tenha a Paz de Cristo em seu Coração!

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Homilia do Mons. José Maria – XVI Domingo do Tempo Comum – Ano A

A Paciência de Deus

 

A Palavra de Deus, em Mt 13, 24 – 43, nos apresenta três parábolas: O trigo e o joio, o grão de mostarda e o fermento na massa. Na volta da Missão, nota-se a impaciência dos Apóstolos para com aqueles que não os acolheram: "Queres que mandemos que desça o fogo do céu para destruí-los?" Jesus critica a pressa dos Apóstolos contando as três parábolas citadas.

A parábola (do trigo e do joio) nos revela duas atitudes: a impaciência dos homens: "Senhor, queres que arranquemos o joio?" – A paciência de Deus: "Deixai crescer junto até a colheita…"

O mundo é o campo em que o Senhor semeia continuamente a semente da sua graça: semente divina que, ao arraigar nas almas, produz frutos de santidade. Com que amor Jesus nos dá a sua graça! Para Ele, cada homem é único, e, para redimi-lo, não vacilou em assumir a nossa natureza humana.

A parábola não perdeu atualidade: muitos cristãos dormiram e permitiram que o inimigo semeasse a má semente na mais completa impunidade; surgiram erros sobre quase todas as verdades da fé e da moral.

É necessário que vigiemos dia e noite, e não nos deixemos surpreender; que vigiemos para podermos ser fiéis a todas as exigências da vocação cristã, para não deixarmos prosperar o erro, que leva rapidamente à esterilidade e ao afastamento de Deus. É necessário que vigiemos sobretudo o nosso coração, sem falsas desculpas de idade ou de experiência, pois " o coração é um traidor, e tem que estar fechado a sete chaves" (Caminho, 188).

Diz Jesus: "o joio são os filhos do Maligno, e o inimigo, que o semeou, é o demônio" (Mt 13, 39). O inimigo de Deus e das almas sempre lançou mão de todos os meios humanos possíveis. Vemos, por exemplo, que ora se desfiguram umas notícias, ora se silenciam outras; ora se propagam idéias demolidoras sobre o casamento, por meio dos seriados de televisão de grande alcance, ora se ridiculariza o valor da castidade e do celibato; defende-se o aborto ou a eutanásia, ou semeia-se a desconfiança em relação aos sacramentos e se dá uma visão pagã da vida, como se Cristo não tivesse vindo redimir-nos e lembrar-nos que o Céu nos espera. E tudo isto com uma constância e um empenho incríveis. O inimigo não descansa!

A parábola constitui, pois, um convite universal à vigilância, a não deixar passar em vão a hora da graça e a estar preparados para a ceifa, porque tal como o joio é apanhado e queimado no fogo, assim será no fim do mundo". Então, "todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal, serão lançados na fornalha de fogo, enquanto os justos brilharão como o  sol no Reino de Seu Pai" (Mt 13, 40-43).

A abundância do joio só pode ser enfrentada com maior abundância de boa doutrina: vencer o mal com o bem (Rm 12, 21), com o exemplo da vida e a coerência da conduta. O Senhor nos chama para que procuremos a santidade no meio do mundo, no cumprimento dos deveres cotidianos.

O joio e o trigo estão presentes em toda parte: Mesmo em nossas comunidades cristãs vemos presente tanto joio de desunião, de inveja, de fofocas…

Fiquemos atentos pois, dentro de cada um de nós, há trigo e joio! Peçamos ao Senhor para que sejamos trigo de amor, dedicação e colaboração. Que seja afastado de nós o joio de ódio, discórdia, calúnia…

É preciso saber valorizar a semente de trigo presente no coração de cada pessoa; cultivá-la com paciência e profundo respeito. Respeitar o processo de amadurecimento de cada pessoa, usando de paciência.

Para que possamos transformar o joio em trigo, devemos ser a semente de mostarda, pequena, insignificante, mas que cresce até aninhar os pássaros em seus ramos. Devemos ser o fermento, que leveda toda a massa da farinha, o mundo em que vivemos…

O fermento é também figura do cristão! Vivendo no meio do mundo, sem se desnaturalizar, o cristão conquista com o seu exemplo e com a sua palavra as almas para o Senhor. Ensinava São Josemaria Escrivá: "A nossa vocação de filhos de Deus, no meio do mundo, exige-nos que não procuremos apenas a nossa santidade pessoal, mas que vamos pelos caminhos da terra, para convertê-los em atalhos que, através dos obstáculos, levem as almas ao Senhor; que participemos, como cidadãos normais e correntes, em todas as atividades temporais, para sermos levedura que há de fermentar toda a massa" (Cristo que passa, nº 120).

Somos convidados a imitar a misericórdia do Pai celeste, aceitando pacientemente as dificuldades provenientes da convivência com os inimigos do bem e tratá-los com bondade fraterna na esperança de que, vencidos pelo amor, mudem de comportamento. Deve-se recorrer também à oração, para que o Senhor defenda os seus filhos de serem contagiados. "Que o Espírito Santo venha em auxílio de nossa fraqueza, pois não sabemos o que pedir… É que o Espírito intercede pelos cristãos de acordo com a vontade de Deus" (Rm 8, 26-27). Há que deixar em Suas mãos a causa do bem!

Mons. José Maria Pereira

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O JOIO E O TRIGO  (ANO A)

A liturgia do XVI Domingo do Tempo Comum convida-nos a descobrir o Deus paciente e cheio de misericórdia, a quem não interessa a marginalização do pecador, mas a sua integração na comunidade do "Reino"; e convida-nos, sobretudo, a interiorizar essa "lógica" de Deus, deixando que ela marque o olhar que lançamos sobre o mundo e sobre os homens.

A primeira leitura fala-nos de um Deus que, apesar da sua força e onipotência, é indulgente e misericordioso para com os homens – mesmo quando eles praticam o mal.  Agindo dessa forma, Deus convida os seus filhos a serem "humanos",  isto é,  a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus.

O Evangelho garante a presença irreversível no mundo do "Reino de Deus". Esse "Reino" não é um clube exclusivo de "bons" e de "santos": nele todos os homens – bons e maus – encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva.

A segunda leitura sublinha, doutra forma, a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo – dom de Deus – vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena.

 Mateus (Mt 13,24-43) 

Jesus aparece no Evangelho deste domingo como um contador de contos. Não outra coisa são as parábolas: contos singelos e breves, dirigidos aos mais singelos e, por isso mesmo, ao alcance de todos.

Mas são contos que levam muitos argumentos. São como tesouros de sabedoria camuflados em histórias simples. Não é difícil as entender a primeira vista. "O Reino de Deus é como...". Jesus não faz um tratado de teologia senão conta histórias que abrem a mente de seus ouvintes e lhes convida a voar com sua imaginação. Para compreender o que é o Reino de Deus, o Reino de seu Pai, de nosso Pai.

Histórias pequenas e singelas

O Reino de Deus se parece com um homem que semeou boa semente em seu campo (não se parece a um campo com boa semente e discórdia). Parece-se também com o grão de mostarda (o menor, mas que se faz grande quando cresce e acolhe a todos abaixo de sua sombra). Parece-se também à pequena porção de fermento que faz que toda a massa fermente.

São ações singelas, ordinárias, pequenas. Mas que sempre provocam grandes transformações. A semente que semeia aquele bom camponês termina por crescer e dar uma boa colheita, apesar de que entre a boa semente também apareceu algo de discórdia. O grão de mostarda é muito pequeno, mas, quando cresce, é capaz de acolher aos pássaros que fazem ninhos em seus ramos. O fermento misturado com a massa de farinha aparentemente desaparece, mas no silêncio da noite faz que toda a massa se converta em pão, que alimenta e dá vida. E converte-se por sua vez em fermento que fermentará outras massas.

Deus opta pelo pequeno e singelo

O Reino de Deus é assim: começa como algo muito pequeno, sem quase presença pública. Deus não opta pelos grandes meios, não invade nosso mundo com seus poderosos exércitos de anjos. Deus escolheu o caminho da encarnação. Fez-se homem em Jesus de Nazaré. Fez-se um de nós. Com todas as conseqüências. Caminhou por nossos caminhos. Sentou-se à mesa conosco. Tocou nossas feridas.

Jesus não pretende nos convencer com razões indiscutíveis ou livros reflexivos. O seu é falar em parábolas de forma que todos possam entender. Seu Reino crescerá na medida em que as pessoas abram a Ele seu coração. Simplesmente.

Deus atua com sumo cuidado. Está cuidando de tudo e julga com moderação, como diz a primeira leitura do livro da Sabedoria. Por seu Espírito acode em ajuda de nossa debilidade e intercede por nós com gemidos inefáveis, como diz a carta aos Romanos. Deus é o fermento que se mete em nossa vida e, tarde ou cedo, converterá nosso corpo mortal em fonte de vida para o mundo.

Nosso compromisso pelo pequeno e singelo

Logo será responsabilidade nossa fazer deste mundo um lugar mais habitável para todos. Um lugar onde, como no Reino, todos encontrem um lugar onde fazer seu ninho, onde habitar à sombra do Pai que nos ama. Um mundo mais justo onde ninguém fique excluído e não tenha acesso à mesa da fraternidade.

O cristão, o discípulo de Jesus, é como a mostarda, como a boa semente que se semeia no campo do mundo, como o fermento. Com sua presença, com seu compromisso, com sua vida, aqui e agora, vai fazendo deste mundo o Reino, vai construindo a casa comum onde todos se sentem colhidos, salvados, reconciliados, amados. Agora é nossa responsabilidade fazer que a mostarda cresça e que a boa semente se semeie que o fermento se enterre na massa. Seguros de que a discórdia não triunfará, porque é Deus mesmo que está ao cuidado da colheita.

José Cristo Rey Paredes, CMF

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Homilia do Padre Françoá Costa – XVI Domingo do Tempo Comum – Ano A

Cristão no meio do mundo

Será que alguns pensam que a cabeça foi feita somente para colocar o boné? Parece-me absurdo questionar-me dessa maneira. Mas, devido ao que se vê hoje em dia, sinto uma forte tentação de fazer tais interrogações. Por via das dúvidas, é interessante deixar bem claro: a cabeça foi feita para se usar, para pensar.

O cristão tem que usar os dotes de inteligência que o Senhor lhe concedeu colocando-os ao serviço do Reino de Deus. Uma das prioridades na nossa vida deveria ser, portanto, a formação: humana, profissional, espiritual, intelectual. E, nesse sentido, a formação para as virtudes é importantíssima. Um filho de Deus bem formado é uma joia maravilhosa no meio do mundo atual. A superficialidade e falta de vigor mental é uma das grandes dificuldades que podemos encontrar à hora de realizar o nosso apostolado. Por isso é importante que nós mesmos estejamos bem formados para entender, compreender e atuar com audácia apostólica. Necessitaríamos ser mais estratégicos.

Há um filme violentíssimo e bem realista, "Tropa de elite", no qual o decidido capitão Nascimento ensina, por ocasião do duríssimo treinamento dos novos candidatos, uma palavra em várias línguas: estratégia. Você se lembra daquela cena? Excetuando a maneira de pronunciá-la, a palavra era quase igual nas diversas línguas utilizadas no filme. O cristão, em qualquer lugar em que estiver, deve ser santamente estratégico no seu apostolado. Tem que utilizar a inteligência auxiliada pela graça de Deus, tem que ser esperto e ganhar muitas pessoas para as fileiras de Deus.

Se perguntássemos a alguma planta herbácea da qual sai o trigo se ela se sente feliz em ser plantada na terra, ainda que junto a ela e nela mesma se infiltre o joio, não obteríamos resposta. As plantas não pensam. O ser humano, maravilha da criação, pensa inclusive sobre o próprio pensar e, portanto, pode ir dando respostas cada vez mais perfeitas às suas interrogações.

Na semana passada falávamos da importância das parábolas e da exposição da fé de maneira acessível. Isso não significa renunciar á linguagem teológica, aos conceitos da tradição, mas procurar ter a capacidade de traduzi-los. Desta maneira, introduziremos as pessoas no campo de Deus, da Escritura, da Tradição, da graça e, como consequência de tudo isso, as insertaremos na glória.

A Igreja Católica, sendo Santa, sempre fugiu dos diversos puritanismos, rigorismos e da mentalidade de seita, ou seja, duma visão estreita e separatista. Ela deseja que os seus filhos estejam no meio do mundo, convivendo com os seus iguais, como o bom trigo, e no mesmo campo que o joio. No entanto, o trigo não se sente mal, não se sente estranho no seu próprio ambiente. Se tivesse consciência, o trigo saberia que aquele é o seu lugar natural, deve estar aí, nem deseja que o plantem nos ares, aí não sobreviveria. Ainda que o joio, esta planta que engloba os vegetais e cresce às suas custas, lhe subtraia algumas energias, deve continuar aí no mesmo lugar.

Como o cristão é da terra, está inserido nas coisas deste mundo e as ama, tem que ter as ideias bem claras. Sem formação não poderá informar o mundo com a forma que Cristo quer para esse mundo. Que tipo de formação? É muito importante que esteja bem formado nos "rudimentos" da fé, deve ter pelo menos uma linha geral da história sagrada que se nos narra na Bíblia e ter uma informação amplia pelo menos dos últimos documentos mais importantes do Magistério da Igreja. Mais concretamente, o conhecimento da Sagrada Escritura, do Catecismo da Igreja Católica e dos documentos do Concílio Vaticano II é importantíssimo. Seria interessante que nos programássemos para, pouco a pouco, ir lendo esses três livros e ter sempre uma pessoa de referência para que possamos perguntar-lhe algumas coisas que não entenderemos na nossa leitura.

Com as ideias claras é preciso lutar por vivê-las. Todo o amplo mundo das virtudes humanas que podemos resumir nas quatro cardeais –prudência, justiça, fortaleza e temperança– e das virtudes teologais –fé, esperança e caridade– deveria ser o campo de um trabalho pessoal, constante e alegre. Não nos esqueçamos de que Deus teve a iniciativa, ele nos amou e colocou no nosso coração a capacidade de amá-lo.

Pe. Françoá Costa

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Homilia do D. Henrique Soares da Costa – XVI Domingo do Tempo Comum – Ano A

Sb 12,13.16-19
Sl 85
Rm 8,26-27
Mt 13,24-43

Continuamos a escutar o Senhor que, sentado na barca, nos fala do Reino dos Céus… Permanecemos atentos, como aquela multidão em pé, à beira-mar, embevecida: "Nunca nenhum homem falou assim…"

Hoje, o Senhor nos apresenta três parábolas: a do trigo e do joio semeados no campo do mundo e do nosso coração, a do grão de mostarda que cresce a abriga as aves dos céus e, finalmente, a do tiquinho de fermento que leveda toda a massa… É assim o Reino dos Céus!

As três parábolas mostram a fraqueza do Reino, sua fragilidade escandalosa, mas também sua força invencível, seu poder, sua capacidade de tudo impregnar e transformar, até chegar à vitória final. Só que para compreender isso – os mistérios do Reino -, é necessário ter a paciência, a sabedoria que nos dá a capacidade de acolher os tempos e modos de Deus! Mas, vamos às parábolas.

Primeiro, a do trigo e do joio. Que nos ensina aqui o Senhor? Que lições nos quer dar? Em primeiro lugar: Deus não é inativo, indiferente ao mundo, à nossa vida de cada dia. No seu Filho, semeou o trigo do Reino no campo deste mundo e no campo do nosso coração. Como diz o Livro da Sabedoria, na primeira leitura de hoje: "Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas!" Sim: nosso Deus é um Deus presente, um Deus atuante, um Deus que cuida de nós com amor e com amor vela por suas criaturas! Não duvidemos, não percamos de vista esta realidade: num mundo de cimento armado e homens bombas, fome, mortes e mensalões, Deus está presente, Deus cuida de nós! Uma segunda lição desta parábola: no mundo e no coração de cada um de nós infelizmente há o mal, o pecado, a treva. Por favor, não mascaremos o mal do mundo nem o mal do nosso interior! É preciso desmascará-lo, é preciso chamá-lo pelo nome! Não mascare, irmão, irmã, o mal da sua vida, do seu coração, da sua consciência! Esse mal não vem de Deus; vem do Antigo Inimigo, do Diabo que, mais esperto que nós, tantas vezes faz o mal nos parecer bem e até achar que nós mesmos estamos acima do bem e do mal! O Diabo é assim: semeia o mal e faz com que ele se confunda com o bem, como o trigo e o joio. E nós, tolos, confundimos tudo e pensamos ser bem ao que é mal – mal semeado pelo Maligno! Por favor, olhe o seu coração: não se engane, não finja, não mascare, não minta pra você mesmo! Chame o mal de mal e o bem de bem! Numa terceira lição, a parábola de Jesus nos ensina a paciência, sobretudo com o mal que vemos no mundo e nos outros! Somos impacientes, caríssimos, e até julgamos Deus e o seu modo de agir no mundo. O querido Bento XVI, na sua homilia de início de pontificado, falava da paciência de Deus que salva e da impaciência nossa que coloca a perder… Jesus nos pede que confiemos em Deus, que acreditemos na sua ação e nos seus desígnios, tempos e modos: Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas e a quem devas mostrar que teu julgamento não foi injusto. A tua força é princípio da tua justiça e o teu domínio sobre todos te faz para com todos indulgente. Dominando tua própria força, julgas com clemência e nos governas com grande moderação; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores".

Escutemos ainda um pouco o Senhor; aprendamos com as parábolas do grão de mostarda e do fermento que leveda a massa. Precisamente porque o modo de pensar e agir de Deus não é como o nosso, o Reino dos Céus aparece tão frágil, tão inseguro, tão precário… pequenino como um grão de mostarda, pouquinho como uma pitada de fermento! E, no entanto, será grande, será forte, será vitorioso e abrigará as aves dos céus! Será eficaz, forte, e penetrará toda a massa deste mundo! Mas, quando, Senhor? Por que demoras? Por que parece que estás longe? Por que pareces dormir? Observem, irmãos, que em todas as parábolas do Reino, Jesus deixa claro que, ao fim, haverá um julgamento de cada um de nós e o Reino triunfará!

Mas, para não descrer, para não desesperar, para não ver e sentir simplesmente na nossa medida e com nossas forças, supliquemos que o Espírito do Ressuscitado venha nos socorrer, "pois não sabemos o que pedir, nem como pedir!" Só o Espírito do Cristo, o Semeador do Reino, pode nos fazer perceber os sinais do Reino, os sinais de Deus no mundo e na vida. Só o Espírito nos sustenta, fazendo-nos caminhar sem desfalecer, de esperança em esperança… Só o Espírito nos ensina as coisas do Reino: ele torna o Reino presente porque torna Jesus presente. Por isso mesmo, em vários antigos manuscritos do Evangelho de São Lucas, na oração do Pai-nosso, onde tem "Venha o teu Reino" aparece "Venha o teu Espírito"! É o Espírito de Cristo que torna o Reino presente em nós e no mundo. Deixemo-nos, portanto, guiar por ele, pois "o Reino de Deus é paz e alegria no Espírito Santo!"

Eis, caríssimos! Aprendamos do Senhor, vigiemos e acolhamos sua palavra. Se formos fiéis e perseverarmos até o fim, escutaremos cheios de esperança sua promessa, que encerra o Evangelho de hoje: "… então, os justos brilharão como o sol no Reino do seu Pai!" Que assim seja! Amém!

D. Henrique Soares da Costa

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No nosso mundo também há trigo

Estamos conscientes da existência da cizânia no nosso mundo. Continuamente os meios de comunicação nos informam sobre a violência, mortes, ódios e outros tantos sinais da cizânia que cresce na nossa sociedade. Por isso, quando lemos o evangelho de hoje, logo identificamos a cizânia e em seguida lhe pomos nomes e sobrenomes. Até mesmo na nossa família é fácil de encontrá-la. Mas nos esquecemos do lado positivo.

É que a parábola, contra todo o pessimismo que tantas vezes nos invade, primeiro afirma que há muito trigo semeado. Tanto, que vale a pena aguardar o momento da colheita para tirar a cizânia. Há muita boa semente plantada pelo Filho do Homem, como diz o próprio Jesus em sua explicação sobre a parábola. Essa boa semente está crescendo no nosso mundo. Há os que só querem ver a cizânia no campo, mas a realidade é que lá predomina a boa semente, o trigo. Se apenas houvesse cizânia, o dono do campo teria mandado que fosse toda arrancada. Não haveria razão alguma para que esperássemos até a colheita. Algo parecido nos diz Jesus na parábola do fermento. Apenas um pouco de fermento é suficiente para que se levede toda a massa, mesmo que alguns pensem que isso seja impossível. Diante daqueles que pensam que a maçã podre poderá estragar as demais, Jesus sempre revolucionário - afirma que a boa maçã será capaz de transformar as outras.

A primeira leitura nos confirma este testemunho. Nosso Deus é o todo poderoso e por isso mesmo nos governa com clemência. Seu poder se manifesta na capacidade que tem de perdoar e dar vida. Ou, como diz a segunda leitura, o Espírito vem auxiliar a nossa fraqueza e intercede por nós com gemidos inefáveis. O poder de Deus está do nosso lado, está do lado da vida e do bem e não permitirá que a cizânia leve a melhor.

As leituras deste domingo nos trazem uma mensagem cheia de vida e esperança. Em nossa sociedade, em nossa família e em cada um de nós, há muito mais trigo que cizânia. Há muito mais para se salvar que para condenar. E mais ainda, nenhuma pessoa está definitivamente condenada. Nosso Deus espera por todos até o momento da colheita. Então será o momento da purificação final, que salvará tudo o que for trigo em nós e nos libertará definitivamente do peso da cizânia. O Espírito Santo nos auxilia nesse caminho.

Deixo-me levar pelo pessimismo ao olhar a realidade do nosso mundo, da nossa sociedade, de minha família ou de mim mesmo? Sigo os conselhos de Jesus? Quais os sinais de bondade e de esperança que vejo em mim mesmo e em tudo mais que está ao meu redor? Que poderia fazer para que se veja mais a presença do trigo - que é verdadeiramente abundante - e menos a da cizânia?

Victor Hugo Oliveira

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O JOIO E O TRIGO

"É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha vida. Senhor,

de todo coração hei de vos oferecer o sacrifício, e dar graças ao vosso nome, porque sois bons" (Sl. 53,6.8).

É necessária a paciência para fazer a vontade de Deus. A sagrada liturgia deste 16º domingo do tempo comum nos leva a refletir sobre o joio e o trigo. O joio representa o mal. O trigo simboliza o Reino de Deus na terra.

Os homens, indistintamente, experimentam do bem e do mal. Todos já praticaram o bem e o mal. Saber viver bem é uma sabedoria que vamos buscar perscrutando os caminhos do Senhor Ressuscitado.

A resistência ao espírito do mal e a perseverança no bem se chama paciência. Os pecadores, ou seja, todos os homens e mulheres que decaem no pecado são convocados a retornarem ao aprisco do Senhor ou adentrarem no Reino das Bem-Aventuranças.

A primeira leitura nos leva a refletir que Deus julga com brandura e exerce seu poder com benevolência. Deus infunde nos justos a coragem, a esperança e a capacidade de amar. Amar sem limites, amar sem reducionismos, amar o pecador e repudiar o pecado.

Deus não precisa prestar contas aos homens. Sua grandeza, Ele a demonstra julgando com benignidade, pois Ele tem suficiente poder; Deus não é escravo de sua própria força. Contrariando nossa impaciência e intolerância, Deus aguarda que talvez o injusto ainda se converta.

A parábola do joio e do trigo nos ensina que é preciso ter presente na vida quotidiana a paciência. Uma virtude difícil, mas necessária dentro da normalidade dos eventos da vida diária.

Em tempos em que o homem se orgulha de dominar as tecnologias, as pessoas e as coisas, Jesus vem ensinar que a paciência é a virtude básica de vivificar os mistérios da fé e vencer as adversidades da vida presente.

Hoje os homens gostam de viver o imediato, o hedonismo desvairado. As relações sociais e amorosas são passageiras e efêmeras, o que não gera compromisso. A juventude conjuga o verbo "ficar", enquanto é necessário com prudência "degustar" as virtudes humanas com intensidade, perpetuidade e paciência, sempre deixando fixos os olhos para a escatologia, para o céu, para a visão beatífica de Deus.

O homem moderno não suporta mais o sofrimento, a derrota, as adversidades, a resignação. É próprio desta sociedade procurar uma solução para tudo e para todos os problemas. Não se tem paciência nem para as coisas espirituais. As pessoas não compreendem mais o tempo de Deus, o tempo da graça, o tempo da conversão, o tempo da amizade com o Senhor Ressuscitado.

O homem hoje quer satisfações imediatas. O homem quer eliminar os seus opositores, cortando etapas, abrindo caminhos tortuosos, antiéticos.

Entretanto, as coisas de Deus, as coisas do Reino do Divino Salvador acontecem lentamente, e muitas vezes, com sofrimento e resignação. Por causa disso muitos hoje não enxergam a beleza do arco-íris, do por do sol, a leveza das plantas, o perfume dos campos, a grandiosidade da criação e do crescimento das plantações.

Jesus trouxe o tempo da graça e da salvação. Jesus compara este tempo com o plantio e o crescimento do trigal. O Reino de Deus na sua realização terrena, embora sendo de graça e santidade, não nos dispensa da paciência diante do mal e da luta paciente contra o mal, que é o pecado que nos distancia do Senhor Jesus.

Muitos se revoltam contra Deus perguntando por que existe ou coexiste no mundo o Mal. O homem tenta explicar as guerras, a fome, à exclusão social, à falta de emprego, de comida, de dignidade. Mas o homem não consegue explicar o mal que provém do Mistério (cf. 2Ts. 5,2-7).

O homem que é colocado diante do mal deve resistir e superar o mal. Isso é sua obrigação. Se Deus é o exemplo da paciência é sempre bendito o esforço humano para vencer o mal. Isso é paciência. Uma luta, ou seja, um combate espiritual contra o mal que somente será totalmente vencido ou superado no céu.

O Reino de Deus é o trigal. Cristo veio semeá-lo em nossos corações e na nossa sociedade. É trigo bom, de amor, de justiça, de verdade, de perdão, de misericórdia. Somos uma comunidade de santos e de pecadores. Neste contexto todos somos convidados para a conversão, começando pelas pequenas coisas, até chegar às grandes coisas de nossa vida quotidiana. É na paciência que o Evangelho nos ensina que, com prudência e grade força de vontade, que os homens são convidados a lutarem contra o mal, contra o pecado, contra o príncipe das trevas, voltando par ao aprisco do trigal celestial, pela mediação da Santa Igreja católica.

A segunda Leitura de hoje mereceria uma atenção especial, como descrição daquilo que chamaríamos "espiritualidade". Pois, para muitas pessoas, espiritualidade é uma espécie de conquista de si mesmo, um treinamento militar, uma ascese, tanto que, antigamente, "ascese e espiritualidade" eram estudadas no mesmo tratado teológico. Ora espiritualidade cristã existe quando o Espírito de Cristo vive em nós, toma conta de nós. Isto não tem nada que ver com ascetismo, uma vez que o Espírito adota até a nossa fraqueza. Nós nem sabemos rezar como convém, mas "o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis" (cf. Rm 8,26). Portanto, o importante é deixar-se envolver por este Espírito e não expulsá-lo pela auto-suficiência de nosso próprio espírito. Aliás, da nossa fraqueza, o Espírito de Cristo é que consegue dar conta; o nosso, dificilmente.

Para falar do Reino de Deus, Jesus usa as parábolas. Compara o Reino a um agricultor que lança na terra a boa semente. Fala também de uma mulher que põe o fermento na massa para que o bolo cresça. Semente e fermento é o próprio Jesus. É ele quem faz acontecer no mundo o Reino de Deus. Na sociedade há pessoas que se preocupam com a vida e com a paz e há outras que resistem ao Projeto de Deus e geram o mal no mundo. Ao celebrar o mistério Pascal de Jesus, somos chamados a ser boa semente e testemunhar a justiça e o amor que vêm do coração do Pai.

padre Wagner Augusto Portugal

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O Joio

Olhando o mundo de hoje, vemos que o bem e o mal caminham juntos. Por que Deus permite tudo isso? Por que não intervém para castigar os pecadores?

A liturgia nos fala da paciência de Deus e nos convida a convivermos com os dois com paciência e prudência.

A 1ª leitura apresenta um Deus indulgente e misericordioso para com os homens, mesmo quando eles praticam o mal. (Sb. 12,13.16-19)

A conquista da terra prometida realizou-se após muitos anos de guerras. Deus poderia ter evitado o sofrimento, eliminando esses povos pagãos. Ele não teve pressa em puni-los. Ama todas as pessoas que criou, mesmo quando praticam o mal. Às vezes julgamos certos males como "castigos de Deus".

Deus é tolerante e justo, em quem a bondade e a misericórdia se sobrepõem à vontade de castigar.

E convida-nos a adotar a mesma atitude.

A 2ª leitura sublinha a Bondade e Misericórdia de Deus, afirmando que o Espírito Santo "vem em auxílio de nossa fraqueza", guiando-nos no caminho para a vida plena. (Rm. 8,26-27)

O Evangelho destaca a Paciência de Deus. (Mt. 13,24-43)

A presença do "Reino" no mundo é irreversível e nele todos (bons e maus) têm lugar para crescer e amadurecer.

Na volta da Missão, nota-se a Impaciência dos Apóstolos para com aqueles que não os acolheram:

"Queres que mandemos que desça o fogo do céu para destruí-los?"

- Jesus critica a pressa dos Apóstolos com três parábolas: o trigo e o joio, o grão de mostarda e o fermento na massa...

A 1ª parábola (do trigo e do joio) nos revela duas atitudes:

- a impaciência dos homens: "Senhor, queres que arranquemos o joio?";

- a paciência de Deus: "Deixai crescer junto até a colheita...".

Deus não quer a destruição do pecador e a segregação dos maus.

"Deus é paciente e misericordioso lento para a ira e rico de misericórdia" (Sl. 85)

Na construção do Reino, é preciso ter Paciência e esperar a hora certa para a separação final na colheita.

A "paciência de Deus" com o joio nos convida a rejeitar as atitudes de rigidez, de intolerância, de incompreensão, de vingança, e a contemplar os irmãos (com as suas falhas, defeitos, comportamentos) com os olhos benevolentes, compreensivos e pacientes de Deus.

Joio e Trigo estão em toda parte: em todos os grupos, inclusive nas igrejas. Mesmo em nossas comunidades cristãs, vemos presente tanto joio de desunião, de inveja, de fofocas... E qual é a nossa primeira atitude? Arrancar o joio?

"Nossa história de católicos, muitas vezes, se tornou História de arrancadores de joio, enquanto deveria ter sido história de perdão, de misericórdia e de amor."

Esquecemos que o mal e o bem se misturam no mundo, na vida e no coração...

Esquecemos que o Reino de Deus é um mundo de trigo e de joio, de guerra e de paz, de gozo e inquietação...

Esquecemos que o joio de hoje poderá se tornar amanhã trigo para Deus...

Esquecemos que mesmo dentro de cada um nós há trigo e joio.

E Cristo ainda hoje continua repetindo: "Deixai crescer junto, até a colheita".

O Reio de Deus é uma realidade irreversível, que está num processo de crescimento no mundo. O que essa Parábola diz...

Para líderes de comunidade que querem uma comunidade perfeita da noite para o dia?

Para alguns pais que querem os filhos mudados num piscar de olhos?

Para animadores de movimentos ou pastorais, que querem todo mundo atuando como eles?

É importante saber conviver, no meio dos conflitos...

E então, ficar de braços cruzados passivamente?

Não, as outras duas parábolas complementam a mensagem:

Devemos ser a semente de mostarda, pequena, insignificante, mas que cresce até aninhar os pássaros em seus ramos.

Devemos ser o fermento, que leveda toda a massa da farinha, o mundo em que vivemos...

Assim estaremos transformando o joio em trigo.

O Reino de Deus já está presente entre nós, mesmo misturado com o joio, mesmo pequeno como o grão de mostarda, ou um pouco de fermento...

E nós?

- Somos trigo limpo: de amor, dedicação e colaboração? ou talvez joio de ódio, discórdia e calúnia?...

padre Antônio Geraldo Dalla Costa

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Suportando a contradição

A parábola do joio e do trigo mostra como devemos, na vida, suportar a coexistência do bem e do mal. É impossível realizar uma clara separação entre eles. A ação concomitante do senhor do campo, semeando a boa semente, e a do seu inimigo, semeando a erva daninha, é inevitável. É preciso contar com esta eventualidade!

Os discípulos foram alertados quanto à tentação de querer arrancar a erva daninha, deixando crescer somente o trigo. Seria arriscado, pois juntamente com a erva má, arrancar-se-ia também a boa. O prejuízo desaconselha uma tal providência.

Diante desta situação, a atitude correta consiste em ter paciência, misericórdia e esperança. Paciência, porque, no final das contas, ficará patente a identidade do bem e do mal, embora, num determinado momento, parecessem semelhantes. Além disto, fica sempre aberta a possibilidade de conversão do pecado para a graça, pois a ação de Deus, no coração humano, supera o nosso entendimento. Misericórdia, porque o discípulo do Reino é chamado a acolher os pecadores, com a mesma benevolência do Pai, sem pretender excluí-los dos benefícios do Reino. Trata-se de uma luta constante para libertá-los da escravidão à qual foram reduzidos pelo pecado. Sem misericórdia, este processo de aproximação será inviável. Esperança, porque o mal está fadado a ser derrotado. Pela força de Deus, o bem terá a última palavra na história humana.

padre Jaldemir Vitório

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O JOIO

Nas parábolas do joio, da mostarda e da semente, Jesus fala do Reino que acontece nesta terra, no nosso mundo. As comparações usadas por Ele não se referem ao céu, à eternidade feliz e plenamente realizada. Ele está falando deste mundo onde o bem e o mal convivem como realidades palpáveis. Até mesmo os eleitos do Senhor, eles não só devem conviver com o mal do mundo, mas também com a maldade que se imiscui entre os batizados que formam a Igreja de Jesus.

Quando a Sabedoria nos dá a entender que Deus trata essa situação com infinita paciência, ela nos diz que, se formos justos, deveremos ser humanos a "exemplo" de Deus. A figura do justo, do correto, do "certinho", do católico observante de todas as normas nem sempre é a de alguém com sentimentos de humanidade. A pequena semente e o pouco de fermento podem parecer nada a quem julga com medidas curtas.

No entanto, a semente e o fermento têm a força inesperada do crescimento. O justo deve aprender de Deus a conviver com o pecador e tornar-se fermento de transformação na massa má e perversa. Isso ele o faz com a humildade da pequena semente e com a despretensão do pouco fermento. Contamos, afinal, com a força do Espírito, que vem em ajuda da nossa fraqueza.

Não é fácil conviver com o joio desalinhado, desorganizado, agressivo e mal-educado. Pior ainda, com o joio injusto, corrupto e explorador. A beleza do trigo que cresce a seu lado não é suficiente para convertê-lo. Há épocas em que o bom exemplo não significa quase nada. A presença amiga, silenciosa e gratuita de Deus junto a todas as suas criaturas pode ser um modelo de atividade pastoral transformadora.

Mt. 13,24-43 – Jesus conta as parábolas do joio e do trigo, da semente de mostarda e do fermento na massa ao povo que o escutava. A parábola é uma pequena história que tem que ser entendida no seu conjunto. Muitas vezes a parábola contém uma crítica que o bom entendedor entende. Jesus está falando do Reino dos Céus. Jesus nunca diz o que é o Reino dos Céus. Ele sempre faz uma comparação: "O Reino dos Céus é como...". Assim, Ele diz que o Reino dos Céus é como o homem que semeia semente boa no seu campo. Mas depois vem um inimigo e semeia uma semente ruim. E as duas têm que crescer junto até a hora da colheita. O Reino também se parece com uma pequena semente de mostarda que depois cresce e se torna uma árvore para abrigar os passarinhos. E, ainda, o Reino é como o pouco de fermento colocado no meio da farinha e que fermenta tudo. Sb. 12,13.16-19 – O livro da Sabedoria afirma a soberania de Deus, seu poder e sua força sobre todas as coisas, e diz também que Deus governa dominando a sua própria força. É assim que Ele mostra o seu poder. E o autor sagrado conclui que assim Deus ensina que o justo deve ser humano, e aos pecadores é dada a esperança do perdão dos pecados.

Sl. 85 (86) – O Salmista proclama a bondade e a clemência de Deus para com os que o invocam e assim procedendo ele atrai as nações que virão adorá-lo.

Rm. 8,26-27 – Nossa fraqueza conta com o socorro do Espírito. Em nós o Espírito fala com o Pai e intercede em nosso favor segundo a vontade do Pai. Nós mesmos não sabemos nem o que pedir nem como pedir.

cônego Celso Pedro da Silva

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O projeto de Deus se realizará no mundo

Mateus, conforme o estilo catequético de seu evangelho, reúne no capítulo 13 uma coletânea com sete parábolas. No trecho de hoje, temos três delas, sendo a parábola do trigo e do joio explicada no estilo de uma alegoria. A parábola do joio e do trigo destaca que a missão não está em combater o inimigo, mas em cultivar os valores do Reino. Fica removida, assim, a obsessiva idéia do "inimigo", muito presente no Primeiro Testamento, de modo particular nos Salmos.

As parábolas do grão de mostarda e do fermento fortalecem os discípulos na esperança. As duas são elaboradas a partir de imagens do ambiente familiar: um homem em seu campo e uma mulher em sua casa preparando o pão. Na primeira parábola são relativizadas as esperanças messiânicas de Israel como poderoso dominador das nações, tomando-se como referência o pequeno grão de mostarda plantado por um camponês. Na segunda, com a mulher que coloca o discreto fermento na massa de farinha, levedando-a, temos o fermento do amor, que se diferencia do fermento da hipocrisia dos fariseus, sobre o qual Jesus adverte seus discípulos (Mt. 12,1). Em ambas, revela-se o Reino de Deus, realmente presente no mundo, na sua dimensão de humildade e simplicidade. Não como afirmação de poder, mas pela transformação dos corações e das relações pessoais, no amor e na justiça, fundamentos da nova sociedade possível.

A explicação alegórica da parábola do trigo e do joio é própria de Mateus. Com freqüência Mateus recorre à expressão apocalíptica do juízo final como forma de pressão para que a comunidade desperte para a obediência à palavra de Jesus. Aqui é o tema da colheita final, quando o joio será queimado, bem como os que praticam o mal, jogados na fornalha de fogo, onde haverá choro e ranger de dentes. Esta expressão, cruel, é característica de Mateus que a repete por seis vezes no seu evangelho. Acolhendo a todos com a clemência de Deus (primeira leitura) abrem-se as portas da verdadeira esperança e comunica-se a vida e o amor, sem discriminações. Deixando-se conduzir pelo Espírito, o projeto de Deus se realizará no mundo.

José Raimundo Oliva

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Joio e trigo crescendo juntos

A leitura do Evangelho deste décimo sexto domingo do tempo comum nos mergulha no belo mundo das parábolas do Reino, inspiradas quase sempre nos quadros da vida do campo. É o Reino de Deus crescendo maravilhosamente, como acontece com a pequeníssima semente da mostarda, que é a menor de todas as sementes, mas, quando nasce, cresce e se desenvolve quase como uma árvore.

Torna-se a maior de todas as hortaliças, a ponto de as aves do céu virem se abrigar em seus ramos. Esse Reino de Deus não só se estende quantitativamente, mas tem uma força de transformação maravilhosa. É como aquele pouquinho de fermento que uma dona-de-casa põe na massa de farinha e vai crescendo e se infiltrando até fermentar a massa toda. Essas duas expressivas parábolas se complementam, uma indicando o crescimento que poderíamos chamar geográfico, até alcançar a terra inteira; outra, indicando o poder de transformação que a graça de Deus exerce no mundo. Esse mundo que seria todo ele muito feliz, se todos soubessem acolher o poder de bondade que existe no Evangelho. A massa pesada e insípida em que se transforma tantas vezes o coração do homem ficaria leve e saudável, com o sabor celestial do pão da verdade e da justiça.

Mas esse milagre de um mundo integralmente marcado com a marca de Deus não acontece. No meio do imenso campo do bem, crescem também as plantas perniciosas do mal. Como explicou Jesus na famosa parábola do trigo e do joio. "O Reino dos céus - ensinou Ele - é como um homem que semeou no seu campo a boa semente. Mas, enquanto os homens dormiam, veio o seu inimigo e semeou joio no meio do trigo e foi- se embora (Mt. 13,24-25). Quando o trigo nasceu e deu fruto, apareceu também o joio. Os trabalhadores se espantaram com isso, e vieram perguntar como acontecera. 0 patrão não tinha semeado apenas trigo? Como é que havia joio no meio do trigo? O patrão explicou que era um inimigo que tinha feito isso. Os empregados queriam, então, arrancar logo o joio. O patrão não concordou. Haveria o perigo de arrancar também o trigo. O certo era deixar crescer tudo junto. Na hora da colheita se faria a separação: o trigo para o celeiro, o joio para o fogo. Um quadro de tintas graves sobre a separação final do dia do juízo!

Como explicou Jesus, Deus só semeia no coração dos homens as sementes do bem e da verdade. Mas acontece o doloroso desastre: o demônio e todas as misteriosas forças do mal semeiam as sementes da maldade. Semeiam a mentira, a violência, o egoísmo, a ganância, o desregramento dos costumes e toda essa vegetação perversa que cresce no vasto campo do bem que Deus planejou para o mundo. Mas haverá um juízo final. O bem vai ser premiado: "Os justos fulgirão como o sol no Reino de seu Pai", como disse a palavra confortadora de Jesus (Ibid., v 43). E haverá a condenação para "os escandalosos e os que praticam a iniqüidade". Essa misteriosa condenação que Jesus apresenta sob a figura da "fornalha ardente" que vai queimar o joio perverso crescido no meio do trigo. Não sabemos bem como será esse eterno castigo de que falam em mil lugares as páginas do Livro Sagrado. Mas é ponto de fé. E a própria razão humana nos diz que não pode ser igual a sorte de quem fez o bem e a sorte de quem fez o mal. Só temos que nos empenhar na prática dobem, e confiar na misericórdia de Deus, que não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva (cf. Ez. 8,23).

A grande lição da parábola do joio e do trigo pode-se dizer que é mostrar o estilo da ação de Deus, sua pedagogia, sua paciência. Nós, no nosso imediatismo, quereríamos logo destruir o mal quando aparece na terra. Arrancar! Aniquilar! O estilo de Deus é diferente. Ele não tem pressa. Inclusive porque o mal nem sempre é definitivo. O pecador pode converter -se. E, é justamente o que Deus quer. Educar o homem para o bem. E a lição que devemos aprender. Embora nos cause algum desconforto ter que conviver com os que praticam o mal. Sobretudo hoje. Vivemos inseguros e inquietos.

A começar por nossos bens e nossa própria vida física, sujeitos como estamos aos assaltos, com processos cada vez mais refinados. Vivemos inseguros quanto à educação dos jovens, cada vez mais assediados pelos maus exemplos que pululam na sociedade. Até a religião vive insegura, no meio da proliferação de tantas seitas, cada qual mais extravagante. E preciso não perder o rumo de Deus. Nada nos separará do amor de Cristo. "Em tudo somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou" (Rm. 8,37).

 

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Da parábola do trigo e do joio

Muita gente nunca viu a planta do joio, nem tem a menor idéia do que seja. O joio é uma gramínea que nasce no meio do trigo e parecem muito com ele. O joio pode danificar terrivelmente a plantação. É uma praga simplesmente.

Por causa da larga difusão da parábola de Jesus no Evangelho deste XVI domingo do Tempo Comum, mesmo para aquele que nunca viu o joio é conhecida a frase proverbial: " Semear joio no meio do trigo".

E todos entendem o que isso significa. Isto é, o trabalho malvado dos que espalham o mal no mundo no meio do bem. Dos que ensinam o erro. Dos que criam desavença no seio da família, ou no ambiente de trabalho. Dos que querem que a comunidade fique desunida, separada e lutando cada um por seu grupinho, em vez de olhar para a união da comunidade.

Quanta semente por aí que não saiu das mãos do divino semeador. Foi semeada pelo homem, inimigo de Deus e da humanidade. Diante desse fenômeno, há os afoitos que queriam eliminar tudo violentamente, correndo risco de destruir muita coisa boa na pressa de acabar com o mal.

São os autoritários, os radicais, os que tem vocação para ditador. Deus não é assim. Ele é o Senhor da história. Tem paciência. Ele sabe que existe a hora do mal e do poder das trevas...

Mas ele tem pela frente a eternidade e o julgamento final para o definitivo triunfo da luz.

E espera. Inclusive porque deseja a conversão do pecador como nos ensina em outros lugares do Livro Sagrado.

O que assusta em determinadas épocas da história é o crescimento demasiado de gente semeando o joio.

O joio da pornografia, por exemplo... Semeando no meio do trigo da dignidade, e do respeito.

O joio do amor livre e do adultério, no meio do trigo da família e da fidelidade.

O joio do egoísmo e da ganância, no campo onde deve crescer o trigo da justiça, da fraternidade.

O joio da violência, no campo onde deve crescer o trigal da paz e da concórdia que constrói o amor.

Assim, o mal vai tomando conta e pode afogar de uma vez a semente do bem que vai crescendo.

Poderá haver áreas totalmente dominadas pela depravação que se tornam irrespiráveis, como acontece com a poluição do que acaba tornando impossível a vida em determinadas regiões.

Isso porque se chegou ao grau de saturação: acima do que as forças da vida e da saúde podem suportar. Penso que isso deve levar muita gente a refletir em suas responsabilidades.

Principalmente aqueles que por causa do dinheiro fecham os ouvidos à voz da consciência e vão usando de todos os meios lícitos ou ilícitos pouco importam para terem cada vez mais ainda que isso seja a custa de dinheiro, da paz e da consciência dos outros.

Ponto de reflexão

Essa parábola do joio leva também a uma oportuna consideração. vezes ouvimos reclamações assim: "Fulano faz tanto mal aos outros. Por que, pois, Deus não o castiga? Eu procuro ser honesto com todos, e não consigo ter nada. Fulano de tal é tapeador, mentiroso, ladrão, não teme a Deus...

No entanto tudo lhe vai bem. Parece que as coisas dão certo para ele melhor que para mim. Lembremos aqui da parábola do joio. Agora não é tempo de julgamento. Deus está deixando o joio crescer com o trigo, sem arrancá-lo agora. No fim de nossa vida, cada um receberá a recompensa ou o castigo que merece. Agora é o tempo de semear a boa semente, de fazer o bem, de cumprir cada um o seu dever. O julgamento e a separação definitiva do bem e do mal, isso compete a Deus que conhece não só o nosso procedimento, mas até o nosso pensamento. Outro pensamento que podemos tirar dessa parábola é este: O mal procura infiltrar-se no meio do bem, com a aparência de coisa boa. O mal, como mal, é comumente rejeitado. O homem sente-se envergonhado de fazer o mal, como mal. Então, todo o mal que há sobre a terra procura ter uma aparência de coisa boa para poder entrar no coração do homem. Não se esqueçam de que o joio era uma erva ruim, mas tinha a mesma aparência do trigo que é bom.

Boa semente... E joio...

 

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Os falsos profetas (Mt. 7,15-23)

Cristo já previa que no decorrer dos tempos haveria de surgir falsos profetas, que, com aparência de bons, tentariam enganar as pessoas mais simples. Por isso os ensinamentos de Jesus valem para o passado, para o presente e para o futuro.

Em outro lugar do Evangelho, Cristo disse claramente: "Cuidado  com os falsos profetas, que vêm a vós com pele de ovelha, mas por  dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis.

Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Portanto, toda árvore boa dá bons frutos e toda árvore má dá maus frutos. Não pode uma árvore boa dar frutos maus, nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Pelos seus frutos, portanto, os conhecereis.

"Nem todo que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas o que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome, em teu nome não expulsamos demônios e em teu nome não fizemos milagres? Então lhes declararei publicamente: Nunca vos conheci, apartai-vos de mim, obreiros de iniqüidade" (Mt 7,15-23).

Explicação

"Falsos profetas": são os inventores de novas religiões. Cristo fundou uma só Igreja, uma só religião e colocou à frente de seu rebanho um único chefe - o papa. No entanto, com o correr dos séculos apareceram novas religiões e diferentes pregadores, dizendo falar em nome de Deus. Ora, a Igreja verdadeira deve ter sua origem nos tempos em que Cristo estava neste mundo. Através de vinte séculos a Igreja Católica formou seus santos e provou a santidade autêntica de milhares de homens e de mulheres; sacerdotes e leigos. Hoje, porém, vemos os nomes desses santos e o nome do próprio Deus explorados pela macumba, pelo espiritismo e por tantos curandeiros e feiticeiros. Os santos são os bons "frutos" da Igreja. Cada religião que quiser se apresentar como verdadeira, deve apresentar também suas boas obras e seus santos, pois, como disse Jesus, "toda árvore boa dá bons frutos".

Mesmo o católico - não basta só dizer: "Eu sou muito católico". Se sua vida não corresponder ao Evangelho, Cristo dirá no juízo final "Nunca te conheci; aparta-te de mim".

 

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"Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!"

Esse texto continua o capítulo 13 de Mateus, onde se proclamam as parábolas do Reino. Hoje lemos três parábolas, que comparam o Reino de Deus a um campo de trigo, um grão de mostarda e o fermento na massa, quando se faz pão. Termina com uma explicação alegórica do sentido da parábola do trigo de do joio. Podemos entender essas parábolas todas como uma mensagem de esperança para a comunidade pequena mateana - e para nós hoje. Uma leitura atenta delas deve nos reanimar para a nossa caminhada e luta em favor do Reino, sem desânimo nem desesperança.

Isso fica patente nas pequenas parábolas do grão de mostrada e do fermento na massa. A semente de mostarda é minúscula, mas quando brota, forma um arbusto viçoso. Quando se faz pão, não se usa mais do que uma pequena porção de fermento, mas é o suficiente para levedar a massa toda. O efeito é desproporcional ao tamanho ou peso do grão e do fermento. Pois, eles têm um dinamismo interno que dá resultados inesperados.

Jesus aplica essas observações ao Reino de Deus. O seu crescimento depende de pessoas e coisas que aparentemente são insignificantes. Porém, onde existe uma real comunidade de discípulos; há um dinamismo interno que causa efeitos muito maiores do que a sua força humana, pois é movido pela força do Espírito de Deus. Com certeza, no tempo da redação desse evangelho, a comunidade mateana estava sentindo-se fraca demais para enfrentar a polêmica e a luta com o judaísmo rabínico formativo. Diante das expulsões das sinagogas e das famílias, da rejeição dos discípulos por seus pares, e diante da ameaça de perseguição real, muitos devem ter desanimado, sentindo-se fracos demais para esta caminhada.

Algo semelhante facilmente ocorre hoje - diante do rolo compressor da globalização do mercado, do projeto neo-liberal, muitos acham que nós não temos forças para resistir, pois somos fracos e insignificantes nos olhos dos donos do poder. Mas, isso é julgar somente com critérios humanos. É fácil esquecer a ação do Espírito e que para Deus nada é impossível. Essas duas parábolas nos ensinam a valorizar o nosso grão de mostarda e a nossa medida de fermento - ou seja, as pequenas ações e gestos de solidariedade, que trazem o dinamismo do Espírito e podem alcançar resultados surpreendentes.

Olhando as estatísticas da diminuição da mortalidade infantil no Brasil, diante de quais os governantes se ufanam, quem não sabe que em grande parte é resultado do trabalho humilde e perseverante dos membros da Pastoral da Criança, que, mesmo diante de décadas de descaso governamental diante da saúde pública, fazem verdadeiros milagres em favor da vida. E poder-se-ia multiplicar os exemplos. Olhemos com os olhos de fé e de Deus e não com os olhos do mundo, que só valoriza a força do dinheiro, do poder e da dominação.

Nesse contexto pode-se ler a parábola do campo onde foi semeado joio (erva daninha) junto com o trigo. Os servos querem arrancar à força o joio, mas o patrão não permite, pois talvez faça mais mal do que bem. Aqui o campo é o mundo, a comunidade, a Igreja. Somos uma comunidade santa e pecadora, como reza a oração eucarística. Cada comunidade, cada pessoa é ao mesmo tempo trigo e joio. A parábola alerta contra dois perigos muitas vezes presentes nas Igrejas. Uma é a tendência do puritanismo - de criar uma comunidade de "santos" ou "eleitos", intolerante com os pecadores e com as fraquezas humanas, criando uma religião rígida e fria, que esconde o rosto misericordioso de Deus. O outro perigo é o oposto - simplesmente ignorar o joio, e assim correr o perigo que a erva daninha (os males e erros) sufoquem o trigo na comunidade. A parábola aconselha paciência e cautela, e assim quer evitar os dois entremos de elitismo" e de laissez-faire, pois ambas as atitudes teriam como resultado a destruição da comunidade.

O Reino é de Deus e Ele não falha. Somos convidados a caminhar juntos na construção lenta, mas segura, desse Reino, apesar de sermos joio e trigo, confiantes no dinamismo do Espírito que faz com que o nosso grão de mostarda e fermento na massa dão frutos, muito além das expectativas humanas.

padre Lucas de Paula Almeida, CM

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O JOIO E O TRIGO

A liturgia do 16º domingo do tempo comum convida-nos a descobrir o Deus paciente e cheio de misericórdia, a quem não interessa a marginalização do pecador, mas a sua integração na comunidade do "Reino"; e convida-nos, sobretudo, a interiorizar essa "lógica" de Deus, deixando que ela marque o olhar que lançamos sobre o mundo e sobre os homens.

A primeira leitura fala-nos de um Deus que, apesar da sua força e onipotência, é indulgente e misericordioso para com os homens – mesmo quando eles praticam o mal. Agindo dessa forma, Deus convida os seus filhos a serem "humanos", isto é, a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus.

O Evangelho garante a presença irreversível no mundo do "Reino de Deus". Esse "Reino" não é um clube exclusivo de "bons" e de "santos": nele todos os homens – bons e maus – encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva.

A segunda leitura sublinha, doutra forma, a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo – dom de Deus – vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena.

1ª Leitura – Sb. 12,13.16-19 – AMBIENTE

O "Livro da Sabedoria" é o mais recente de todos os livros do Antigo Testamento (aparece durante a primeira metade do séc. I a.C.). O seu autor – um judeu de língua grega, provavelmente nascido e educado na Diáspora (Alexandria?) – exprimindo-se em termos e concepções do mundo helênico, faz o elogio da "sabedoria" israelita, traça o quadro da sorte que espera o justo e o ímpio no mais-além e descreve (com exemplos tirados da história do Êxodo) as sortes diversas que tiveram os pagãos (idólatras) e os hebreus (fiéis a Jahwéh). O seu objetivo é duplo: dirigindo-se aos seus compatriotas judeus (mergulhados no paganismo, na idolatria, na imoralidade), convida-os a redescobrirem a fé dos pais e os valores judaicos; dirigindo-se aos pagãos, convida-os a constatar o absurdo da idolatria e a aderir a Jahwéh, o verdadeiro e único Deus… Para uns e para outros, só Jahwéh garante a verdadeira "sabedoria" e a verdadeira felicidade.

O texto que nos é proposto pertence à terceira parte do livro (cf. Sb. 10,1-19,22). Nessa parte, recorrendo, sobretudo, à técnica do midrash, o autor faz a comparação entre os castigos que Deus lançou contra os "ímpios" (os pagãos) e a salvação reservada aos "justos" (o Povo de Deus).

O autor começa por mostrar como a "sabedoria" de Deus se manifestou na história de Israel (cf. Sb. 10,1-11,14). Em contraste, vai descrever como é que Deus tratou os egípcios (cf. Sb. 11,15-20) e os idólatras cananeus (cf. Sb. 12,3-19). O texto que nos é proposto faz parte desta última perícope.

Os cananeus eram, na perspectiva dos israelitas, uma raça maldita e perversa, que cometiam crimes especialmente hediondos: "praticavam obras detestáveis, ritos ímpios, e eram cruéis assassinos dos seus filhos" (Sab 12,4-5). Deus podia tê-los eliminado rapidamente (cf. Sb. 12,9); no entanto, retardou o mais possível o castigo (cf. Sb.1 12,8), dando-lhes várias oportunidades de se arrependerem e de mudarem de vida (cf. Sb. 12,10).

MENSAGEM

Nessas circunstâncias, Jahwéh deu provas de extrema moderação e manifestou a sua bondade, a sua misericórdia, a sua justiça. Deus não tinha que provar nada a ninguém, pois ninguém lhe podia pedir contas; se agiu dessa forma equilibrada e moderada, é porque é um Deus justo. A "justiça" não é, no Antigo Testamento, a estrita aplicação da lei; mas é, sobretudo, a fidelidade à própria essência. Ora, a essência de Deus é amor, bondade e misericórdia; por isso, ser justo equivale, para Deus, a revelar amor, benevolência e bondade na sua atitude para com os homens.

O que é mais significativo aqui é que a "justiça de Deus" não se exerce sobre o Povo de Deus, mas sobre um povo "de má estirpe" e de "maldade congênita" (Sb. 12,10): é a universalidade da salvação que assim é sugerida.

Por outro lado, o autor vê neste comportamento "justo" de Deus uma lição para Israel. Que é que, desta forma, Deus ensina ao seu Povo?

Ensina, em primeiro lugar, que Deus não quer a morte do pecador, mas sim que ele se converta e viva; por isso, "fecha os olhos" diante do pecado do homem, a fim de o convidar ao arrependimento.

Ensina, em segundo lugar, que "o justo deve ser amigo dos homens" (Sb. 12,19): se a lógica de Deus é uma lógica de perdão e de misericórdia, o Povo de Deus deve adotar a mesma lógica e assumir atitudes de bondade, de amor, de misericórdia, de tolerância, nas suas relações comunitárias. Mais: a bondade e a compreensão não devem ser reservadas para aqueles que são bons, mas também para aqueles que fazem insistentemente o mal.

ATUALIZAÇÃO

• O nosso texto apresenta-nos um Deus tolerante e justo, em quem a bondade e a misericórdia se sobrepõem à vontade de castigar. Ele não quer a destruição do pecador, mas a sua conversão; Ele ama todos os homens que criou, mesmo aqueles que praticam ações erradas. Ora, todos nós conhecemos bem este quadro de Deus, pois ele aparece-nos a par e passo na Palavra revelada… Mas já o interiorizamos suficientemente?

• Interiorizar esta "fotografia" de Deus significa "empapar-nos" da lógica do amor e da misericórdia e deixar que ela transpareça em gestos para com os nossos irmãos. Isso acontece realmente? Qual a nossa atitude para com aqueles que nos fizeram mal, ou cujos comportamentos nos desafiam e incomodam? Faz sentido catalogar os homens em bons e maus e defendermos uma justiça implacável para com aqueles que praticam ações erradas?

• Muitas vezes, percebemos certos males que nos incomodam como "castigos" de Deus pelo nosso mau proceder. No entanto, este texto deixa claro que Deus não está interessado em castigar os pecadores… Quando muito, procura fazer-nos perceber, com a pedagogia de um pai cheio de amor, o sem sentido de certas opções e o mal que nos fazem certos caminhos que escolhemos.

2ª Leitura – Rm. 8,26-27 – AMBIENTE

Há já alguns domingos que Paulo nos vem propondo uma catequese sobre o caminho a seguir para poder acolher a salvação que Deus oferece. A salvação é um dom de Deus, dom gratuito que é fruto da bondade e do amor de Deus (cf. Rm. 3,21-5,11). Essa salvação chega-nos através de Jesus Cristo (cf. Rm. 5,12-8,39); e atua em nós pelo Espírito que Jesus derrama sobre aqueles que aderem ao seu projeto e entram na sua comunidade (cf. Rom 8,1-39) – a comunidade do Reino.

No passado domingo, Paulo convidava os crentes a decidirem-se pela vida "segundo o Espírito". Dizia-nos que essa opção terá uma dimensão cósmica e que ajudará a vencer os desequilíbrios e desarmonias que destroem a criação de Deus. Trata-se, no entanto, segundo Paulo, de um caminho difícil, que exige padecimentos, renúncias, purificações, renovação da vida.

Como é que o cristão pode fazer essa opção? Como é que ele percebe, claramente, qual é o caminho? Donde recebe ele a força para viver "segundo o Espírito"?

MENSAGEM

É Deus que nos dá a força de viver "segundo o Espírito". No entanto, devemos continuamente pedir a Deus, nosso Pai, essa graça.

Na verdade, nem sempre sabemos o que devemos pedir, pois nem sempre conseguimos discernir entre a vida "segundo a carne" e a vida "segundo o Espírito". No entanto, o próprio Espírito Santo "vem em auxílio da nossa fraqueza" (v. 26a). O que é que Ele faz? Como é que Paulo entende a intervenção do Espírito a este propósito?

O texto não é explícito. Segundo uma interpretação, nós temos dificuldade em articular devidamente os nossos desejos e necessidades e é o Espírito que se encarrega de formulá-los em nosso lugar. Segundo outra interpretação, o Espírito junta a sua intercessão "inefável" aos nossos gemidos, fazendo com que a nossa oração chegue até Deus.

Num e noutro caso, o Espírito faz de mediador eficaz no nosso diálogo com Deus. Ele é nosso "intérprete" e intercessor, elevando-nos ao Deus que conhece o coração. E esta oração (que o Espírito dirige em nosso lugar, ou que o Espírito "apóia") é sempre acolhida por Deus, pois está em conformidade com os planos e os projetos de Deus (v. 27).

ATUALIZAÇÃO

• Antes de mais, há neste texto um convite implícito a tomarmos consciência do amor que Deus nos dedica e da sua preocupação com a nossa salvação, com a nossa realização plena. Não somos minúsculos grãos de areia abandonados ao sabor das tempestades cósmicas num universo sem fim; somos filhos amados de Deus, a quem Ele não desiste de indicar, todos os dias, os caminhos da felicidade e da vida definitiva. Nos momentos de crise, de derrota, de falência, é preciso conservar os olhos postos nesta certeza: Deus ama-nos; por isso, oferece-nos, de forma gratuita e incondicional, a salvação.

• O Espírito de Deus, vivo e atuante na história do mundo e na vida de cada homem ou mulher é a "prova provada" do amor de Deus por nós. O Espírito oferece-nos cada dia a vida de Deus, leva-nos ao encontro de Deus, faz com que a nossa voz chegue ao coração de Deus. É preciso, no entanto, disponibilidade para o acolher e atenção aos sinais através dos quais Ele nos conduz ao encontro de Deus. Acolher o Espírito é sair do egoísmo, do orgulho, da auto-suficiência e procurar descobrir, com humildade e simplicidade, os caminhos de Deus, os desafios de Deus.

• O ritmo da vida moderna é estonteante… As exigências profissionais, os problemas familiares, o inferno do trânsito, a necessidade de ganhar a vida atiram-nos de corrida em corrida, sempre ocupados, sempre cansados, sempre carregados de stress, prisioneiros de uma máquina que nos desumaniza e que não nos deixa centrar a nossa atenção no essencial, reequacionar os nossos valores e prioridades. É preciso, no entanto, encontrar tempo e espaço para refletir, para redefinir o sentido da nossa existência, para perceber se estamos a conduzir a nossa vida "segundo a carne" ou "segundo o Espírito".

• O verdadeiro crente é o que vive em comunhão com Deus. Não prescinde desses momentos de diálogo, de partilha, de escuta, de louvor a que chamamos oração. É nesse diálogo intenso, verdadeiro, diário que o crente, através do Espírito, intui a lógica de Deus, a sua verdade, o projeto que Ele tem para cada homem e para o mundo. Esforço-me por encontrar espaço para o diálogo com Deus e para fortalecer a minha intimidade com Ele?

Evangelho – Mt 13,24-43 – AMBIENTE

Continuamos em contacto com as "parábolas do Reino". O Evangelho deste domingo apresenta-nos mais um bloco de três imagens ou comparações ("parábolas") que pretendem revelar aos discípulos e às multidões que rodeiam Jesus, a realidade do "Reino".

Já vimos, no passado domingo, porque é que Jesus pregava por "parábolas": porque a linguagem parabólica é uma linguagem rica, expressiva, questionante; porque a "parábola" é uma excelente arma de controvérsia, muito útil em contextos polêmicos; porque a "parábola" faz as pessoas pensar e incita-as à procura da verdade. Por tudo isto, as "parábolas" são uma linguagem privilegiada para apresentar o Reino, para incitar as pessoas a descobrir o Reino e para as levar a aderir ao Reino.

Das três parábolas que nos são hoje propostas, duas (o grão de mostarda e o fermento) procedem da tradição sinóptica; a outra (a parábola do trigo e do joio) só aparece em Mateus (além de aparecer também numa antiga coleção de "ditos" de Jesus, conhecida como "Evangelho de Tomé").

Também desta vez percebe-se – tanto nas parábolas, como nas explicações que as acompanham – a preocupação "pastoral" de Mateus: ele não é um jornalista a transcrever o que Jesus disse; mas é um "pastor" que procura exortar, animar, ensinar e fortalecer a fé dessa comunidade cristã a que o Evangelho se dirige.

MENSAGEM

A primeira parábola que nos é proposta é a parábola do trigo e do joio (vs. 24-30). Trata-se de um quadro da vida quotidiana: há um "senhor" que semeia boa semente no seu campo, um "inimigo" que semeia o joio (nome de uma erva gramínea que nasce entre o trigo e o danifica) e "servos" dedicados, preocupados com o futuro da colheita. Tudo parece normal; o anormal é a reação do "senhor" à "crise": dá ordens para que deixem crescer trigo e joio lado a lado e que só na altura da ceifa seja feita a seleção do bom e do mal, do que é para queimar e do que é para guardar nos celeiros.

A parábola deve ser entendida no contexto do ministério de Jesus. Ele conviveu com os pecadores, com os marginais, com os que levavam vidas moralmente condenáveis. Sentou-se à mesa com gente desclassificada, deixou-se tocar por pecadoras públicas, convidou um publicano a integrar o seu grupo de discípulos… Com esse comportamento "escandaloso", Ele quis dizer a todos esses que a religião oficial excluía, que Deus os amava e que os convidava a fazer parte da sua família, a integrar a comunidade da salvação, a serem membros de pleno direito da comunidade do "Reino".

Os fariseus consideravam inaceitável a atitude de Jesus. Para eles, quem não cumpria a Lei tinha de ser excluído do Povo santo de Deus e não tinha o direito de fazer parte do "campo" de Deus. A "lógica" dos fariseus condiz com a "lógica" de Deus?

Nesta parábola, Jesus pretende dar-nos uma lição sobre a "lógica" de Deus. Sugere que a "lógica" de Deus não é uma "lógica" de destruição, de segregação, de exclusão, mas é uma "lógica" de amor, de misericórdia, de tolerância. O Deus de Jesus Cristo é um Deus paciente e misericordioso, lento para a ira e rico de misericórdia, que dá sempre ao homem todas as oportunidades para refazer a existência e para integrar plenamente a comunidade do "Reino". Ele tem um plano de salvação e de graça que oferece gratuitamente a todos os homens, bons e maus; depois, no tempo oportuno, ver-se-á quem são os maus e quem são os bons. De resto, não é muito fácil separar o bom e o mau, porque as duas realidades coexistem em todos os "campos", em todos os corações.

O "senhor" da parábola é esse Deus paciente, que dá ao homem todas as oportunidades, que não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva.

Os "servos" com excesso de zelo são os crentes (que trabalham no campo do "senhor") rígidos e intolerantes, incapazes de olhar o mundo e o coração dos homens com a bondade, a serenidade e a paciência de Deus.

O "campo" é o mundo e a história, onde coexistem o trigo (os sinais de esperança, de vida, de amor que tornam este mundo mais belo e mais feliz) e o joio (os sinais de morte, responsáveis pelo sofrimento, pela opressão, pela escravidão). É também o coração de cada homem e de cada mulher, capaz de opções de vida e capazes de opções de morte.

Jesus garante: os métodos de Deus não passam pelo castigo imediato, pela intolerância face às opções dos homens, pela incompreensão dos erros dos seus filhos; os métodos de Deus passam por deixar os homens crescer em liberdade, integrando a comunidade dos filhos de Deus.

Nos vers. 36-43, temos a aplicação que Mateus faz da parábola do trigo e do joio à vida da sua comunidade.

Nesta "explicação", o eixo central da parábola original passa a ser outro. A problema já não é se na "lógica" de Deus o trigo e o joio podem crescer juntos, mas é a questão do "juízo" que espera bons e maus: Mateus insiste que, no "dia da colheita" (imagem que, nos profetas, se identifica com o dia do "juízo de Deus" sobre os homens e o mundo), os bons receberão a recompensa e os maus receberão o castigo.

Estamos nos finais do séc. I (década de 80). Já passou o entusiasmo dos primeiros anos; a vida das comunidades cristãs é marcada pela monotonia, pela falta de entusiasmo e empenho, pela mediocridade, pelo laxismo. Os cristãos aburguesaram-se e nem sempre vivem de forma empenhada e comprometida a sua fé. Como despertar de novo nos crentes o entusiasmo inicial?

Mateus vai usar os métodos dos pregadores do seu tempo… Recorrendo à linguagem e aos símbolos da apocalíptica, Mateus lembra aos cristãos da sua comunidade o juízo futuro de Deus. Os símbolos utilizados (o joio queimado no fogo, a fornalha ardente, o choro e o ranger de dentes) destinam-se a impressionar os crentes, a obrigá-los a inflectir os seus esquemas de vida e a voltar à fidelidade ao Evangelho. Portanto, não temos aqui uma descrição de como será o "fim do mundo"; o que temos aqui é um convite urgente e emocionado à conversão, ao aprofundamento do compromisso com Jesus e com o Evangelho.

O Evangelho deste domingo propõe-nos ainda duas outras parábolas: a parábola do grão de mostarda (vs. 31-32) e a parábola do fermento (v. 33). São duas parábolas muito semelhantes, quer quanto ao conteúdo, quer quanto à forma.

Numa e noutra, o quadro é o mesmo: sublinha-se a desproporção entre o início e o resultado final. O grão de mostarda é uma semente muito pequena, que no entanto pode dar origem a um arbusto de razoáveis dimensões; o fermento apresenta um aspecto perfeitamente insignificante, mas tem a capacidade de fermentar uma grande quantidade de massa. Estas duas comparações servem para apresentar o dinamismo do "Reino". O "Reino" anunciado por Jesus compara-se ao grão de mostarda e ao fermento: parece algo insignificante, que tem inícios muito modestos e humildes, mas contém potencialidades para encher o mundo, para o transformar e renovar. Trata-se de um dinamismo de vida nova que começa como uma pequena semente lançada à terra numa província obscura e insignificante do império romano, mas que vai lançar as suas raízes, invadir história dos homens e potenciar o aparecimento de um mundo novo.

Com estas parábolas, Jesus responde às objeções daqueles que não acreditavam que da mensagem de um carpinteiro de Nazaré, pudesse surgir uma proposta de vida, capaz de fermentar o mundo e a história. Ele garante-nos que o "Reino" é uma realidade irreversível, que veio para ficar e para transformar o mundo. Escutar estas parábolas é receber uma injeção de ânimo e de esperança, capaz de levar a um compromisso mais sério e mais exigente com o "Reino".

ATUALIZAÇÃO

• O Evangelho deste domingo garante-nos, antes de mais, que o "Reino" é uma realidade irreversível, que está em processo de crescimento no mundo. É verdade que é difícil perceber essa semente a crescer ou esse fermento a levedar a massa, quando vemos multiplicarem-se as violências, as injustiças, as prepotências, as escravidões… É difícil acreditar que o "Reino" está em processo de construção, quando o materialismo, a futilidade, o comodismo, a procura da facilidade, o efêmero sobressaem, de forma tão marcada, na vida de grande parte dos homens e das mulheres do nosso tempo… A Palavra de Deus convida-nos, contudo, a não perder a confiança e a esperança. Apesar das aparências, o dinamismo do "Reino" está presente, minando positivamente a história e a vida dos homens.

• Na verdade, falar do "Reino" não significa falarmos de um "condomínio fechado", ao qual só tem acesso um grupo privilegiado constituído pelos "bons", pelos "puros", pelos perfeitos", e de onde está ausente o mal, o egoísmo e o pecado… Falar do "Reino" é falar de uma realidade em processo de construção, onde cada homem e cada mulher têm o direito de crescer ao seu ritmo, de fazer as suas escolhas, de acolher ou não o dom de Deus, até à opção final e definitiva. É falarmos de uma realidade onde o amor de Deus, vivo e atuante, vai introduzindo no coração do homem um dinamismo de conversão, de transformação, de renascimento, de vida nova.

• Neste Evangelho temos também uma lição muito sugestiva sobre a atitude de Deus face ao mal e aos que fazem o mal. Na parábola do trigo e do joio, Jesus garante-nos que os esquemas de Deus não prevêem a destruição do pecador, a segregação dos maus, a exclusão dos culpados. O Deus de Jesus Cristo é um Deus de amor e de misericórdia, sem pressa para castigar, que dá ao homem "todo o tempo do mundo" para crescer, para descobrir o dom de Deus e para fazer as suas escolhas. Não percamos nunca de vista a "paciência" de Deus para com os pecadores: talvez evitemos ter de carregar sentimentos de culpa que oprimem e amarguram a nossa breve caminhada nesta terra.

• A "paciência de Deus" com o joio convida-nos também a rejeitarmos as atitudes de rigidez, de intolerância, de incompreensão, de vingança, nas nossas relações com os nossos irmãos. O "senhor" da parábola não aceita a intolerância, a impaciência, o radicalismo dos "servos" que pretendem "cortar o mal pela raiz" e arrancar o mal (correndo o risco de serem injustos, de se enganarem e de meterem mal e bem no mesmo saco). Às vezes, somos demasiados ligeiros em julgar e condenar, como se as coisas fossem claras e tudo fosse, sem discussão, claro ou escuro… A Palavra de Deus convida-nos a moderar a nossa dureza, a nossa intolerância, a nossa intransigência e a contemplar os irmãos (com as suas falhas, defeitos, diferenças, comportamentos religiosa ou socialmente incorretos) com os olhos benevolentes, compreensivos e pacientes de Deus.

• Convém termos sempre presente o seguinte: não há o mal quimicamente puro de um lado e o bem quimicamente puro do outro… Mal e bem misturam-se no mundo, na vida e no coração de cada um de nós. Dividir as nações em boas (as que têm uma política que serve os nossos interesses) e más (as que têm uma política que lesa os nossos interesses), os grupos sociais em bons (os que defendem valores com os quais concordamos) e maus (os que defendem valores que não são os nossos), os indivíduos em bons (os amigos, aqueles que nos apóiam e que estão sempre de acordo conosco) e maus (aqueles que nos fazem frente, que nos dizem verdades que são difíceis de escutar, que não concordam conosco)… é uma atitude simplista, que nos leva frequentemente a assumir atitudes injustas, que geram exclusão, marginalização, sofrimento e morte. Mais uma vez: saibamos olhar para o mundo, para os grupos, para as pessoas sem preconceitos, com a mesma bondade, compreensão e tolerância que Deus manifesta face a cada homem e a cada mulher, independentemente das suas escolhas e do seu ritmo de caminhada.

P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

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A Parábola do trigo e do joio

O Evangelho (Mt. 13,24-43) dá-nos três parábolas, a do trigo e do joio, a do grão de mostarda e a do fermento. São análogas à do semeador, e constituem igualmente um grande desafio à nossa maneira de pensar.

A existência do mal é o grande escândalo, que condiciona as nossas vidas e atormenta as nossas inteligências. Como é possível que um Deus perfeito tenha criado este mundo, onde há tanta dor, tanta injustiça, tanto pecado? Se é Todo-Poderoso, por que não impede o mal, por que não elimina os maus? Vale a pena viver num mundo como este?

Às vezes, os poetas pressentem a resposta mais depressa que os filósofos:

Severino retirante,

Deixe agora que lhe diga:

Eu não sei bem a resposta

Da pergunta que fazia

Se não vale mais saltar

Fora da ponte e da vida;

Nem conheço essa resposta

Se quer mesmo que lhe diga.

É difícil defender,

Só com palavras, a vida,

Ainda mais quando ela é

Esta que vê, severina;

Mas se responder não pude

À pergunta que fazia,

Ele, a vida, a respondeu

Com a sua presença viva;

E não há melhor resposta

Que o espetáculo da vida

Vê-la desfiar seu fio,

Que também se chama vida

Ver a fábrica que ela mesma

teimosamente, se fabrica,

vê-la brotar como há pouco

em nova vida explodida…

João Cabral de Melo, Morte e Vida Severina

Jesus também não deu explicações teóricas; de resto, nem mesmo pôs o assunto em problema. Comportou-se como se a existência fosse um dado que não adianta discutir, mas pede ao homem fidelidade. Assim viveu; e assim morreu na cruz.

A parábola do trigo e do joio diz em suma que Deus não nos vai fazer a vontade, não vai matar todos os maus. Vai deixar que o mundo continue desta maneira até ao tempo da ceifa…

As parábolas do grão de mostarda e do fermento falam da força da palavra. Mas Jesus parece ter tanto empenho em sublinhar a força da palavra como preocupação de vincar que se trata duma força humilde e contida, diferente da força cega duma torrente. O fermento é eficiente, em pouca quantidade faz levedar uma grande massa de farinha, mas actua sem brilho. O grão de mostarda é uma semente pequenina, vai dar origem a uma planta grande; mas grande entre as outras plantas da horta. Parece claro que Jesus quis deliberadamente fugir à imagem que encantava o Antigo Testamento, a grandeza dos cedros do Líbano.

A primeira leitura (Sb. 12,13-19) recorda que Deus julga com brandura precisamente porque é Todo-Poderoso. Nós, os homens, é que julgamos e condenamos sem piedade. Em face de Deus, o justo aprende a ser humano.

A segunda leitura (Rm. 8,26-27) fala da oração. Sabemos que é importante rezar, mas não temos tempo. Quando arranjamos um bocadinho de tempo, não sabemos que fazer. S.Paulo deve ter tido a mesma experiência. Depois, verificou que o Espírito Santo o ia ensinando. Orar é dar tempo a Deus, mas não é só isso. É também pedir, por nós mesmos e por todos os irmãos, mas não é só isso. Ao orar, o homem tenta "ir" à presença de Deus e dizer-lhe que quer ser dEle e está disponível para servir o seu Reino. Sem condições. Reconhece que é pecador e começa a entender que Deus é o Senhor do perdão e da paz. Diz S.Paulo que o Espírito Santo passa a guiar o homem nestes caminhos e conduz ao Pai. Não o torna escravo de Deus, torna-o filho. Faz que encontre a liberdade maior no diálogo cada vez mais fundo com o mistério pessoal de Deus.

padre João Resina - A Palavra no Tempo II

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Ao fim, o trigo vencerá a cizânia

Proibido construir sebes e fazer separações entre bons e maus, entre santos e malvados! Porque existe o mal no mundo? De onde vem a cizânia? Jesus ensina-nos. Nas três parábolas do Evangelho (cizânia, grão de mostarda e fermento), emergem os ensinamentos da parábola do semeador: a pequenez insignificante da semente comparada com a sua grande força interior; o dono do campo que espalha semente boa no campo, enquanto o inimigo espalha a cizânia; a impaciência vingativa dos servos, e a paciência tolerante do dono... (v. 25.28-29). Ao fim, na altura da colheita, chega o momento do balanço definitivo: os resultados são avaliados, com o correspondente prêmio ou castigo (v. 30). Mais uma vez, Jesus oferece-nos a chave de interpretação da parábola, aplicada agora à vida à vida e à história da Igreja, que é chamada a viver imersa num mundo de violências e de injustiças, mas sempre animada pela esperança e pela paciência de Deus. Em todos os tempos e lugares, a Igreja missionária "deve prosseguir a sua peregrinação entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus" (santo Agostinho, De civitate Dei).

O papa Karol Wojtyla, num dos seus últimos livros, deixou-nos um comentário de grande valor sobre o mysterium iniquitatis que se propaga no mundo e na história, e sobre a coexistência do bem e do mal, com uma referência explícita à parábola de hoje: "A maneira como o mal cresce e se desenvolve no bom terreno do bem, constitui um mistério. Mistério que é aquela  parte do bem que o mal não foi capaz de destruir e que continua a propagar-se apesar do mal, avançando continuamente sobre o terreno. Imediata a referência à parábola evangélica do trigo e da cizânia... Com efeito, podemos tomar esta parábola como a chave de leitura de toda a história da humanidade. Nas várias épocas e em vários sentidos, o trigo cresce junto com a cizânia, e a cizânia junto com o trigo. A história da humanidade é o teatro da coexistência do bem e do mal. Isto quer dizer que, se o mal existe junto com o bem, o bem, porém, persevera junto ao mal e cresce, por assim dizer, no mesmo terreno, que é a natureza humana" (cf. Memória e identidade, p. 14).

A ligação desta mensagem com o mundo missionário é imediata. Perante o mal que se propaga, ou o fechamento e a maldade de tantas pessoas, o missionário e o educador são frequentemente tentados a assumir o papel dos servos da parábola, que pretendem arrancar logo a cizânia (v. 28). Frequentemente com a ilusão do aut-aut (ou-ou), que exclui. Jesus, o divino semeador do trigo, convida a ter paciência e misericórdia, respeitando os tempos de Deus, o único juiz que sabe o que está no coração humano. A missão, mesmo se tem a força irresistível do Evangelho (v. 31.32), inicia sempre em situações de minoria e de fragilidade perante os dinamismos poderosos do maligno. O missionário é certamente portador  de um fermento capaz de renovar o mundo a partir de dentro (v. 33), mas que opera com os tempos longos da paciência, da derrota provisória e da tolerância. Isso mesmo já tinha sido prefigurado no livro da Sabedoria (I leitura): Ó Deus, "o fato de seres senhor de todos, torna-te indulgente com todos" (v. 16). Ao contrário dos poderosos do mundo, que frequentemente excedem e abusam do próprio poder, Deus é sempre "senhor da força", governa-nos "com muita indulgência" e exerce o seu poder quando quer (v. 19). Melhor, o Deus cristão manifesta a sua onipotência sobretudo quando perdoa e usa de misericórdia. De fato, Ele dá aos seus filhos "a boa esperança" que, de pois dos pecados, concede o arrependimento (v. 19). É esse o estilo de Jesus, que o discípulo e o missionário assumem como programa de vida e de ação. (*)

Cada pessoa é um terreno de trigo bom misturado com cizânia, sob a pressão do maligno e os furores da intolerância. Como diz uma canção, "dentro de cada um há bem e mal; mas no fundo de cada coração há sempre um tesouro escondido". É preciso que o Espírito (II leitura) venha ajudar a nossa debilidade (v. 26), nos sustente no tempo da coexistência do bem e do mal, dê ânimo à nossa esperança, e nos eduque segundo o coração misericordioso de Deus (v. 27).

 

(*) "Não é o poder que redime, mas o amor! Este é o sinal de Deus: Ele mesmo é amor. Quantas vezes nós desejaríamos que Deus se mostrasse mais forte. Que atingisse duramente, vencesse o mal e criasse um mundo melhor. Todas as ideologias do poder se justificam assim, justificando a destruição daquilo que se opõe ao progresso e à libertação da humanidade. Nós sofremos pela paciência de Deus. E de igual modo todos temos necessidade da sua paciência. O Deus, que se tornou cordeiro, diz-nos que o mundo é salvo pelo Crucificado e não por quem crucifica. O mundo é redimido pela paciência de Deus e destruído pela impaciência dos homens" (Bento XVI - Homilia no início do seu Pontificado,  Roma, 24 de abril, 2005)

Continuamos a escutar o Senhor que, sentado na barca, nos fala do Reino dos Céus... Permanecemos atentos, como aquela multidão em pé, à beira-mar, embevecida: "Nunca nenhum homem falou assim..."

Hoje, o Senhor nos apresenta três parábolas: a do trigo e do joio semeados no campo do mundo e do nosso coração, a do grão de mostarda que cresce a abriga as aves dos céus e, finalmente, a do tiquinho de fermento que leveda toda a massa... É assim o Reino dos Céus!

As três parábolas mostram a fraqueza do Reino, sua fragilidade escandalosa, mas também sua força invencível, seu poder, sua capacidade de tudo impregnar e transformar, até chegar à vitória final. Só que para compreender isso – os mistérios do Reino -, é necessário ter a paciência, a sabedoria que nos dá a capacidade de acolher os tempos e modos de Deus! Mas, vamos às parábolas.

Primeiro, a do trigo e do joio. Que nos ensina aqui o Senhor? Que lições nos quer dar? Em primeiro lugar: Deus não é inativo, indiferente ao mundo, à nossa vida de cada dia. No seu Filho, semeou o trigo do Reino no campo deste mundo e no campo do nosso coração. Como diz o livro da Sabedoria, na primeira leitura de hoje: "Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas!" Sim: nosso Deus é um Deus presente, um Deus atuante, um Deus que cuida de nós com amor e com amor vela por suas criaturas! Não duvidemos, não percamos de vista esta realidade: num mundo de cimento armado e homens bombas, fome, mortes e mensalões, Deus está presente, Deus cuida de nós! Uma segunda lição desta parábola: no mundo e no coração de cada um de nós infelizmente há o mal, o pecado, a treva. Por favor, não mascaremos o mal do mundo nem o mal do nosso interior! É preciso desmascará-lo, é preciso chamá-lo pelo nome! Não mascare, irmão, irmã, o mal da sua vida, do seu coração, da sua consciência! Esse mal não vem de Deus; vem do antigo inimigo, do diabo que, mais esperto que nós, tantas vezes faz o mal nos parecer bem e até achar que nós mesmos estamos acima do bem e do mal! O diabo é assim: semeia o mal e faz com que ele se confunda com o bem, como o trigo e o joio. E nós, tolos, confundimos tudo e pensamos ser bem ao que é mal – mal semeado pelo maligno! Por favor, olhe o seu coração: não se engane, não finja, não mascare, não minta pra você mesmo! Chame o mal de mal e o bem de bem! Numa terceira lição, a parábola de Jesus nos ensina a paciência, sobretudo com o mal que vemos no mundo e nos outros! Somos impacientes, caríssimos, e até julgamos Deus e o seu modo de agir no mundo. O querido Bento XVI, na sua homilia de início de pontificado, falava da paciência de Deus que salva e da impaciência nossa que coloca a perder... Jesus nos pede que confiemos em Deus, que acreditemos na sua ação e nos seus desígnios, tempos e modos: Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas e a quem devas mostrar que teu julgamento não foi injusto. A tua força é princípio da tua justiça e o teu domínio sobre todos te faz para com todos indulgente. Dominando tua própria força, julgas com clemência e nos governas com grande moderação; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores".

Escutemos ainda um pouco o Senhor; aprendamos com as parábolas do grão de mostarda e do fermento que leveda a massa. Precisamente porque o modo de pensar e agir de Deus não é como o nosso, o Reino dos Céus aparece tão frágil, tão inseguro, tão precário... Pequenino como um grão de mostarda, pouquinho como uma pitada de fermento! E, no entanto, será grande, será forte, será vitorioso e abrigará as aves dos céus! Será eficaz, forte, e penetrará toda a massa deste mundo! Mas, quando, Senhor? Por que demoras? Por que parece que estás longe? Por que pareces dormir? Observem irmãos, que em todas as parábolas do Reino, Jesus deixa claro que, ao fim, haverá um julgamento de cada um de nós e o Reino triunfará!

Mas, para não descrer, para não desesperar, para não ver e sentir simplesmente na nossa medida e com nossas forças supliquemos que o Espírito do Ressuscitado venha nos socorrer, "pois não sabemos o que pedir, nem como pedir!" Só o Espírito do Cristo, o Semeador do Reino, pode nos fazer perceber os sinais do Reino, os sinais de Deus no mundo e na vida. Só o Espírito nos sustenta, fazendo-nos caminhar sem desfalecer, de esperança em esperança... Só o Espírito nos ensina as coisas do Reino: ele torna o Reino presente porque torna Jesus presente. Por isso mesmo, em vários antigos manuscritos do Evangelho de São Lucas, na oração do Pai-nosso, onde tem "Venha o teu Reino" aparece "Venha o teu Espírito"! É o Espírito de Cristo que torna o Reino presente em nós e no mundo. Deixemo-nos, portanto, guiar por ele, pois "o Reino de Deus é paz e alegria no Espírito Santo!"

Eis, caríssimos! Aprendamos do Senhor, vigiemos e acolhamos sua palavra. Se formos fiéis e perseverarmos até o fim, escutaremos cheios de esperança sua promessa, que encerra o Evangelho de hoje: "... então, os justos brilharão como o sol no Reino do seu Pai!" Que assim seja! Amém!

dom Henrique Soares da Costa

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O JOIO

Continuamos hoje com a leitura do discurso das parábolas no capítulo 13 de Mateus. A parábola do trigo e do joio envolve tanto a denúncia da intolerância como a do relativismo; o mal e o erro existem, mas a verdade e o bem acabarão por prevalecer.

25 - «Joio» era uma planta muito parecida com o trigo, com que facilmente se confunde antes de brotar a espiga. Misturado em certa quantidade, envenena o pão e produz graves náuseas e enjoos. Semear cizânia entre o trigo era um caso de vingança pessoal não rara então, um crime previsto e punido pelo Direito Romano.

29-30 - A resposta do dono do campo encerra a lição da parábola: «deixai-os ambos crescer ambos até à ceifa». Deus permite o mal no mundo e dentro do campo da própria Igreja, mas há-de suprimi-lo definitivamente. Ninguém se escandalize, pois, com a existência do mal, pois com o juízo divino, depois da morte (a ceifa), os que praticaram o bem (trigo) irão para o Céu (simbolizado no celeiro) e os que praticaram o mal (joio) irão para o Inferno (simbolizado no fogo).

31-32 - O «grão de mostarda» – uma pequenina semente que mal se vê – é a pregação do Evangelho e a Igreja. Um homem é Jesus; o seu campo é o mundo. A Igreja (Reino dos Céus) tem uns começos muito modestos, mas em breve se estende pelo mundo todo. A Igreja é católica, universal, destina-se a todos os homens de todas as raças, classes, culturas, de todas as latitudes e de todos os tempos. A mostarda (sinapis nigra) é um arbusto ainda hoje muito abundante na Palestina e que pode chegar a atingir 3 ou 4 metros de altura.

33 - A parábola do «fermento» mostra como o Evangelho vai transformando todo o mundo «a massa» de modo invisível, lento mas progressivo; deixa ver como a Igreja vai convertendo à fé todos os povos. O fermento é também uma expressiva imagem do que o cristão tem de ser no mundo: sem se deixar dessorar, deve ir conquistando com o seu exemplo e com a sua palavra os que o rodeiam para Cristo, e ir imbuindo do espírito de Cristo todas as realidades humanas, a cultura e as próprias estruturas da sociedade, sem as instrumentalizar nem clericalizar.

  

O grão de trigo e o joio

Habitualmente a proclamação do Evangelho dá o tom à liturgia da Palavra. A mensagem vem através de parábolas como é o caso do trigo e do joio. Ao ouvi -las e meditá-las, precisamos de não nos perdermos em interpretações fantasiosas, mas com a simplicidade do coração, devemos ir directamente ao cerne das questões. Hoje somos convidados a meditar na parábola do grão de trigo e do joio. Esta nos aparece mais desenvolvida do que as outras e até enriquecida com o comentário que Jesus faz.

O trigo com o joio, os bons com os maus, os justos com os pecadores. Segundo o plano de Deus é nesta perspectiva que se deve desenrolar a nossa vida. Assim o Senhor respeita a liberdade humana, e torna possível as nossas opções. Dá tempo a que o pecador se arrependa e converta. Diante da nossa impaciência, que às vezes é mal intencionada e até vingativa, ou sinal de fraqueza ou medo, a paciência de Deus manifesta a sua grandeza e poder.

Esta parábola leva-nos por um lado a compreender a nossa própria, e por outro lado deve ensina-nos a ser tolerantes com as fraquezas e desequilíbrios dos outros.

Uns e outros, até ao momento da ceifa, podem converter-se de pecadores em justos.

A paciência de Deus

A primeira leitura, tirada do Livro da Sabedoria, apresenta-nos uma reflexão do Sábio sobre a atitude de Deus em relação às suas criaturas. Apesar de ser o Senhor poderoso, Ele procede pela via da paciência: julga com brandura, governa com indulgência e sabe esperar os que prevaricaram. Esta perícope ajuda-nos a cair na conta de que, o Deus do Antigo Testamento, é mesmo do da Nova Aliança. As características fundamentais com que Se manifesta aos homens são sempre as mesmas. Antes de ensinar o justo a ser amigo dos homens, Deus pratica essa amizade no seu modo de proceder. Da dinâmica da Ressurreição nada nem ninguém fica votado ao anonimato, à surdez ou à paralisia. O nome de cada homem e de cada mulher ficou eternamente gravado no coração aberto de Cristo Salvador. É o início de uma nova era, de uma nova criação, de homens e mulheres que espalham no mundo o perfume da alegria, o qual perfuma a vida para além da morte.  

Confiados na presença do Espírito Santo

O pequeno pretexto da carta aos Romanos, que lemos na segunda leitura, continua a acentuar o papel do Espírito Santo na nossa vida, hoje concretamente no que diz respeito à oração. Lamentamo-nos que não sabemos rezar ou dizemos que, pela nossa fraqueza, não somos capazes de nos elevar até Deus. S. Paulo diz-nos que o Espírito Santo está junto de nós para nos orientar na oração e que Ele mesmo intercede por nós junto do Pai.

Confiado na presença e actuação do Espírito Santo devemos abrir-nos à sua acção e corresponder-lhe. Isto é, precisamos estar atentos, ser dóceis e quer corresponder ao seu amor.

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O que semeia a boa semente é o Filho do Homem

 

Gilberto Silva

 

 

Caríssimos irmãos e irmãs,

 

 Jesus Cristo, nosso Salvador, utiliza das parábolas para se cumprir as profecias de Isaías, mas também para que ela se torne oculta dos filhos do mal e dos homens de cabeça dura (fariseus, mestres da lei...). Porém a revelava aos discípulos e seguidores afim de que os mesmos pudessem refletir, ponderar, considerar e até mesmo digeri-las sob a ação do Espírito Santo.

 

1- A parábola do joio é fundamental para o exercício da nossa espiritualidade, uma vez que revela que o semeador é Jesus Cristo, o qual nos faz trigo e nos mostra que o joio é tudo aquele que desagrada ao Pai e procura nos afastar da promessa do Reino, conforme o próprio Jesus diz em Mateus 25,34- " Vinde filhos benditos do meu Pai e tomai posse do Reino preparado para vós antes da fundação do mundo".

Assim o joio plantado pelo inimigo deverá na colheita ser separado de nós, arrancado, enfeixado e queimado no fogo eterno. Portanto, amados fiquemos atentos para não permitir que o inimigo venha se estabelecer, fazendo em nós o seu plantio.

 

2- Esta segunda parábola é para que possamos refletir sobre o tamanho do Reino. É tão grande e acolhedor, que agrupa todos quantos que para lá forem levados pelos seus anjos ceifadores.

 

3- O fermento é o Espírito Santo, revelador e santificador capaz de transformar 3 x 1, pois promove em cada um de nós, a trindade perfeita (Pai, Filho e Espírito).

 

Nós vivemos em um mundo (campo) em que o joio e o trigo convivem quase juntos, e o que os separa, é o Espírito Santo que nos conduz no amor, caridade e misericórdia. Ele não permite que o espinho do inimigo venha nos sufocar com as coisas deste mundo.

 

Porém, caríssimos irmãos e irmãs, pela conversão e pelo amor infinito do Pai, abrem-se a possibilidade de que um dia este joio arrependido e pela graça de Jesus venha mudar-se em trigo.

Desde o início dos tempos, o bem e o mal existem neste mundo, sob a forma de caos e cosmo. De que lado estamos ?

No livre arbítrio, Deus sabe que individualmente podemos ser bons ou maus, porém, Ele que conquistar este mal em nós afim de resgatar-nos no julgamento final.

 

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

 

 


                      Gilberto Silva
       (33}-8828-8196-(33)-3279-8709
"Meu Senhor e meu Deus, refúgio e fortaleza"

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DOMINGO 17 de Julho de 2011

Evangelho - Mt 13,24-43

O joio em meio ao trigo: o problema do mal

Vivemos em um mundo onde estão presentes o bem e o mal. Nossa tendência imediata seria fazer uma rígida "purificação". Somos como os empregados da parábola que dizem ao patrão: "Queres que vamos e arranquemos o joio do meio do trigo?" (cf. v.28b).

O sábio dono da plantação tem plena noção de que esse não é o melhor procedimento. Ao arrancar o joio, pode-se arrancar também o trigo, isto é, ao preocupar-se demais em combater o mal, pode-se acabar por esquecer-se de praticar o bem. A melhor maneira de vencer o joio é cultivar bem o trigo, para que ele fortaleça suas ramagens e de boa colheita.

 

Como o Senhor diz no Evangelho, o campo semeado é o mundo (cf. v.38a), somos nós mesmos. Ao olharmos em torno de nós, constataremos, certamente, muitos matos horríveis no mundo e tantas contradições em nós mesmos, que nos impedem de viver a mensagem do Evangelho. Embora conscientes de tudo isso, é necessário não perdermos de vista que neste mundo onde está presente o mal também está lançada a boa semente que o Filho do Homem semeou (v.37a). Para ela, temos de dirigir toda a nossa atenção, cultivá-la bem para que cresça e dê colheita abundante. Em outras palavras, por mais que encontremos dificuldades para viver a mensagem de Jesus Cristo, não devemos nos preocupar demasiadamente em como elimina-las. Aliás, isto não é mesmo possível, no seguimento de Jesus faz parte do caminho, que se dá como o trigo que cresce em meio ao joio. Felizmente, não temos de ficar nos desgastando para eliminar nossos pecados na esperança de atingir um elevado estado de perfeição para, então, sermos dignos de seguir o Senhor, pois Ele mesmo disse ter vindo, exatamente, para chamar os pecadores e salvar o que estava perdido (cf. Mt 9,13; Lc 19,10). Portanto, podemos nos aproximar d'Ele na certeza de sermos aceitos como somos e transformados no que Ele nos deseja.

 

Frei Aloísio de Oliveira OFM Comv.

Fonte: O Mensageiro de Santo Antonio

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17 DE Julho

Evangelho  Mateus 13, 24-43    16º Domingo do Tempo Comum

"JOIO, TRIGO, E A PACIENCIA..."

Não há no calendário da igreja, pelo menos não tenho conhecimento, de uma santa com o nome de Paciência, apesar disso, ela é muito invocada pelas pessoas, quando alguém faz algo de errado, "Tenha Santa Paciência!" eu cresci ouvindo essa expressão que acho bem interessante e oportuna para a reflexão deste evangelho pois o homem paciente é aquele que sabe esperar, empenhando-se em construir algo novo, acreditando que o seu trabalho dará resultado, ainda que os frutos só sejam colhidos pelas gerações futuras.

O Reino de Deus não cai do céu já pronto, e nem acontece no imediatismo, mas como em um gigantesco quebra-cabeça, cada peça vai sendo colocada, até que no final iremos todos ver uma belíssima obra, e, das comparações que Jesus fez sobre o reino, a mais fiel é a parábola da semente, algo que precisa ser plantado, cuidado, cultivado, para poder germinar, e depois de germinado tem de ser muito bem conservado e mantido, ou seja, a edificação do reino é algo permanente em nossa vida, que um dia, na visão beatífica iremos contemplar e poder admirar toda sua beleza, e ainda mais, sentir uma imensa alegria ao perceber que ajudamos a construí-lo.

Mas quem é que planta uma semente hoje e espera que amanhã ela já brote e se transforme em uma planta? É preciso não ter pressa, nem para ver a semente germinar, nem para colher os frutos, que se arrancados da árvore fora de tempo, não estarão maduros e nenhum prazer trará a quem o comer. Eis o grande mal que afeta a relação entre as pessoas, nos dias de hoje: a falta de paciência! Talvez como conseqüência da relação homem versus máquina, dos avanços da tecnologia e da informática, que nos permite no toque de uma tecla, ver ou ter de imediato, aquilo que se quer, não se faz mais nenhum esforço para abrir um portão, que é eletrônico, acender um fogão, ligar a TV ou mudar de canal, sem levantar-se do sofá, e até controle eletrônico para o som do carro, o que eu acho um absurdo.

E assim, acabamos transportando para a relação com as pessoas, esse imediatismo, quando queremos resultados, ou mudanças de comportamento, as grandes empresas investem largamente em cursos de treinamento, porque querem resultado imediato na linha de produção. Mas as pessoas não são máquinas, programadas para nos atender, elas tem autonomia, são movidas por sentimentos, emoções, temperamento, estão sujeitas a fraquezas, pequenos enganos ou erros atrozes, são volúveis, capazes de amar e odiar, ao mesmo tempo, o homem é um mistério, um verdadeiro Fenômeno, como define o conteúdo da obra de Pierre Teilhard de Chardin. E diante de toda essa complexidade humana, em Jesus descobrimos que o Pai nos ama, e que o seu amor é paciente, compassivo, tolerante e sabe esperar, confiando no ser humano, quando o chama para viver a vocação do amor.

Entretanto, embora alcançado pela graça de Deus, o homem não consegue refletir para o semelhante essa imagem e semelhança, com Aquele que é a essência do puro amor, pois a impaciência, a intolerância e o radicalismo, acaba prevalecendo em lugar do amor que tudo suporta e tudo crê, falta paciência com os pais, com os idosos, com as crianças, com os enfermos, com os pobres, com a esposa, com o esposo, com os netos, com os alunos, com a equipe de trabalho, com os que são diferentes, no aspecto cultural, econômico, político, religioso, onde fazemos, de simples adversário um inimigo mortal.

O que Jesus nos pede neste evangelho é justamente isso, a paciência de crer e saber esperar o novo reino, ajudando a construí-lo no meio dos homens, com todo empenho, dedicação e seriedade, o verdadeiro cristão jamais pode ser radical ou imediatista, pois seria ingenuidade desejar fazer acontecer o reino á toque de caixa, na família, na comunidade, no trabalho, na escola ou na política, infelizmente ainda há muitos cristãos que se sentem frustrados por não ver resultado do seu trabalho, são aqueles que não aceitam que haja joio em meio ao trigo, fecham-se em seus grupos, suas comunidades, seu pequeno mundo, e são sempre impulsionados a querer arrancar o joio de suas relações, ignorando que a palavra de Deus e a verdade do evangelho, quando testemunhadas de maneira autentica, tem poder sim, para transformar qualquer joio em trigo, resultado da obra da salvação, desejada por Deus e realizada plenamente por Jesus através da sua igreja.

José da Cruz é Diácono Permanente
Da Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim
e-mail
cruzsm@uol.com.br

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Quando nos apossamos da semente da Palavra que Jesus nos deixou, saímos vitoriosos e o bem  prevalece – Maria Regina

                                                              Nesta parábola Jesus usa a figura do joio e do trigo para nos explicar direitinho o que acontece com o mundo em relação ao reino de Deus. Jesus é o semeador, que veio instaurar o reino do amor de Deus no coração dos homens. É Ele quem planta a boa semente da Sua palavra e dos Seus ensinamentos no coração de todos os que querem pertencer ao reino dos céus. O campo é o mundo aonde convivem os bons e os maus e a boa semente são os que aceitam os ensinamentos de Jesus para acolher o reino dos céus.

                                                                       O joio são os que são sugestionados pelo maligno, isto é, o espírito do mal que intervém e sutilmente se infiltra querendo impedir que o reino de Deus aconteça no interior do coração do homem. Nós sabemos que o joio e o trigo são plantas muito parecidas a ponto de confundir a visão de quem colhe. "Normalmente o joio cresce nas mesmas zonas produtoras de trigo e se considera uma erva daninha desse cultivo.

                                                                       A semelhança entre essas duas plantas é tão grande, que em algumas regiões costuma-se denominar o joio como "falso trigo". Dentro do nosso coração há trigo, mas também há o joio, por isso acontece dentro de nós uma luta constante entre o bem e o mal. Porém, quando nós nos apossamos da semente da Palavra que Jesus nos deixou, nós saímos vitoriosos e o bem prevalece.

                                                                    Muitas vezes nós até achamos que o mal está prevalecendo, no entanto, podemos ter certeza de que a vitória do bem já nos foi garantida por Jesus. E é a partir desta dinâmica que cada um de nós pode ser uma boa ou uma má semente no campo que é o mundo. Jesus nos dá entendimento da parábola do joio e do trigo, para que nós possamos ajuizar que tipo de semente tem sido jogada no terreno do nosso coração e se nós a estamos acolhendo.

                                                                 E claro, na Parábola, que o trigo simboliza as criaturas boas, caridosas, misericordiosas, que cumprem a vontade de Deus. O joio, por sua vez, representa os indivíduos maldosos, que vivem praticando iniqüidades, criminosos contumazes que se revoltam contra as leis de Deus. Deus, em sua infinita misericórdia, permite que todos vivam juntos no mundo, pois, pela vivência e exemplos recíprocos, muitos homens maus poderão tomar a decisão de palmilhar o caminho do Bem.

                                                                   Quando nós acolhemos a Palavra do Senhor dentro da mentalidade que Ele prega nós podemos dizer que estamos sendo também no mundo uma semente boa. Todavia nós podemos estar sendo confundidos pela ação do inimigo que tenta desvirtuar o sentido dos ensinamentos de Jesus fazendo com que nós tenhamos no mundo um comportamento duvidoso.

                                                                  Precisamos estar bem atentos enquanto estamos aqui na terra e temos vida e oportunidade. Jesus mesmo falou que no final os Seus anjos virão e retirarão do seu reino todos os que praticam o mal. Não podemos nos acomodar, precisamos fazer a nossa parte para edificar o reino de Deus aqui na terra. Por ocasião da colheita nós seremos ofertados a Deus ou seremos queimados pelo fogo, dependendo da nossa adesão ao Projeto do Pai que Jesus Cristo veio instaurar na terra.

                                                               Meu irmão, minha irmã façamos uma reflexão  sobre tudo o que você tem percebido aqui na terra: quem está vencendo o bem ou o mal?O que você tem feito para difundir o reino de Deus? Você se considera trigo ou joio?  Qual a influência que você está tendo para os seus amigos e suas amigas: você tem sido instrumento do bem ou do mal? Para onde você os está levando?

Amém

Abraço carinhoso  da

Profª Maria Regina

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O JOIO NO MEIO DO TRIGO

A liturgia deste  Domingo  convida-nos a descobrir o Deus paciente e cheio de misericórdia, a quem não interessa a marginalização do pecador, mas a sua integração na comunidade do "Reino"; e convida-nos, sobretudo, a interiorizar essa "lógica" de Deus, deixando que ela marque o olhar que lançamos sobre o mundo e sobre os homens.

A primeira leitura fala-nos de um Deus que, apesar da sua força e onipotência, é indulgente e misericordioso para com os homens – mesmo quando eles praticam o mal.  Agindo dessa forma, Deus convida os seus filhos a serem "humanos",  isto é,  a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus.

O Evangelho garante a presença irreversível no mundo do "Reino de Deus". Esse "Reino" não é um clube exclusivo de "bons" e de "santos": nele todos os homens – bons e maus – encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva.

A segunda leitura sublinha, doutra forma, a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo – dom de Deus – vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena.

 O Reino de Deus se parece…

Jesus aparece no Evangelho deste domingo como um contador de contos. Não outra coisa são as parábolas: contos singelos e breves, dirigidos aos mais singelos e, por isso mesmo, ao alcance de todos.

Mas são contos que levam muitos argumentos. São como tesouros de sabedoria camuflados em histórias simples. Não é difícil as entender a primeira vista. "O Reino de Deus é como...". Jesus não faz um tratado de teologia senão conta histórias que abrem a mente de seus ouvintes e lhes convida a voar com sua imaginação. Para compreender o que é o Reino de Deus, o Reino de seu Pai, de nosso Pai.

Histórias pequenas e singelas

O Reino de Deus se parece com um homem que semeou boa semente em seu campo (não se parece a um campo com boa semente e discórdia). Parece-se também com o grão de mostarda (o menor, mas que se faz grande quando cresce e acolhe a todos abaixo de sua sombra). Parece-se também à pequena porção de fermento que faz que toda a massa fermente.

São ações singelas, ordinárias, pequenas. Mas que sempre provocam grandes transformações. A semente que semeia aquele bom camponês termina por crescer e dar uma boa colheita, apesar de que entre a boa semente também apareceu algo de discórdia. O grão de mostarda é muito pequeno, mas, quando cresce, é capaz de acolher aos pássaros que fazem ninhos em seus ramos. O fermento misturado com a massa de farinha aparentemente desaparece, mas no silêncio da noite faz que toda a massa se converta em pão, que alimenta e dá vida. E converte-se por sua vez em fermento que fermentará outras massas.

Deus opta pelo pequeno e singelo

O Reino de Deus é assim: começa como algo muito pequeno, sem quase presença pública. Deus não opta pelos grandes meios, não invade nosso mundo com seus poderosos exércitos de anjos. Deus escolheu o caminho da encarnação. Fez-se homem em Jesus de Nazaré. Fez-se um de nós. Com todas as conseqüências. Caminhou por nossos caminhos. Sentou-se à mesa conosco. Tocou nossas feridas.

Jesus não pretende nos convencer com razões indiscutíveis ou livros reflexivos. O seu é falar em parábolas de forma que todos possam entender. Seu Reino crescerá na medida em que as pessoas abram a Ele seu coração. Simplesmente.

Deus atua com sumo cuidado. Está cuidando de tudo e julga com moderação, como diz a primeira leitura do livro da Sabedoria. Por seu Espírito acode em ajuda de nossa debilidade e intercede por nós com gemidos inefáveis, como diz a carta aos Romanos. Deus é o fermento que se mete em nossa vida e, tarde ou cedo, converterá nosso corpo mortal em fonte de vida para o mundo.


Nosso compromisso pelo pequeno e singelo

Logo será responsabilidade nossa fazer deste mundo um lugar mais habitável para todos. Um lugar onde, como no Reino, todos encontrem um lugar onde fazer seu ninho, onde habitar à sombra do Pai que nos ama. Um mundo mais justo onde ninguém fique excluído e não tenha acesso à mesa da fraternidade.

O cristão, o discípulo de Jesus, é como a mostarda, como a boa semente que se semeia no campo do mundo, como o fermento. Com sua presença, com seu compromisso, com sua vida, aqui e agora, vai fazendo deste mundo o Reino, vai construindo a casa comum onde todos se sentem colhidos, salvados, reconciliados, amados. Agora é nossa responsabilidade fazer que a mostarda cresça e que a boa semente se semeie que o fermento se enterre na massa. Seguros de que a discórdia não triunfará, porque é Deus mesmo que está ao cuidado da colheita.

Fernando Torres  cmf

http://www.ciudadredonda.org/subsecc_ma_d.php?sscd=157&scd=1&id=2893

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O JOIO DENTRO DA IGREJA

 "O joio são os filhos do Maligno. O inimigo, que o semeia, é o demônio. A colheita é o fim do mundo."

O joio está dentro de  cada um de nós. São os maus pensamentos por vezes inspirados por Satanás, a inveja, o egoísmo e todo tipo de maldade, instalada em nossa mente que vai nos envenenando e nos conduzindo a uma conduta não muito cristã.  Mais o pior joio é aquele que às vezes se instala dentro da própria Igreja e  passa despercebido. São pessoas de outras seitas religiosas que se infiltram no meio de nós com um ar de santo(a), uma cara de católico(a) que engana qualquer um. São pessoas muito prestimosas, e dedicadas que logo ficam muito chegadas ao padre. E como aparentam ser de confiança, logo galgam posições avançadas na paróquia, como por exemplo, Pastoral Econômica, Pastoral da Catequese e assim passam a fazer parte do centro de decisões daquela paróquia sem que ninguém perceba que muitas informações estão saindo da comunidade para outros lugares, e o pior, são informações distorcidas. Assumindo o comando da catequese, por exemplo, esse tipo de pessoa que finge ser cristã, começa a desfigurar o verdadeiro trabalho da catequese, não fazendo uma verdadeira evangelização das crianças. A essa altura, já tem o padre e um bom grupo de paroquianos em suas mãos, por que geralmente o seu poder de liderança é muito forte.  E quando algum paroquiano reclama da distorção do trabalho da catequese, é combatido de frente não por aquela pessoa que tomou conta da paróquia, mais sim pelo seu grupo.

E até essa pessoa ser lançada na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes, o estrago já está feito dentro da Igreja. Assim caros irmãos, o pior inimigo da Igreja pode estar dentro dela. É por isso que às vezes ótimos cristãos encontram dificuldades em se entrosar em uma comunidade, por que "o gato escaldado da água quente tem medo da água fria". Se houve algum tipo de escândalo naquela comunidade por causa de uma pessoa infiltrada, todos ficam com receio de receber novos participantes.

ORAÇÃO:

Jesus que disseste a Pedro que as portas dos infernos não se prevaleceriam contra a Sua Igreja, proteja as nossas paróquias das investidas do inimigo que pode aparecer na Igreja vestido de mulher, e dominar toda a comunidade. Amém.

 

Araken  Ashadi

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Quando nos apossamos da semente da Palavra que Jesus nos deixou, saímos vitoriosos e o bem prevalece.

                                                                        Nesta parábola Jesus usa a figura do joio e do trigo para nos explicar direitinho o que acontece com o mundo em relação ao reino de Deus. Jesus é o semeador, que veio instaurar o reino do amor de Deus no coração dos homens. É Ele quem planta a boa semente da Sua palavra e dos Seus ensinamentos no coração de todos os que querem pertencer ao reino dos céus. O campo é o mundo aonde convivem os bons e os maus e a boa semente são os que aceitam os ensinamentos de Jesus para acolher o reino dos céus.

                                                                       O joio são os que são sugestionados pelo maligno, isto é, o espírito do mal que intervém e sutilmente se infiltra querendo impedir que o reino de Deus aconteça no interior do coração do homem. Nós sabemos que o joio e o trigo são plantas muito parecidas a ponto de confundir a visão de quem colhe. "Normalmente o joio cresce nas mesmas zonas produtoras de trigo e se considera uma erva daninha desse cultivo.

                                                                       A semelhança entre essas duas plantas é tão grande, que em algumas regiões costuma-se denominar o joio como "falso trigo". Dentro do nosso coração há trigo, mas também há o joio, por isso acontece dentro de nós uma luta constante entre o bem e o mal. Porém, quando nós nos apossamos da semente da Palavra que Jesus nos deixou, nós saímos vitoriosos e o bem prevalece.

                                                                    Muitas vezes nós até achamos que o mal está prevalecendo, no entanto, podemos ter certeza de que a vitória do bem já nos foi garantida por Jesus. E é a partir desta dinâmica que cada um de nós pode ser uma boa ou uma má semente no campo que é o mundo. Jesus nos dá entendimento da parábola do joio e do trigo, para que nós possamos ajuizar que tipo de semente tem sido jogada no terreno do nosso coração e se nós a estamos acolhendo.

                                                                 E claro, na Parábola, que o trigo simboliza as criaturas boas, caridosas, misericordiosas, que cumprem a vontade de Deus. O joio, por sua vez, representa os indivíduos maldosos, que vivem praticando iniqüidades, criminosos contumazes que se revoltam contra as leis de Deus. Deus, em sua infinita misericórdia, permite que todos vivam juntos no mundo, pois, pela vivência e exemplos recíprocos, muitos homens maus poderão tomar a decisão de palmilhar o caminho do Bem.

                                                                   Quando nós acolhemos a Palavra do Senhor dentro da mentalidade que Ele prega nós podemos dizer que estamos sendo também no mundo uma semente boa. Todavia nós podemos estar sendo confundidos pela ação do inimigo que tenta desvirtuar o sentido dos ensinamentos de Jesus fazendo com que nós tenhamos no mundo um comportamento duvidoso.

                                                                  Precisamos estar bem atentos enquanto estamos aqui na terra e temos vida e oportunidade. Jesus mesmo falou que no final os Seus anjos virão e retirarão do seu reino todos os que praticam o mal. Não podemos nos acomodar, precisamos fazer a nossa parte para edificar o reino de Deus aqui na terra. Por ocasião da colheita nós seremos ofertados a Deus ou seremos queimados pelo fogo, dependendo da nossa adesão ao Projeto do Pai que Jesus Cristo veio instaurar na terra.

                                                               Meu irmão, minha irmã façamos uma reflexão  sobre tudo o que você tem percebido aqui na terra: quem está vencendo o bem ou o mal?O que você tem feito para difundir o reino de Deus? Você se considera trigo ou joio?  Qual a influência que você está tendo para os seus amigos e suas amigas: você tem sido instrumento do bem ou do mal? Para onde você os está levando?

Amém

Abraço carinhoso  da

Profª Maria Regina

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Eu sou joio, ou eu sou trigo? - Maria Elian

Sejamos como o sol no Reino do Pai.

Os discípulos pedem a Jesus que explique a eles a parábola do joio. E podemos observar que por diversas vezes os discípulos pediam a Jesus explicação sobre o que Ele havia acabado de ensinar. Assim Jesus ensinava e preparava seus discípulos. Após a sua explicação fica mais fácil para nós, faz sentido o significado dos elementos e personagens da parábola, como quem é semeador, o campo, a boa semente, o joio, o inimigo, a colheita, os ceifadores.

Muitas vezes, não entendemos mesmo o significado de uma parábola, e não é vergonha nenhuma pedir uma orientação, ajuda dos nossos padres, podemos buscar conhecimento em estudos bíblicos. Não devemos simplesmente ouvir a palavra por ouvir. Devemos sempre nos perguntar: O que o evangelho diz pra mim, agora, hoje? Quando estamos envolvidos, amadurecidos na fé, sempre queremos aprender mais, viver nossa fé tendo como orientação a Palavra de Jesus. É sempre importante antes de fazermos a leitura da bíblia, nos prepararmos, pedir em oração que o Espírito Santo nos dê o discernimento para melhor entendermos, compreendermos a palavra, e qual a mensagem que recebo hoje para minha vida, para o meu caminhar.

Não podemos usar A Palavra, o evangelho de hoje para assustar as pessoas. Não devemos temer uma Palavra, que é Palavra de salvação. Jesus veio abrir nossos olhos, não para nos oprimir com sua mensagem. Mas Ele sempre nos alerta quanto aos perigos do mundo, as perseguições, quanto ao joio que teima em querer um espaço em nosso coração. O joio e o trigo, o bem e o mal, estão juntos, misturados no mundo. Ser trigo ou joio, é opção de cada um. Na colheita final eu quero fazer parte do campo de Deus? Hoje na minha vida domina o joio ou o trigo? Então pensando no nosso futuro, no dia da separação do joio e do trigo, fiquemos atentos, vigilantes em oração, fortalecendo nossa fé, e sejamos praticantes do bem, do amor, da misericórdia, pois "a cada um será dado segundo as suas obras". Tenhamos a certeza que Deus em sua infinita misericórdia, deseja que todos resplandeçamos como o sol em Seu Reino.

um abraço a todos.

Elian

Oração:

Senhor. Conduza-me pelos caminhos da justiça, que são os caminhos do Reino, sem me deixar desviar do rumo certo.

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O trigo e joio - Fr. José Luís Queimado


Quem são as sementes: trigo e joio?

Então Jesus deixou a multidão e voltou para casa. Os discípulos chegaram perto dele e perguntaram:

- Conte para nós o que quer dizer a parábola do joio.

Jesus respondeu:

- Quem semeia as sementes boas é o Filho do Homem. O terreno é o mundo. As sementes boas são as pessoas que pertencem ao Reino; e o joio, as que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeia o joio é o próprio Diabo. A colheita é o fim dos tempos, e os que fazem a colheita são os anjos. Assim como o joio é ajuntado e jogado no fogo, assim também será no fim dos tempos. O Filho do Homem mandará os seus anjos, e eles ajuntarão e tirarão do seu Reino todos os que fazem com que os outros pequem e também todos os que praticam o mal. Depois os anjos jogarão essas pessoas na fornalha de fogo, onde vão chorar e ranger os dentes de desespero. Então o povo de Deus brilhará como o sol no Reino do seu Pai. Se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

DEUS QUER QUE O AMEMOS!

Como sabemos, esta perícope é uma explicação dos versículos anteriores, em que Jesus conta uma parábola. Se estivermos bem lembrados, no Evangelho de ontem, falamos sobre a clareza nas pregações de Jesus, ao contar historinhas pedagógicas (parábolas). Entretanto, em algumas afirmações de Mateus, podemos ver que o sentido de Jesus contar parábolas era para que as pessoas ouvissem e não compreendessem. Não há uma contradição aí?

Bem, é certo que as parábolas de Jesus eram bem compreensíveis aos ouvidos da multidão que seguia Jesus, mas o evangelista salienta que muitos chefes de Israel não aceitavam o modo de falar do Mestre, e, por isso, eles ouviam as comparações de Jesus, mas recusavam-se a compreender, a assimilar.

O joio, uma planta considerada daninha para as plantações, confunde-se com o trigo, na sua primeira fase de crescimento. E Jesus usa essa comparação para alertar os seus ouvintes da importância de estar sempre atento às investidas impiedosas que o mundo oferece. O Mestre sabia que os seus seguidores eram vulneráveis, medrosos e, ao mesmo tempo, esperançosos. Sabia, também, que muitos iriam lutar para convencer os discípulos de que estavam seguindo a pessoa errada. Por isso ele conta essa parábola, para advertir os seus discípulos de que muitos obstáculos estavam esperando por eles.

Jesus ameaça aqueles que querem destruir o seu projeto, mas é uma ameaça para dissuadi-los de levar a cabo tais atos. Jesus não quer ser vingativo, nem castigador, mas quer ter o maior número possível de seguidores que creiam num Deus capaz de amar incondicionalmente, sem nada em troca: sem sacrifício, sem promessas, sem aniquilação da pessoa humana. Um Amor que assusta!

Muitos pregadores só usam a última parte dessa passagem para assustar e alienar os fiéis. Tiram a passagem de seu contexto para ameaçar as pessoas, para amedrontá-las e, consequentemente, para dominá-las, assim fica mais fácil tirar delas tudo o que quiserem. Os crentes em Deus devem ficar atentos: Jesus nos apresenta um Deus de Amor, puro Amor. Agora, um Deus-Amor mata e destrói? Um Deus-Amor toma todo o dinheiro do pobre? Um Deus-Amor exclui muitos de seus filhos, para favorecer apenas aqueles que pagam o dízimo? Pensemos nisso. E essa não é uma crítica a uma ou outra religião, mas a todas as religiões que usam a bíblia para oprimir e explorar!

A última parte dessa explicação parabólica deve ser posta em seu contexto. Os evangelistas viveram quando Jesus já havia morrido e ressuscitado. Havia algumas perseguições aos novos cristãos, e por isso a ameaça é posta no final do discurso de Jesus para dar esperanças a esses fiéis perseguidos: pois haverá uma recompensa para aqueles que permanecerem inabaláveis diante das perseguições!

Amemos sem querer nada em troca! Deus prefere que nós o amemos, e não que o temamos, amedrontados em um cantinho qualquer! Nós mesmos devemos extirpar (arrancar pela raiz) o joio de nossos corações, e é esse o objetivo da vinda de Jesus em nosso meio!

Fr. José Luís Queimado, CSsR (jlqueimado@ig.com.br)

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O JOIO NO TRIGO - Vera Lúcia

Deixai crescer um e outro até a colheita!

Não Arranqueis o joio!

Não arranqueis o joio! Pode acontecer que arranqueis também o trigo. Nesta parábola do joio e do trigo, Jesus nos explica por que existem pessoas más e tanta maldade no mundo. Não é obra dele, e sim do maligno.
E ele nos orienta como agir. Não se trata de destruir os maus, mas de conviver junto, porque assim quem sabe eles se convertem e se tornam bons.
Como Deus é bom! Chega a arriscar a vida dos seus, para salvar os seus inimigos.
Alguns dizem, ao ver tanta maldade no mundo: "Será que Deus não está vendo?" Está vendo sim. Só que ele não é cruel como nós, que queremos logo destruir os adversários.
Quantos inocentes sofrem, porque as pessoas se julgam logo com a razão e nem querem dialogar e esclarecer os fatos e as motivações!
O profeta Jonas queria destruir Nínive, mas Deus deu uma chance para a cidade e ela se converteu. No fim do livro, com a história da mamoneira, fica claro que Jonas é que era preconceituoso. Veja a irritação de Jonas, quando viu o povo convertido: "Ah, Senhor! Não era isso mesmo o que eu dizia quando estava na minha terra? Foi por isso que eu corri, tentando fugir para Társis, pois eu sabia que é um Deus bondoso demais, sentimental, lerdo para ficar com raiva, de muita misericórdia e tolerante com a injustiça" (Jn 4,2).
Um dia, um povoado de samaritanos não quis hospedar Jesus e os Apóstolos, porque estavam indo para Jerusalém. Tiago e João disseram a Jesus: "Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu, para que os destrua?" (Lc 9,54). Jesus os repreendeu. A partir daí, os colegas começaram a chamar os dois de "boanerges", que significa "filho do trovão".
Nós não queremos ser filhos do trovão com os maus, mas também deixá-los continuar fazendo o mal. "Irmãos, praticai o bem, e não vos deixeis levar pelo mal" (SP).
Era assim que Jesus agia, conforme disse S. Mateus: "Ele não quebrará o caniço rachado, nem apagará a mecha que ainda fumega" (Mt 12,20). A diferença entre Comunidade e seita é que a seita se isola dos maus, enquanto a Comunidade é aberta, ela se mistura como o fermento, cuja parábola está também no Evangelho de hoje.
Todas as pessoas tem um fundo bom, que é a parte criada por Deus. É para esse fundo bom que devemos olhar, para amar os maus. "Enquanto todos dormiam veio o inimigo..." Queremos ser bom fermento no mundo, para transformá-lo. "Não temas as trevas, se trazes dentro de ti a luz."
E Jesus termina com uma frase muito bonita e consoladora: "Então, os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai".
Queremos agradecer a Deus a paciência que tem conosco, não nos arrancando quando somos joio. Porque, diante dele, ninguém é santo nem justo, todos somos pecadores e não merecemos o seu amor.
Sândalo é uma planta aromática e medicinal. À medida que o machado a corta, ela vai exalando mais e mais seu aroma, perfumando até mesmo a ferramenta que a fere. Por isso o sândalo é metáfora do ser cristão, que paga o mal com o bem. Os mártires nos deram esse belíssimo exemplo. Por exemplo, Santa Maria Goretti.
Nós queremos dar testemunho a todos, também aos maus, convidando-os à conversão. Que Maria Santíssima nos ajude!
Não arranqueis o joio! Pode acontecer que arranqueis também o trigo.

Vera Lúcia

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A PARÁBOLA DO JOIO E DO TRIGO

Os discípulos queriam mais. Estavam altamente interessados em entender e se aprofundar na palavra de Deus. Por isso pediram a Jesus para que explicasse melhor o significado da parábola do joio e do trigo.

Prezados irmãos, nós que também somos trigo, que também somos discípulos escolhidos para explicar a palavra de Deus ao mundo, precisamos ir além. Precisamos estudar mais a interpretação da palavra de Deus. Lendo o Catecismo da Igreja Católica, conectando ou sintonizando o canal da CANÇÃO NOVA, lendo os livros que explicam os Evangelhos, participando de cursos de escola da fé, ou mesmo cursando faculdade de Teologia. Não podemos nos contentar e nos acomodar com o pouco que sabemos. Precisamos saber mais e para isso precisamos estudar sempre.

Por outro lado, é importante repetir aqui, o que já escrevemos em outras reflexões. Temos de tomar cuidado para não nos tornar cristãos teóricos do tipo que sabe muito mais pratica pouco. "Faça o que eu mando mais não faça o que eu faço". A palavra de Deus tem de ser estudada, e acima de tudo praticada e vivida. É preciso rezar, beber da fonte de água viva que é Cristo na Eucaristia constantemente, para que possamos estar sintonizados com o Espírito que nos inspira na evangelização, e nos dá força para praticar aquilo que ensinamos. Essa Super Força que nos vem do Alto é indispensável para que nos desvencilhamos do maligno que não se cansa de semear o joio em nossas mentes, com o objetivo de nos arrastar para os caminhos tortuosos, até que um dia " O Filho do Homem enviará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; e depois os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai."

Que assim realmente seja!

Sal.

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